quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Projeto Marcela 2015


Está na moda ter um projeto. É só observar a sua volta e notar que existem muitos. Projeto Carol Buffara é um deles. E quem é essa moça? Do que se trata o seu projeto? 
Eu não conheço quase nada da Carol Buffara, sei apenas, que ela é uma jovem carioca, que através do seu projeto divulga uma vida 100% saudável. Ser 100% saudável também está na moda. Ela tem um blog, um livro, da palestras. Enfim, adotou um estilo de vida e compartilha com outras pessoas, as quais se inspiram nela.
Início de ano costumamos fazer planos, traçar metas, objetivos, é comum tentar dar alguma diretriz para o futuro próximo. Ainda que no balanço final de cada ano anterior, não tenhamos cumprido algumas coisas, isso não nos impede de novamente no ano seguinte fazer uma nova lista com prováveis metas antigas. 
A gente faz uma reciclagem e fazemos uma nova lista as vezes com as mesmas metas.
Pensando assim e nessa onda de projeto, eu determinei que 2015 não vou ter metas, planos e objetivos. Mas, sim um projeto meu.
Veja ter um projeto é diferente de ter meta. Meta é uma coisa mais a curto prazo, uma coisa mais anual mesmo e projeto é algo mais a longo prazo, algo mais pra sempre entende?!
Eu decidi que em 2015 vou dar início ao projeto Marcela 2015.
Quero estabelecer algumas coisas simples mas, que tornem-se permanentes na minha vida.
Estou com muitas ideias e todas meio desordenadas, mas, assim que der o "start" no ano, pretendo organizar tudo.
Claro, que estou considerando que ano que vem vou ser mãe novamente, e se tem uma coisa que estará presente no meu projeto é cuidar da minha filha, ou melhor dos meus filhos.
Vai ser uma loucura! Porque o Arthur estará com 16 anos e a Luana com meses. Universos totalmente diferentes, ansiedades opostas. Enquanto ela vai precisar de mim para tudo e me querer por perto, ele vai querer espaço e autonomia.
Nesse projeto Marcela 2015, definitivamente está ser mais disciplinada. Pra mim isso não será fácil. Porque sou meio "deixa a vida me levar". E ter disciplina envolve rotina mesmo, com horários determinados, atividades definidas diariamente, uma vida mais planejada. Se por um lado parece meio automático e sacal e até menos romântico, por outro tenho visto que quanto mais conseguimos nos organizar e ser disciplinados com tudo, mais tempo temos e menos estress também.
Não dá para impedir um possível aborrecimento e fatores externos que influenciam o dia à dia, mas, dá pra gerenciar resultado.
Para 2015 quero um bom resultado. 
Não posso me queixar, ano passado e esse ano foram anos de bons resultados. Principalmente emocionalmente falando. Agreguei pessoas, sentimentos, minha vida mudou muito de um ano e meio pra cá.
Se antes eu tinha uma vida boa, solta e feliz, agora tenho uma vida mais compromissada e muito mais feliz pelo que tenho e pelas pessoas que eu tenho comigo.      
Não estava nas minhas metas de nenhum desses anos anteriores ter uma mudança tão grande assim. Pela idade, pelo andar da carruagem, era meio "isso não vai acontecer". Mas, para minha sorte tudo isso estava no projeto da minha vida. E eu nunca duvidei.
Sem nenhum apelo religioso e não querendo parecer uma pastora, mas, com base na minha história, dou meu testemunho. Eu falo que você pode e deve ter metas, isso é bom! Mas, realmente a vida tem um projeto só seu! Um grande projeto pra você. Com seu DNA, personalizado com suas digitais e tipo sanguíneo. E nada, nada, e nada tem o poder de mudar isso. Mas, você precisa assinar esse projeto. Colocar seu nome nele.
Você pode ter suas metas, e já disse isso é bom, mas, não esqueça do seu projeto.
Não engavete ele numa cômoda qualquer até ele ficar amarelado e cheirando a mofo.
Olhe, respire, deseje seu projeto todos os dias!
Não se afaste do que você quer, mesmo que o mundo imprima em outdoor "isso não vai acontecer". Seu projeto já está acontecendo, as vezes em silêncio, as vezes lentamente, as vezes aos tropeços, mas, ele já está acontecendo.
Acho que é isso que eu desejo para as pessoas em 2015... menos metas, mais projetos!
Projetos afetivos, projetos profissionais, projetos de vida!
Quando vamos construir uma casa pensamos nos detalhes, em tudo que queremos, em tudo que vai ser funcional, bonito e que nos agrada. E um arquiteto materializa isso num projeto. Seja o arquiteto, materialize!
Usando esse conceito, comece a construir um grande projeto em 2015.
Talvez você já esteja trabalhando nele há algum tempo, e se isso procede, continue! Vá em frente, porque o resultado vem.
Vem no dia à dia, vem na saúde, vem na conta bancária, vem nas relações.
O que eu desejo para 2015? Um grande projeto!
Um grande projeto pessoal e especial pra todo nós! Com a nossa assinatura, nosso nome. 
  
quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Estou jogando. E você?


Dia desses vi um anúncio de esporte que dizia: A vida é um jogo. Mesmo não sendo a primeira vez que eu me deparei com tal afirmação e jargão, dessa vez pensei a respeito.
Comparando a vida com um jogo, seja ele qual for, estamos aqui pra jogar e ganhar. Nos preparamos pra isso, desejamos isso, lutamos por isso.
As vezes jogamos sozinhos, as vezes jogamos com uma equipe, mas, jogamos.
E aí está a questão. Não estamos aqui pra buscar a bolinha. Usando o tênis como referência, no tênis existem 2 jogadores adversários e quem pega a bolinha. Não desmerecendo o catador de bolinha, mas, trazendo para a questão em si, é isso mesmo.
Ninguém quer pegar a bolinha. Até existem momentos da vida que a gente pega a bolinha, porque precisamos aprender, observar, mas, no fundo estamos loucos pra jogar.
No entanto, tenho visto tanta gente pegando a bolinha por aí. Explico.
Quando você diariamente lamenta coisas sem nada fazer pra mudar, você está pegando a bolinha. Quando você vive lá no passado e deixa de viver o bom presente, você está pegando a bolinha. Quando você deixa de ser você, quando você deixa de acreditar nos seus projetos, quando você dúvida da vida, quando você se contenta com migalhas afetivas, quando você vive só por dinheiro, quando você se importa mais com o outro do que consigo mesmo... em todas essas situações você está só pegando a bolinha e não jogando o jogo.
Eu poderia citar inúmeras maneiras de pegar a bolinha, mas, prefiro me ater ao jogo.
Jogar o jogo é tão mais intenso, complexo.Quando você joga o jogo, você sai da superficialidade, ou você afunda, ou você pega impulso pra respirar. Mas, boiar não está nos planos. Quando você joga o jogo, você sai da zona de conforto, enfrenta as diversidades, encara os desafios mesmo exaurido de forças, mesmo esgotado fisicamente, emocionalmente e mentalmente.
Você reage ao ponto negativo, você ataca, muda de estratégia. Por que?! Porque você está jogando! E quem está jogando não se distraí, não se abala com torcida contra, não se preocupa com o tempo. Quem joga o jogo quer ganhar.
O bom jogador não trapaceia. Trapacear é só uma forma de mostrar seu caráter, sua postura diante da situação. Ganhar limpo é sempre melhor, assim como perder limpo também.
Não falo jogar de forma pejorativa, negativa, como se ao jogar nós não usássemos da verdade, nos tornando frios, calculista, falsos, dissimulados. Não. Jogar o jogo, o bom jogo, é ser o mais verdadeiro e comprometido possível.
Quantas vezes o jogo está difícil e do nada aparece um reforço?! Um aditivo de animo, entusiasmo e aí o jogo muda pro seu lado.
Somos jogadores, adversários uns dos outros tantas vezes, mas, somos na grande maioria uma expectativa enorme de ganhar na vida.
Ganhar a nossa maneira, ao nosso modo, do jeito que planejamos ou não planejamos.
Uma vez reparei em dois meninos brincando com um jogo.O que perdeu, teve um ataque de fúria, chutou o jogo, esbravejou e deixou claro que não sabia perder.
Eu pergunto porque temos que aprender a perder??? Por que não nos ensinam só a ganhar??? Alguns vão dizer porque na vida ora você ganha e ora você perde e saber lidar com a frustração é necessário.
Ok. Mas, por que não podemos ganhar sempre? Respondo: Porque isso nos tornaria pegadores de bolinha. Cada vitória seria obsoleta, e até frustante. Ganhar sempre é muito chato acredite.
Perder pesa muito, custa muito, mas, ensina um bocado.
Ficar no banco por opção, medo, covardia, só observar e não jogar, pode ser uma forma de negligenciar um bom jogo, na verdade abrir mão sem tentar de algo melhor, algo grande. Essa escolha pacífica, traz resultados mornos, como o W.O. É como se você não estivesse ali.
A vida é um jogo dos mais excitantes e também desgastantes. São poucos que saem ilesos, sem se ferir, sem uma cicatriz. E sem tudo isso me pergunto será que teve jogo mesmo???
Olha mais vale um braço quebrado, uma perna ralada, um coração partido, uma cabeça fritando, do que sair imune e infeliz de um jogo.
Claro, que usando a razão muitos não se machucam tanto. Porém, é na emoção que viramos dois! E dois gigantes porque usamos o coração! 
Não ouso me meter no jogo de cada um. Esse é o tipo de coisa que cada um que sabe de si e que de conta depois.
Mas, um apoio pro jogo, um levanta o moral ah! isso eu sempre dou.
Se sua vida anda um jogo sem graça, assim, bestinha, sempre é tempo de mudar a jogada.
Observe suas atitudes, seus pontos de vista, suas companhias, e não a curto prazo, mas, a longo prazo tente prever qual será o resultado desse jogo.
E se não gostar, mude a jogada.
Mesmo nos 45 minutos do segundo tempo, dá tempo de marcar o gol da virada.
Eu vou torcer, vou torcer por esse jogaço que pode mudar tudo sempre a qualquer momento. 
Mas, viver pra pegar a bolinha, desculpa não é comigo.
quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Mãe aos 40


Há 13 anos atrás eu sai numa matéria da revista Cláudia, sobre mães de diversas idades. A matéria entrevistou e fotografou quatro mães e seus filhos.
Na época eu tinha 27 anos e o Arthur 2 anos. O teor da entrevista era saber como foi e era ser mãe naquela idade. Quais os medos, os desafios, os planos para o futuro.
Na entrevista falei que a gravidez não foi planejada. Que o casamento passou por um momento muito difícil após o nascimento do Arthur, mas, que depois as coisas entraram nos eixos. Que os planos para o futuro era fazer pós graduação, seguir em frente, pensar e cuidar de mim.
Bom, dos planos, seguir em frente foi o que se realizou. Com a correria de trabalhar fora, cuidar de casa, do filho e um pouco de mim a pós ficou pra trás.
Quem é mãe sabe que sobra muito pouco tempo para outras coisas. Demora para o bebê ser menos dependente da mãe e dos seus cuidados.
Nesse tempo a vida se escreveu em mim. Foram dias tranquilos com o Arthur, ele sempre foi um bebê calmo e saudável. Ele disse um dia desses que eu dei muita sorte com ele. E concordo com ele, eu dei uma baita sorte mesmo. Ele foi um bebê, um menino e hoje é um adolescente maravilhoso, nunca deu trabalho, dor de cabeça. 
Não dá pra dizer numa entrevista de uma página o que é ser mãe. É muito raso, é muito pouco espaço pra explicar. 
Ser mãe são dessas coisas que precisa sentir na pele pra saber, pra dizer.
A maternidade te rouba um pouco de ser mulher, de se cuidar, de se gostar as vezes, de se ver.
Toda sua atenção, sua preocupação, seu olhar, seu sentir, é do seu filho, é da sua cria.
Ficamos sensíveis mas, meio bicho, meio ariscas, meio meigas, é uma mistura forte de todos os sentimentos. É uma fome de posse, de cuidar, de proteger.
Toda mulher sem exceção torna-se outra mulher após ser mãe.
A transformação do corpo, das atitudes, do sentir de dentro pra fora, começa logo no primeiro segundo que a gente sabe que vai ter um filho.
Tudo muda. São os hormônios, é a mutação mais perfeita, lógica e emocional que existe.
Fora todo medo de falhar, de faltar, sobra a coragem de amar. Amar com todas suas forças, de todos os jeitos e formas. Amar sem limites, sem poréns, sem porquês, sem vírgulas, sem pontos, sem atalhos. Apenas amar.
A minha vida seguiu. Cada dia foi um dia. Me separei, me virei, o Arthur cresceu, aprendi com ele, com meus erros e com as minhas escolhas. Aprendi sendo mãe sozinha, sem babá, sem frescuras.
Sem dúvida hoje sou alguém muito melhor, muito mais eu. Ser mãe aos 27 anos é meio desencanado. Eu não botava peso nas coisas, cuidei, aproveitei a fase sem medo, sem pressão. De algum jeito eu sabia que ia dar tudo certo e deu. Intuição de mãe.
Hoje depois de 15 anos vou ser mãe de novo. Dessa vez a gravidez foi planejada, dessa vez a gravidez me deu um pouco de medo.
Medo de não ter pique, de não saber como se faz, do bebê ter algum problema. Medo de ser mãe com todas essas modernidades de agora.
Foram alguns dias pra ficha cair, para eu aceitar que ia começar de novo, pro medo ir embora.
Mas, mãe é um ser corajoso por natureza e a gente respira e vai. 
Na reportagem da revista Cláudia, a mãe de 40 anos, fez inseminação artificial por dificuldades de engravidar e era mãe de trigêmeas. Imagina a loucura, o gasto, a disposição que precisa ter.
Na entrevista ela se dizia feliz, completa e realizada após a maternidade. Você percebe nas respostas dela, uma mãe mais madura,  mais serena e menos ansiosa mesmo com trigêmeas. 
Hoje é assim que eu vejo essa gestação, mais madura, menos ansiosa.
Não estou comprando tudo que vejo pela frente, não estou pensando no quarto com mil detalhes, não estou alucinada lendo tudo sobre bebê como qualquer mãe de primeira viagem.
E por que? Porque é uma outra viagem. Essa viagem tem lugar marcado e a bagagem hoje é maior.
E isso acalma, isso te faz segura pra todo resto. 
A maternidade aos 40 ou após os 40 está mais acessível, as mulheres estão focando na carreira e depois tendo seus filhos com calma, com planejamento e até com os parceiros certos.
Muitas vezes uma maternidade precoce gera filhos abandonados por seus pais. Abandonados por medo, imaturidade, vergonha, insegurança, dificuldades.
Com 40 anos eu vou ser mãe de novo, agora de uma menina. E se o medo passou e estou toda corajosa pra enfrentar essa gravidez, ser mãe de menina ainda é uma novidade.
Fico pensando como será? Vamos ser amigas? Vamos nos dar bem? Ela vai me amar? Vamos gostar das mesmas coisas?
Está certo eu falei que não estava com medo e nem ansiosa, mas, eu menti oras. Grávida também mente.
Eu não pensava mais que seria mãe e mãe de menina ainda vai ser um grande desafio.
Mas, estou aqui. Vendo o barrigão crescer, vendo meus olhos brilharem por tudo que é rosa e tem laço, vendo minhas energias irem para uma outra mocinha.
Eu quero muito que ela tenha o melhor de mim. Quero que ela seja saudável, leve, feliz, engraçada, de bem com vida e com todos. Quero que ela se pareça com o Arthur e também com o Fernando, o pai dela.
Penso nela 24 horas agora. Penso no rostinho, nas gracinhas, penso em tudo que ela vai passar aqui como mulher. Nessa obsessão por regime, por moda e por ser gostosa de hoje que cada mulher vive. Penso como será o namorado dela. E como vou falar com ela sobre menstruação, pílula e a primeira vez dela.
Ainda faltam uns bons meses, mas, como eu não estou ansiosa e nem com medo eu vou pensando nessas coisas sem parar.
Estar grávida é isso a gente fala uma coisa e sente outra. A gente tem vontade de uma coisa mas, ao mesmo tempo pode enjoar só de olhar.
Estar grávida é a contradição da certeza. Porque a única certeza que a gente tem é que dormir mais um pouco é muito bom.
Eu vou ser mãe aos 40 anos da Luana, e se hoje eu fosse entrevistada por uma revista sobre o que é ser mãe com essa idade, eu diria ainda não sei, mas, otimista que sou aposto todas as minhas fichas que vai ser maravilhoso, muito louco e que eu vou dar conta do recado.
Mas, se cabe um pedido assim despretensioso lá vai: Luana, coopera filha! dorme a noite toda por favor. Te amo desde a barriga. 
quinta-feira, 14 de agosto de 2014

O bem que o bem nos faz


Semana passada fui jantar com meu marido num restaurante, e como restaurante era pequeno as mesas eram bem próximas. Assim foi quase impossível não ouvir a conversa da mesa ao lado.
Sentados na mesa ao lado mãe e filho jantavam e conversaram sobre vários assuntos. Entre os assuntos o filho, um moço jovem, disse para mãe que estava preocupado com a namorada que andava triste.
Disse que os pais da moça estavam desempregados vivendo apenas da aposentadoria, e que apesar dos dois irmãos dela estar trabalhando, a situação estava bem apertada. Ela se sentia um peso para a família, e queria muito arrumar um estágio, mas, no interior as oportunidades estavam cada vez mais difíceis.
Ele ressaltou muitas qualidades da moça, disse que queria ajudá-la pois, era uma pessoa boa, do bem, tinha valores, era esforçada, inteligente e merecia ter uma oportunidade de crescimento.
Disse: "Sabe mãe ela não é uma patricinha que ganha um carro zero e se acha, ela tem o pé no chão, é centrada". 
A mãe escutou e concordou com tudo. Disse que também queria ajudar a moça porque via muitas boas qualidades nela. 
A mãe sugeriu: "Fala pra ela vir para São Paulo, ela pode morar junto comigo sem nenhum custo, tenho dois quartos desocupados, o apartamento é grande, eu não vou poder dar muita atenção porque eu saio cedo e volto tarde, mas, aqui ela pode ter mais chances de arrumar alguma coisa".
Ele disse: "Obrigada mãe, ela disse que você fez essa proposta pra ela a última vez que vocês se viram e ela ficou de pensar á respeito, de qualquer forma agradeço seu empenho em ajudar".
Ele ainda disse que sabia que ainda eram novos, e que era um namoro de 2 anos, mas, que independente de qualquer coisa desde o começo e pela postura dela, soube que a moça era uma boa parceira para se ter na vida. Que não sabia se iriam casar, ter filhos e construir uma família algum dia, mas, que definitivamente queria o melhor pra ela porque ela merecia ter o melhor.
Juro, quase chorei. Fiquei emocionada com a atuitude dos dois. É tão raro gente falando bem das pessoas, querendo ajudar de graça pelo simples prazer de ver o outro bem. No caso do moço é tão nobre da parte dele olhar para namorada e ver mais que uma moça bonita, bem arrumada, descolada, ou gostosa mas, olhar mesmo e ver o que ela é, uma moça que vale a pena pelos seus princípios.
Eles ficaram ali conversando e continuaram a falar bem das pessoas e de tudo. Eram duas pessoas com uma energia gostosa, tranquila.
Fiquei ali observando como é bom estar perto de gente leve, gente do bem.
Pensei como é bom ajudar dessa maneira desinteressada,como é bom fazer o que está ao seu alcance apenas porque isso pode fazer uma imensa diferença na vida de alguém.
E aqui nem me refiro a ajudar com dinheiro que atualmente é o que menos se tem para ajudar, mas, falo de uma boa conversa, uma visão diferente sobre um assunto, o famoso networking que sempre abre portas, falo do dar de si em atitude.
E são em todas as áreas. Na profissional, emocional, familiar. E porque não ajudar alguém a ter mais saúde, mais auto estima e ajudar a pessoa a emagrecer?!Fazer exercícios?!
Existem mil maneiras de ajudar. Mas, ultimamente estamos encontrando  mil e um motivos pra ficar na nossa. O mundo anda tão competitivo que parece que se a gente ajudar estamos nos desajudando.
A nossa "mala" anda pesada demais pra carregar a mala do outro.
Mas, não é assim. Se não existir essa compaixão muita coisa não acontece, muita gente não consegue sair do buraco. 
Eu tenho sentido uma vontade de ajudar, de prestar um serviço voluntário, de dar um pouco do meu tempo a uma causa. E não é de hoje.
Parece que estou em débito com isso, olho a minha volta e tenho tanto á agradecer, fico pensando queria ajudar, e ajudar é uma forma de agradecer a vida por tudo.
Toda energia é contagiosa. A boa e a ruim. Nesse jantar me senti contaminada pelo bem dessas duas pessoas, me senti bem só de saber das boas intenções deles com a moça.
E o contrário também é real e mais, muito mais nocivo. Quando estamos perto de gente pesada, que só vê o mal, o pior em tudo, isso acaba nos atingindo.
Já reparou que existem vários tipos de pessoas "revistas"? Explico. Existe pessoa fútil, fofoqueira e superficial. Existe pessoa negativa, trágica, pra baixo, sensacionalista, terrorista. Existe pessoa legal, pra cima, divertida.
Existe todo tipo de pessoa "revista". Cada um lê e se aproxima daquilo que de alguma forma tem a ver consigo é natural.
Mas, estar perto do bem, das coisas boas nos fazem melhor. Ficar atento com tudo a sua volta e reparar em quem está ao seu redor ajuda a saúde física e psíquica.
Que tipo de gente estamos nos tornando? Negativas? Positivas? Quem ajuda? Quem faz o bem? Estamos nos tornando saudáveis ou doentes?
Na brincadeira da vida mal me quer, bem me quer, sempre disse o bem me quer e eu quero o bem pra mim e para todos.
Fazer o bem nos faz bem. Bem amados, bem felizes, bem com a vida, bem com todos, bem com a gente.  
quinta-feira, 29 de maio de 2014

E aí, vai ter jogo?


Confesso que somente agora há alguns meses da Copa, é que comecei a pensar no assunto. Lendo cada dia mais opiniões, vendo cada dia mais manifestações e ouvindo cada dia mais de tudo um pouco, me questionei à respeito.
Simplesmente estou muito em cima do muro. Juro! Totalmente perdida. Nunca pensei que veria uma Copa no meu País. Não pensei que veria justamente pelos motivos do passado e de hoje também, como falta de estrutura, outras prioridades, segurança, e por aí vai.
Achei como muitos achavam que era tão sonho, tão utopia, tão ficção, que nunca teríamos uma Copa do Mundo aqui, no terceiro mundo, ou no mundo em desenvolvimento.
Bom, eis que não como um milagre, mas, talvez por obra superfaturada do destino fomos escolhidos para sediar uma Copa.
Isso há quase exatos 7 anos atrás, mas, somente agora às vésperas do evento o assunto inflamou e está a ponto de explodir.
Uns querem, outros não. É muita sujeira de baixo dessa grama. É muita insatisfação sentada nessa arquibancada. É muito povo desgostoso de fora do portão desse estádio de luxo querendo entrar.
Literalmente não sei o que vai ser. Sei que deve existir, e tem gente trabalhando sério e com afinco para que tudo aconteça como um grande espetáculo que merece ser.
Mas, e todo o resto? E os bastidores? O que houve? Eu trabalho na Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude do Estado de São Paulo, e não estamos envolvidos com absolutamente nada da Copa, porque foi criada uma comissão específica para a questão.
Desde o começo lamentei por isso. E agora muito mais. Queria ver o que de fato está acontecendo, queria ter tido a noção do que foram esses quase 7 anos se preparando para esse momento.
O que deu certo? O que deu errado? E o que dará no final dessa partida?
Esse jogo está truncado, marrento, e tem muito juiz roubando. O povo, que é que a torcida, reclama, se agita, mas, ainda assim faz papel secundário, vê quase tudo do banco.
Papel esse que sempre fez. Comporta-se não só nesse momento, mas, em tantos outros, como amante. Amante que se sujeita a tudo e finge que é feliz porque lhe é conveniente.
Todo País tem suas paixões, tem algo que não só gosta, mas, muitas vezes motiva um povo. Uma coisa que está no sangue de cada um, mesmo que um tiquinho de nada, uma gota. Cada qual com suas características e cultura, sabemos por exemplo que o Japão motiva-se por tecnologia, o Americano por patriotismo, a Europa num todo por história, cultura, cinema.
No Brasil, no sangue de cada um tem um pouco de futebol. Isso move muitos. Não tem jeito não adianta disfarçar e ir ao cinema ver filme brasileiro pra se achar mais Europeu, a massa verde e amarela vê mais futebol, joga mais futebol e gosta muito mais da pelada (jogo).
E o governo espera exatamente isso, que todos se comportem como apaixonados. Que todos esqueçam a traição, o descaso, e aceitem de braços abertos essa Copa filha de uma puta (desculpa o palavrão).
É pedir muito? É pedir demais! pra quem não aguenta mais.
Não vemos na tv mesa redonda pra discutir sobre cultura, educação, saúde, segurança. Não se paga fortunas para se comentar sobre esses assuntos. Mas, eles estão na boca, na mesa, na sala, na carência do povo.
Fomos todos sequestrados do nosso lar doce lar e estamos vivendo em cativeiro a pão e água. E daqui a pouco nem água. E ainda precisamos torcer na Copa e pela Copa.
Eu quero torcer. Eu não quero torcer. E acho que tem meio Brasil comigo, indeciso sem saber se veste a camisa ou se pendura a chuteira.
Pelo tanto de tudo que já aconteceu e se gastou, queremos pelo menos o troco pago com moeda estrangeira pra diminuir o prejuízo.
Concordo com Zagalo tudo isso acabou deixando o clima pesado, e estragou a festa. Nós estamos igual casal em vias de se separar, estamos esperando a gota d'água para jogar a aliança pela janela, dizer adeus e bater a porta pra não voltar.
Mas, do que a gente precisa se separar? Do futebol? Ou do Governo?
Quem abusa da gente o tempo todo e de todos os jeitos? Vou dar uma dica começa com G.
Não é futebol, não é a bola, não é o jogo ou os jogadores, não é a Copa. É o Governo o grande culpado, que tem como cúmplice um povo que é hipnotizado por qualquer brilho colorido e 5 minutos de fama.
Por isso insisto que o brasileiro precisa parar de fazer firula, manha, pra marcar falta ou fazer pênalti pra ganhar esse jogo. O brasileiro tem que brigar, marcar em cima e atacar! E muito! até expulsar o que te faz tão mal.
E sabemos quem nos faz mal, sabemos quem tem que pagar. Então, essa pode ser uma boa hora de mandar a conta.
Aproveita toda essa publicidade, todo esse movimento, toda essa revolta e sinta-se esse brasileiro que não desiste nunca e lembre-se de tudo isso logo depois da Copa.
Faça a sua festa, faça do jeito, e como preferir. Gritando, torcendo ou até ignorando tudo isso calado. É seu legítimo direito.
Mas, lembre-se dessa conta, lembre-se de quem tem que pagar.
Eles fizeram os "campinhos" mas, nós somos os donos da bola. E sem bola não tem jogo.
Eu não sei se vamos botar a bola na linha e deixar rolar, ou se vamos colocar a bola de baixo do braço e dizer que não vai ter jogo.
Eu não sei. Não sei se vamos perder mais, se vamos empatar, só sei que precisamos começar a ganhar sob todos os aspectos nesse jogo.
Que mais uma vez Deus seja brasileiro, olhe  por nós dentro e fora do campo. Que o gol seja da camisa 10 e não da camisa 13.
Mas, e aí que jogo você vai querer depois da Copa?

  
quinta-feira, 8 de maio de 2014

Manual para morrer em paz


Sempre me pergunto se estou pronta pra morrer. Se tenho medo da morte. A resposta é sempre não e sim.
Eu acho que ninguém está preparado para morrer. E no meu caso além de tudo morro de medo da morte. Mas, se morro de medo, já estarei morta mesmo.
Apavora a hipótese de não estar aqui, de não viver mais em carne e osso. Não ter problemas, desejos, vontades, estar com pessoas que eu amo, fazer falta para meu filho.
Mas, comecei a pensar diferente sobre esse assunto depois de um certo domingo.
Foi num domingo desses de março passado que fui almoçar uma mariscada em Santos na casa dos tios do Fernando, meu namorado. O Almoço já prometido há tempos tinha um propósito.
Pegar os copos de whisky de cristal colorido que o pai do Fernando deu aos seus tios de presente.
Infelizmente o pai do Fernando faleceu subitamente de infarto ano passado e desde então sua Tia Regina achou por carinho e direito de herança que ele deveria ficar com os copos de cristal nunca usados.
Fomos então para o almoço em família e para pegar os copos justamente no dia do aniversário do pai do Fernando. Acho que estarmos todos reunidos para um almoço na casa de tios tão queridos, foi uma forma de lembrar e homenagear com carinho o Duilio, pai do Fernando.
Chegando lá observei o apartamento que tem quase 100 anos e que fica num prédio muito simpático. Fiquei encantada com tudo e com o lustre de louça pintado a mão. Pensei no tempo das coisas e das pessoas. Um objeto pode ter 100 anos quase sem nenhuma avaria se bem conservado, mas, nós gente, com o passar do tempo ficamos avariados de muitas maneiras. Sentados em volta da mesa de jantar, bebericando e petiscando, conversamos animadamente. Inclusive sobre a morte.
Num dado momento o tio do Fernando, Sr.Luiz Vinagre que apesar de senhor não tem nada de velho, conhecido e chamado apenas de Vinagre, pegou de uma das gavetas de uma cômoda um "manuscrito", e me mostrou todo orgulhoso como deseja que as coisas sejam quando ele morrer.
Vinagre é um homem que se não existisse deveria ser inventado. E inventando por mãos boas, cabeças inteligentes, espíritos alegres e gente com um coração grande.
Ele é um sujeito ímpar! Que só faz par com a vida, a alegria e com a Regina, tia do Fernando. Ele é apaixonado pela vida, sendo assim, à trata como todo bom conquistador, com paixão! Ele galanteia a vida. É um homem alegre, moderno, feliz e com mil histórias pra contar.
Alguém que no mínimo vale a pena se sentar numa mesa, tomar uma bebida da preferência da companhia e bater um bom papo.
Bem, voltando ao "manuscrito" do Vinagre. Esse manuscrito é um relato digitado e atualizado de 3 em 3 meses sobre seus desejos de vivo quando estiver morto.
Neles estão contidos com que roupa ele quer ser enterrado, quem deve ser avisado com nome e telefone, suas dívidas que tem a importante observação "não pagar ninguém" afinal, o devedor não poderá mais ser cobrado.  
Tem também seus créditos na praça, senhas, seus possíveis pepinos a serem resolvidos pela família.
Justificou a importância de atualizar o manuscrito periodicamente, pois, a cada dia a lista de quem deve ser avisado aumenta. Mais uma prova do quanto ele é querido e amigo de todo mundo.
Ele lê sem sofrimento ou constrangimento alguns trechos para mim. Cita a obrigação da filha mais velha, Luciana, de servir uma rodada de whisky para todos os presentes no velório.
Quando pergunto qual whisky ele quer que sirva? Ele diz: "sei lá vocês que vão beber, eu estarei morto e não vou ter dor de cabeça se for ruim" e solta sua inconfundível risada.
Parece tétrico, mas, ele leva tudo numa boa, faz graça e se diverte com o assunto e a situação.
Ele acrescenta que queria gravar um vídeo para passar no velório, mas, foi terminantemente proibido de fazer isso pela família.
Vinagre acha tudo normal, e de fato é. Só é incomum a sua capacidade leve de lidar com isso.
No fundo ele deseja que tudo seja uma festa, com alegria e bons sentimentos.
Errado? Acho que de forma alguma.
Pra mim isso significa que ele pensa assim: Vim, vi, vivi, aprendi, evolui, errei, pequei, gostei, amei, odiei, sonhei, realizei, fui feliz e agora posso ir em paz.
E é justamente isso que eu gosto "ir em paz". Sabe aquela sensação de missão cumprida com êxito, é isso.
Como é bom poder chegar ao céu, ou em qualquer lugar que exista depois daqui, prestar contas e ficar numa boa com a consciência.
Hoje a morte é encarada de forma até mais prática. Existem empresas de seguro que vendem o seguro funerário. Tem para todos os gostos e bolsos.
Para nós parece até coisa de mau agouro pagar pelo próprio funeral, mas, pode ser só um jeito de morrer em paz sem dar trabalho pra ninguém na hora H.
Não vai demorar muito e teremos lista de convidados para os velórios com RSVP (RSVP, é a abreviatura de Répondez S'il Vous Plaît, expressão francesa que significa "Responda por favor") confirmando a presença como num grande evento. Acho que pra celebridades como presidentes, pop star, já existe isso.
O Vinagre não sabe quando e nem como vai morrer. Nenhum de nós sabemos. E não saber nesse caso é melhor para todos.
Pra que antecipar sofrimento?! Se soubéssemos não daríamos conta.
Esse manuscrito do Vinagre, que também pode ser considerado um testamento informal me fez pensar que até para morrer temos que ter certa organização.
Mesmo sendo dos assuntos mais desagradáveis que existe é importante conversar a respeito, escrever talvez, como gostaria que tudo fosse. Pode ser menos dolorido para quem fica saber o que fazer e de que jeito fazer.
É literalmente e popularmente "a vontade do morto" sendo feita.
Aoki Shinmon, escritor e poeta que trabalhou como nõkanshi (embalsamador, agente funerário japonês) autor do best-seller no qual o filme A Partida- Okuribito foi baseado, escreveu que antigamente os japoneses faleciam rodeados por seus familiares e eram colocados nos caixões por seus parentes de sangue. Ele disse: “O velório era celebrado como um último período de convivência com a pessoa que faleceu”.  Portanto, um momento de muito respeito, sentimento e cumprindo as vontades da pessoa que se foi. Não era um momento feliz propriamente dito, mas, um momento de despedida, amor e perdão. Hoje sabemos que aqui e até no Japão pessoas sem qualquer intimidade, afeto e história com o falecido é que fazem esse procedimento de arrumar e colocar no caixão. Às vezes sem o menor cuidado, sentimento e consideração. Virou um processo estéril e automatizado. Como se depois de morta a pessoa perdesse todo seu valor.
Sendo que mais do que nascer o ato de morrer é a transição final, é o renascer evoluído.
Mahashta Mûrasi, um sapateiro da Índia com 179 anos diz:"A morte esqueceu-se de mim". Não sei se viver tanto é bom. Mas, esse é meu desejo com relação a todos que amo, que a morte se esqueça deles e os deixe aqui por muito tempo, ou só o tempo de serem felizes como escolheram ser. E quando for a hora de cada um que seja feita sua vontade.
No mais vida longa ao Rei. Vida longa ao Vinagre. 


quinta-feira, 20 de março de 2014

A Bela Aborrecida


Nunca gostei de acordar cedo. Gosto de dormir. Mas, não até muito mais tarde porque acho que perdemos o melhor do dia.
Acordo cedo todos os dias. É uma responsabilidade diária levar meu filho ao colégio. E quase todos os dias sou obrigada a manobrar o carro do meu vizinho, porque no meu prédio tenho vaga presa.
Explico: vaga presa são duas vagas, uma na frente da outra, que obriga quem tem a vaga de trás a manobrar o carro da frente e vice versa.
É um saco! Falando no português chulo.
Quase todos os dias é um tormento me dirigir até a portaria pegar a chave do carro do vizinho, manobrar o carro dele, que na maioria das vezes está fedendo cachorro molhado, é uma zona com todo tipo de lixo, tem o banco lá trás porque o vizinho é alto, lógico que isso tudo acontece quando eu consigo abrir o carro, porque a chave sempre dá problema. 
Enfim, fazer isso as 6hs a.m é muito chato.
Eu claro já fico p..., mesmo sabendo que não tem jeito que tenho que fazer isso. As vezes xingo, as vezes ignoro, e todas as vezes me irrito, me aborreço e quero chutar o pneu do carro dele.
Um dia desses conversando com meu filho no caminho para o colégio, e falando das nossas metas pessoais para 2014, ele me disse: "Mãe você poderia tentar levar as coisas mais numa boa esse ano".
Eu disse como assim? Ele disse: "Ah! mãe você explode porque tem que manobrar o carro do cara todo dia por exemplo". 
"Eu sei é um saco, mas, tem que fazer não tem?! Porque se estressar com isso logo cedo? Porque estragar sua manhã por tão pouco?". Ele ainda me deu pelo menos mais dois exemplos de como perco a calma por nada.
Concordei com ele. Ele quase sempre tem razão. E prometi que agiria diferente daquele dia em diante. 
E foi exatamente o "tem que" que me fez mudar (um pouco pelo menos). Não tem jeito a gente "tem que" fazer muitas coisas no dia a dia.
Seja no trabalho, em casa, na rua, nas relações com as pessoas, a gente sempre "tem que" alguma coisa. Faz parte da rotina.
De volta do colégio, deixei o meu carro na frente do carro do vizinho, quase uma vingança e vim trabalhar de ônibus. Sim, eu não uso o carro para trabalhar e isso me faz muito feliz.
Mais do que normalmente já faço, notei as pessoas a minha volta. No ônibus tinham três mulheres no celular, irritadas, brigando por alguma razão com alguém.
Uma falava com o marido e reclamava e brigava e não parava de falar. Uma outra discutia com a filha a importância de ajudar em casa. A outra falava mal da chefa para uma amiga do trabalho.
Todas estavam alteradas logo cedo. Todas estavam começando o seu dia assim, de certa forma bem negativa. 
Pergunto: Será que acordar cedo de forma geral nos atormenta? Ou é isso e todo o resto, trânsito, contas pra pagar, filho, marido e casa pra cuidar, dormir mal, etc etc... que somado as nossas frustrações pessoais que potencializam nossa pouca paciência? (Fui fundo agora).
Chego a conclusão que estamos mais para belas aborrecidas desejando alguns minutos a mais de paz numa ilha perdida, do que belas adormecidas esperando o príncipe no castelo.
Morar em São Paulo não é um mar calmo do Caribe. E quando é, pode vir uma onda gigante do nada e te engolir. Minha cidade tem excelência em muitos serviços, funciona 24hs, mas, o que ela mais tem tido ultimamente é a capacidade de nos aborrecer. 
E isso tem um efeito cumulativo, junta com a nossa vida turbulenta e pronto tá feita a desgraça de uma vida corrida de pessoas à flor da pele.
Não é um problema isolado. É coletivo esse nervoso, essa fúria. 
Quem perde? Todos. Quem mais perde somos nós mesmos, depois as pessoas mais próximas à nós e no contexto todo a sociedade.
Estamos indo mais ao terapeuta, estamos tendo mais depressão, sindrôme do pânico, ansiedade, estamos tomando mais remédios. Estamos sofrendo essa é a verdade.
Tenho meu mal humorzinho diário, mas, sou mais bem humorada na porcentagem total e minha maneira romântica, alegre e até infantil de ver as coisas acaba compensando e muitas vezes salva meu dia.
Respirar, contar até 1019 é o remédio mais barato e acessível que tem no mercado.
Tenho praticado. Quando vou explodir, paro respiro conto mentalmente até 1019 e consigo agir de forma mais controlada.
Não quero ser uma bela aborrecida, quero paz à minha volta, e se a paz não começar comigo e dentro de mim como vai ser? 
Conclusão as coisas que eu "tenho que" não estão me aborrecendo tanto. Não estão tirando o meu sossego.
Vou lá faço, resolvo e fico livre.
Até para manobrar o carro do vizinho tenho sido calma. 
O que você "tem que" fazer que te aborrece tanto? Seja o que for, esse seu "tem que" não pode ser assim tão poderoso a ponto de acabar com seu dia a dia, com seus nervos e com suas relações.
Faça uma lista dos seus "tenho que", leia e rasgue. Depois disso ao invés de "tenho que fazer" troque por "tenho que fazer numa boa". Faça numa boa por você e pelos que compartilham da sua vida.
E em último caso xingue em voz baixa de vez em quando. Sem problemas, é normal ter recaídas.
Vamos ter dias mais leves para sermos mais leves também.
A propósito todo "tenho que" ou "tem que" acaba um dia. Eu por exemplo vou mudar de apartamento e logo terei uma vaga só pra mim!!!

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Já fui 40 mulheres


Confesso que nunca grilei com essa idade, 40 anos. Não pensava aos 10, aos 20, aos 15, aos 18. Pensei pela primeira vez aos 32 anos. Pensava o que vai ser? Como vai ser? O que eu vou ser? E hoje chegou. Estou aqui, acordei hoje com 40 anos. E dentro da minha expectativa hollywoodiana digo, que bom que chegou assim.
Que bom que chegou assim sem conflito, sem dor, sem tristeza. Que bom que chegou calmo, pedindo licença e fazendo cortesia. Que bom que chegou saudável. Que bom que chegou me seduzindo, me deixando ser bonita por dentro e por fora. Que bom que trouxe presentes.
Não posso reclamar de nada! Quer dizer talvez de uns 3 quilos a mais. E Só.
Me sinto ótima! Viva, alegre, feliz por essa fase cheia de boas surpresas, muitos encontros e reencontros e alguns sonhos realizados.
Nesses 40 anos eu tenho a sensação que fui 40 mulheres diferentes. Não 40 personalidades diferentes, a Marcela sempre foi a mesma. Mas, cada idade me arrebatou de um jeito. É natural que seja assim. Com 5 a gente é menina e se comporta como menina, aos 24 me achava irresistível e vivi como tal. Cada idade uma vida, uma mulher e um jeito diferente de ver o mundo. Teve idade que foi parceria comigo, e teve idade que foi conflito.
Aos 40 anos ainda me sinto um pouco de cada Marcela que carrego comigo nesses anos. Tem dias que estou sapeca. Brinco, faço graça. Tem dias que estou chata e existencial como uma adolescente aos 16 anos. Tem dias que olho no espelho e me gosto como se eu tivesse 30 anos. São as mulheres que existem em mim. São as mulheres que existem em nós.
Mas, ainda que existam tantas dentro de mim, tem sempre uma que se sobressai. E essa é a mulher comum. A mulher bem simples mesmo. Igual a tantas que conhecemos.
A mulher comum que quer ser feliz, amada, que quer ser magra ou gordinha mas, atraente, que quer ganhar o mundo aí fora e ser reconhecida, que se preocupa com a família, a amiga, o cachorro, o gato, o papagaio, o mundo. A mulher comum com suas crises, seus desejos. Uma mulher bem comum, que se olha e se orgulha que se enxerga e se culpa, que se aceita como é.
Não existe milagre maior que se amar, gostar do que somos e do que nos tornamos. Claro, que tem dias que bate uma tristezinha miúda que fica cutucando a gente. Enchendo o saco pra ver se a gente pira e encana, fica ali incomodando pra ver se a gente sede e se abala. Mas, se nem a Cinderela foi feliz o tempo todo na estória, então não espere isso.
Ser feliz em todas as idades, com os sabores e dissabores que existem é um segredo precioso! É assim, com 15 anos a gente queria ter carro e poder dirigir. Aos 40 anos a gente tem carro, pode dirigir, mas, a gente quer ter a barriga sequinha dos 15 anos. Não tem jeito, cada coisa tem seu tempo e envelhecer é inevitável. Mas, adoecer da alma nunca!
Até o momento fazer 40 anos não está doendo nadinha. Ao contrário. Que delícia ser paparicada, receber carinho, presente. Se sentir amada, lembrada por todos que estão a minha volta.
Conheço gente que sofreu com essa idade. Cada um tem seus medos. Eu estou bem. Me sinto segura, tranquila, ansiosa, distraída, louca, normal, quieta, agitada. Ah! Nada diferente de como me sentia aos 39 anos. Porém, com 40 anos.
Quando se vive uma experiência de quase morte, diz quem já viveu pra contar, que passa um filme da própria vida. E nesse filme vem imagens, pessoas, situações importantes, coisas que nos marcaram, eu não sei se isso é verdade, quero acreditar que sim. E se for tenho certeza que meu filme vai ser tipo Duro de Matar e suas 33 versões, vai ter muita coisa boa pra passar.
Fazer 40 anos não é um problema. O problema é não fazer. É não chegar até aqui pra contar como foi. E não ter vivido coisas que renderam boas risadas, orgulho, mico e alguma dor de cabeça.
É não ser 40 mulheres diferentes e apaixonadas pela vida!
Eu chego aos 40 anos muito feliz, vou casar novamente, vou mudar de casa, tenho um filho de 15 anos, uma família que me acolhe, muitos amigos, um amor que me completa, tenho esse blog, meus gatos, meu trabalho, uma vida boa e bem normal.
Chego aos 40 anos hoje desejando mais 40 anos. Desejando de todo coração ser mais 40 mulheres diferentes, mas, a mesma Marcela de sempre. Desejando ser essa tal mulher loba! Porque não?! 
Desejando dividir meu bolo muitas vezes. E hoje divido o bolo não porque comer sozinha engorda, mas, porque dividir o bolo me faz muito mais feliz por ter com quem dividir.
Hey pega seu pedaço e pode repetir tá, porque pedaço de amor só engorda o coração.

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Marcela Moretto

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Uma mulher, uma menina, uma criança...tentando aprender.