quinta-feira, 31 de maio de 2012

Nua



Aproveitando o ensejo de uma exposição que está aqui no Centro de São Paulo – Corpos Presentes (muito boa), onde algumas esculturas estão despidas, e essa questão chegou a me incomodar, apesar de ser arte. Tenho uma coisinha minha pra contar. Não chega á ser um segredo, mas talvez um costume.
Eu nunca durmo sem roupa. É isso. Nunca durmo despida, pelada, nua. Durmo de pijama, meia e até de sutiã. É extremamente desconfortável pra mim ficar sem nada. Me sinto invadida, desprotegida, observada, constrangida, abandonada, vulnerável.
Enfim, não é natural.
Como tenho o louco costume, assim como Freud de associar fatos á reações psicológicas pensei! Porque é tão estranho, anormal e desconfortável dormir nua? Sentir-se nua?
Me propus: Dormir forçosamente algumas noites nua.
Minha parte sã logo gritou: “Ei não dá pra fazer essa brincadeira no verão?!!!!” Mas minha parte insana foi logo tirando a roupa.
Na primeira noite, não dormi. Nada. Fiquei imóvel um pouco, depois me mexi e me remexi, tive frio, calor, fiquei ansiosa, me senti muito estranha. Tentei reconhecer cada sensação.
Na segunda noite, dormi. Pouco. Mas no meio da noite tive vontade de ir ao banheiro. Lógico que a minha parte sã gritou e xingou novamente: “Tá vendo! que idéinha ridícula essa de dormir sem roupa, como você vai ao banheiro agora e no frio???!” Me enrolei no edredon e fui.
Na terceira noite, dormi. A noite toda. Talvez de exausta. Acordei tranqüila, mas tão logo notei a falta da roupa fiquei paranóica. Totalmente introspectiva e desconcertada.
Isso acontece com você? Esse incômodo de estar nu de tudo?
Eu falo, faço e aconteço, mas vestida. Vestida e acompanhada.
Todas as noites dormir nua foi inconveniente.  E entendi o porquê.
Porque nua sou só eu. Eu e meus defeitos, eu e minhas linhas retas, eu e as minhas pintas espalhadas pelo corpo, eu e meu comportamento torto, eu e minhas qualidades que insisto em não ver, eu e minhas escolhas confusas.
Só eu. Sem disfarce, sem badulaques, sem modismos, sem toda alegoria cintilante que me faz ir pra avenida todos os dias fazer o meu carnaval.
Eu sei que a alegoria e o brilho ajudam a ganhar o carnaval. Mas estar nua, sentir-se nua é importante, te faz maior, majestade e não mais pequena nas mesmices. É nua que as coisas fazem sentido.
Ir pra avenida sozinha, é real demais, não tem efeito. Mas precisa ser feito assim no momento.
Estar nua de sentimentos, de lamentos, de reação, de medos, de lembranças.
Sentir-se nua de vontades, de gostar, de querer, de pedir, de insistir.
Eu estou assim nesse momento. Nua e crua como a verdade.
E estou gostando mais dessa verdade, essa mesma que está na cara, que bate de frente.
Eu quero ficar assim um tempo.  Até me acostumar comigo sem nada, sem coisa alguma, sem ninguém. Agora eu só quero estar nua.
Quero essa nudez plena e absoluta em cada parte de mim, e do meu querer.
Quero me sentir e me vestir bem devagar. Muito lentamente. Sem nenhuma pressa.
Só de coisas boas. Só de bem pouco.
“Nós mulheres inteligentes com o passar dos anos carecemos de bem pouco. E só do bom e do melhor” (Ines de La Fressange).
Me vestir do que faz meus olhos brilharem, meu coração bater sem ritmo, minha boca calar. Me vestir de dentro pra fora, e não contrário. Quero que seja gostoso, completo.
Quero me vestir de quase nada. Eu sei que não se vai á muitos lugares sem roupa, sem artefatos, sem ninguém, sem desculpas. Mas se chega bem perto de si mesmo. Quero me desfazer de toda culpa que está nas minhas costas. Quero parir essa mulher despida de necessidades fúteis e sem sentido.
E eu estou assim, cara á cara comigo mesma. Não é simples, não é confortável confesso, mas é necessário, essencial pra entender as coisas á sua volta.
Bom, é isso agora vou apagar a luz. Boa noite.
Opa! Esqueci preciso tirar a roupa pra dormir. Hoje é a última noite da “vivência” de dormir sem roupa, mesmo porque até minha parte insana pega gripe com esse frio.
quinta-feira, 24 de maio de 2012

Um Padre no meu caminho


Toda vez que vou para o interior de São Paulo á trabalho é uma aventura á parte. Sempre vivo histórias divertidas.
Essa semana em Araçatuba não foi diferente. Apesar de profundamente apática para ir á qualquer lugar, o compromisso com o meu ofício me obrigou a entrar no ônibus e seguir.
Fiquei hospedada num retiro de padres. Providencial eu diria. Realmente estou precisando de silêncio e reflexão. Fiquei num quarto sozinha. Aproveitei pra ler, escrever e pensar.
Depois de um dia, já tinha lido, escrito e pensado, agora queria falar! Andei nas mediações e logo fiz uma breve amizade com o Padre Fernando.
Uma grata surpresa ser amiga de um padre. Ele me chamou atenção primeiro não vou negar, pela beleza. Quando ele falou que era padre, pensei "meu Deus, foi sem inteção! me perdoa!". Padre Fernando tem um sorriso aberto, os olhos azuis como de Jesus, um corpo de atleta e é muito simpático. Depois da conversa, vi que a beleza também vinha da certeza do caminho reto, da segurança do que ele quer pra si. Tem 31 anos e me disse que não fez a escolha foi escolhido por Deus. Que pra ele não foi difícil e nem é ser padre. Foi um chamado! Conversamos nos outros dias no mesmo horário, caminhando e falando. Foi tanta paz, tanta convicção juntas, que morri de inveja!
Falei pra ele:“Padre que inveja! do seu espírito livre! da sua vontade certa, do caminho que você segue sem receio, sem dúvidas. Que delícia ser simples, viver na simplicidade de existir”.
Ele sorriu com o meu comentário e disse:“Você é uma moça muito espirituosa, inteligente, forte. Seus olhos, seu sorriso mostram que você sabe o que quer, só não tem coragem de assumir, porque escolher é abrir mão de todo o resto.”
Claro que não encarei isso como uma cantada! Ele é um Padre!
Pensei...será que ele está certo? Será que eu sei o que eu quero e fico fingindo que não sei?? Porque o conflito faz parte da minha alma??!! Porque sofrer por amor é uma dízima periódica? Repete-se sempre, e sempre, e sempre. Como o amor é na sua vida?
Falei de mim como em confissão, sem muitas ressalvas, de peito aberto. Ele escutou como padre, fez observações, e deu conselhos como amigo.
Perguntei muito também.“Você come pizza? Você vê novela? Você tem vontade de beijar na boca?” Foram tantas perguntas que teve um momento que ele falou:“Você é sempre assim curiosa e atrevida?!” Fiquei sem jeito, pedi desculpas. Só na minha cabeça fazer essas perguntas e achar que um padre, não era um homem, mas um avatar. Totalmente louca.
Ele disse:“Não peça desculpas, ser curiosa, ser atrevida são qualidades. Você deve ser assim com tudo, porque isso irá te fazer descobrir coisas, e escolher o que quer. Quem não experimenta não conhece e não vive a certeza da escolha, além do mais, moça bonita não fica sozinha nem em novela mexicana!rs mas tem que viver, experimentar e escolher”.
Gente! Ele não é lindo! (com todo respeito). Como pode alguém com 31 anos ser assim tão bem resolvido?! Isso com certeza é espiritual.
Nossa amizade durou bem pouco. Eu sei que provavelmente não vou mais ver o Padre Fernando. Pena. É bom ter gente tranqüila, de espírito leve por perto. Isso acalma os medos, a ansiedade.
A noite no meu quarto rezei e agradeci mais uma vez esse cuidado divino que Deus me mandou. Pedi também. Pedi que a minha vontade seja sem macula, sem medo, sem vergonha, e que a certeza do caminho possa ser tão forte como um CHAMADO! Eu quero isso. Quero até matematicamente falando, com a exatidão de 2 + 2 = 4.
Das coisas que conversamos ficou muito. Ficou a certeza que o melhor ainda está por vir, que nada, nem uma folha cai no chão sem o consentimento de Deus, que as nossas escolhas trazem conseqüências doloridas, mas que o amor é maior sempre! E se é amor, O AMOR vencerá! Parece um pouco de auto ajuda.
E daí?! Dane-se! Se ajuda, se coloca pra cima, se faz seguir, qual o problema de se auto ajudar?!  Bobagem é ficar cheio de coisas negativas em volta, deixando isso te deixar pior.
O Padre Fernando na nossa última conversa me deu um abraço de amigo, de carinho e disse: “Moça acalma seu coração!”
Tomei um susto! E disse:“Eu já ouvi isso esse mês! Foi Chico (Rio São Francisco) que me disse a mesma coisa”.
Ele abriu um sorriso lindo e terminou:“O Chico também é meu amigo e mandou eu reforçar o conselho”. Rimos, eu e ele cúmplices.
Ainda estou por aqui, logo volto a minha rotina louca de São Paulo (terra que amo), ao meu canto. Não sei se de coração mais calmo, mas com certeza volto cheia de alegria por saber que tem gente, rio, céu e terra... que me amam! E isso é bom demais da gente saber.
quinta-feira, 17 de maio de 2012

Pode ser Pepsi?



Todo mundo conhece essa propaganda onde uma pessoa pede para o garçom um refrigerante e o garçom diz: “Não tem. Pode ser Pepsi?!”
A pessoa sempre responde: “Pode, pode ser.”
No popular é o antigo quem não tem cão, caça com gato.
Pois é, essa semana parei pra pensar nisso. Viver uma fase Pepsi pode não ser ruim, ao contrário pode ser bom, muito bom, como eles mesmos dizem.
Se você não está com quem gostaria, fazendo o que queria, se o carro não é o mais bacana, se o trabalho não está muito motivador, se a viagem dos sonhos ainda não aconteceu...olha pro lado e veja o que está disponível, bem ali na mão, fácinho e pega. Agarra com as duas mãos.
Por que complicar? Por que achar que se não está tudo exatamente como a gente gostaria não está bom?  Isso é coisa de gente mimadinha!
Não estou falando de se acostumar com o comodismo, e nem tornar o provisório definitivo.
Mas, sim de viver aquele plano B que está engavetado. 
Eu já tive épocas na minha vida que nem tudo estava 100%, mil maravilhas. Ás vezes a grana estava curta, outras o emocional estava mais ou menos, mas sempre me diverti.
Sempre botei minha sandália e fui sambar! Ri das minhas carências, fiz graça da minha tristeza.
Fui ver o que a vida tinha á me oferecer.  E como foi bom ter uma atitude positiva.
Conheci pessoas, fiz muitos amigos, confiei em estranhos e me surpreendi positivamente, e acima de tudo acreditei na vida.
Andei por lugares que não teria ido se tudo tivesse dado totalmente certo com todos os brilhos e as purpurinas que eu queria.
O supostamente “deu errado”, foi importante, valeu muita experiência.
Não penso muito nesse plano B, no futuro. Deixo as coisas acontecerem. Eu quero coisas no futuro como qualquer um. Quero saúde, algum conforto, ter amigos, um amor pra ser cúmplice, quero que meu filho seja um adulto feliz.
Mas não guardo dinheiro (um erro), não penso quando eu for uma senhora. Mesmo porque morro de medo de envelhecer. Custa pra mim fazer uma prospecção de como estará a minha vida daqui há 10 anos.
No máximo penso que os 40 anos estão próximos, e que mudanças internas e externas acontecerão. É cósmico e cíclico.
Os próximos dois anos serão de limpeza. Coisas chegarão e outras se vão de vez.
Com 40 anos todos perguntam o que realmente se quer, o que de fato é importante, com quem queremos estar.
Tem gente que passa por isso ileso e continua a vida. Outros vivem a crise dos 40 anos e sofrem porque perdem o chão, e tem gente que muda radicalmente e todo mundo acha que pirou ou está usando drogas.
No fundo isso é só parte da história de cada um, faz parte do processo, e acontece no meio do caminho mesmo.
Por isso que durante um tempo na vida você até pode se dar ao luxo de só querer viver a fase Coca-cola, mas com o tempo se você for sábio tipo Gandhi,vai tirar proveito da fase Coca-cola e da fase Pepsi.
No meio do caminho se você parar na estrada e ficar chorando, perde a carona e a chance de viver um improvável que pode ser muito bom.
Se a coisa não está essa Coca-cola toda, momentaneamente vai de PEPSI!
E se alguém me perguntar hoje pode ser Pepsi?
Eu respondo: “Pode ser Pepsi! Pode ser beijo, carinho, abraço, chamego, risada, jantar, vinho, conversa, amigo, perto, junto, quieto, calmo, agitado, suado, molhado, colorido, pode ser uma noite ou várias, pode ser quente, pelando, cama, chão, céu, pode ser bom, muito bom, diferente, envolvente, pode ser uma história ou só momento, pra dentro, pra fora, estranho, louco, divertido, rápido, bem devagar, pode ser sonho, mentira, realidade, saudade, pode ser corpo, alma e coração, pode ser comigo, contigo e agora, é só deixar, é só querer”. 
quinta-feira, 10 de maio de 2012

Da conversa que a gente não teve



Da conversa que a gente não teve, eu teria dito:
Ei olha pra mim, eu sei que você tá chateado, magoado, eu sei que a ferida tá grande. Você tá certo. O erro foi meu, a culpa foi minha.
Nunca pensei que eu pudesse ir tão longe. Nunca pensei que fosse tão cega. Nunca pensei que suas palavras, seu jeito, seu gosto pudessem ser amor.
A coisa foi andando, crescendo e eu gostando. Mas eu não queria, não deixava em alguns momentos. Porque eu não achava justo amar de novo, e de novo perder e de novo ter que esquecer.
Ironia. Cresceu, perdi e ainda não resolvi esquecer.
Viu é só pra você saber que das coisas que ficam isso tudo tá ficando na alma, na lembrança, no corpo e no coração.
Das inúmeras conversas duras que a gente teve, ainda escuto sua sabedoria de menino.
Só pra dizer que aprendi muito sim. De Cinema, de música, de vida, de propaganda, de literatura, de brigadeiro, de cama, mas aprendi ainda mais, que meus pequenos medos me destroem quando permito. E eu permito sempre.
Eu sei a gente é muito diferente mesmo. Mas fazer o quê? se eu gosto da sua altura, do seu óculos, do seu cheiro de gente limpa, de ver você demorando 15 minutos pra escovar os dentes. Fazer o quê? se eu sou toda social e você socialmente na sua. Fazer o quê? se a gente junto se entendia e se divertia e que a sua presença acalmava meu nervoso sem sentido.
Eu sei a gente é bem diferente. Mas a minha praia, sol, loucura, foi perdendo espaço pra sua sombra, pra sua pele branquinha, pro seu espírito sóbrio.
Eu sei que bebo mais que você, que falo mais que você, que durmo mais que você. Mas eu gostava quando você me ouvia, e eu podia chorar.
Claro que 11 anos é muita diferença também. Mas nunca foi. Porque eu sempre fui a menina e você o senhor da relação.
Eu sei sou bem distraída e você super atento.
Eu sei que toda modernidade e tecnologia que te cercam, me fazem bem fora do contexto, mas tô usando bastante o HD que você me deu de aniversário, e hoje tenho até um blog que você ajudou a criar.
Eu sei que muitas vezes eu testei sua paciência, que te provoquei  com o meu descaso, mas todas ás vezes me arrependia imediatamente quando você me beijava e eu sentia aquele frio na  espinha.
Eu sei que a sua disciplina, seu jeito organizado me incomodavam um pouco, porque me mostravam como sou relaxada com algumas coisas.
É verdade que quando a gente assistiu “minhas tardes com Margueritte” eu chorei quando eles dividiram o sanduíche e você achou patético. Essa sou eu, e esse é você.
Dos filmes todos, sempre gostei dos que tinham o final feliz, e você não. Adorava nosso jeito de discordar porque tinha sua beleza.
Eu sou mais colorida e você bem preto e branco. Mas as minhas cores primárias se misturavam bem contigo e muitas vezes a gente foi uma aquarela.
Falei desnecessariamente e compulsivamente sobre o passado, mas se te consola saber hoje falo de ti.
No meu Ipod tá cheio de músicas que você me mostrou, mas ir pra beira da cama escutando Mumford & Sons, só com você.
Quando a gente se conheceu você esbarrou em mim de propósito e de propósito eu me apaixonei pelo seu cartão de apresentação. Esse mesmo que agora você deve tá distribuindo por ai.
Das 2625 mensagens guardadas no meu celular, pelo menos 2543 são suas me dizendo “não esquece seu remédio. Te adoro Pequena. Saudades, vontades e afins.”
Eu entendo o ciúme é bom e natural. O nosso também era carinho, cuidado e ciúme mesmo.
Você sabe que tem umas coisas suas lá em casa, mas honestamente não gostaria de devolver.
Eu sei que essa conversa era pra ser um diálogo civilizado, mas virou um monólogo desesperado na intenção de chamar a sua atenção.
Eu li todos os seus microcontos. E todos são muito você, tudo bem sucinto e que diz tudo. Mas de tudo que escreveu a coisa mais linda foi “das pessoas que passam na minha vida eu só quero que você fique” porque foi pra mim.
Eu nunca escrevi assim, aqui e descaradamente sobre você. Mas desculpa hoje a minha vontade de SENTIR foi crônica.
domingo, 6 de maio de 2012

Falando com Chico



Hoje naveguei pela Foz do Rio São Francisco. Quando notei ele também navegava em mim.
Uma experiência singular, única, e pura.
Fiquei muda diante da imensidão, das dúvidas, do caminho.
Fui ficando cada vez mais introspectiva, como ele. Queria falar com Chico, ouvir o que ele tinha á me dizer. Suas histórias, seus segredos.
Por um tempo Chico foi quieto também. Pra me sentir, pra me conhecer e me entender. Me senti minúscula! É muita grandeza.
Chico é assim imenso. Cheio de energia, suas águas são calmas, mas fortes, seu movimento leve. Chico não pretende mudar nada, só seguir.
Ele não quer afogar ninguém, só conduzir.
Essa é a diferença do mar e do rio. A diferença das pessoas que cruzam nosso caminho, nossa história de vida.
Essa sou eu. Um pouco rio, um pouco mar. A minha parte rio é calma, centrada, madura, só quer seguir. Mas minha parte mar é inquieta, inconstante, menina, quer sempre mudar. Por isso é vulnerável, volúvel.
Chico me disse coisas, porque eu perguntei.
Chico é matuto, maduro, velho sábio, só fala  quando quer ser ouvido. E com certeza não é pra todo mundo que Chico tem algo á dizer.
São seus segredos, seus tesouros, respostas submersas nas suas águas.
O passeio foi seguindo. Eu entrei no rio. Fiquei pouco. O rio me batizou.
Perguntei pra ele: - Qual era o meu caminho? Qual era o caminho certo? O do coração? O da razão? Porque é tão difícil encontrar o equilíbrio dessas águas?
Chico respondeu:  - " Moça segue! deixa fluir! Acalma seu coração, aquieta sua alma, quando você menos esperar o seu rio e seu mar vão se encontrar".
Mais um pouco se deu o encontro das águas do rio São Francisco e do Mar. Os dois se abraçaram como grandes amigos que sempre são amáveis quando se encontram. 
Foi lindo!
Eu não disse nada. Não havia nada á dizer.
Agradeci em silêncio, porque o silêncio também é uma forma de oração.
Do Chico estou levando muito. Experiência, beleza, luz...
E com ele deixei um pouco de mim. Na verdade só o meu medo.
Desci do catamaram encantada, cheia de energia,  poder, luz, cheia do Chico...meu velho e grande amigo.

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Marcela Moretto

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