O povo espanhol assim como toda
Europa está vivendo uma crise. Eu vi muitos mendigos nas ruas, não há emprego,
o dinheiro está escasso.
Mas, encontrei um povo gentil,
educado, solicito. Ah! também encontrei Jesus. É não foi um encontro evangélico,
religioso, mas, um encontro normal, porque o gerente/dono do Hostel chamava-se
Jesus. Super simpático conhecer Jesus na Espanha.
Acabamos ficando num lugar bem
localizado, que possibilitou conhecer tudo a pé. Nessa viagem constatei que sou
melhor com os mapas e com os pés, do que com o GPS e o carro. Acho que apesar
de ser uma ferramenta meio antiga, é mais romântico procurar no mapa e
encontrar andando o quer. GPS é uma coisa muito prática pro meu gosto antiquado.
Bom Madrid foi assim...arte,
caminhada, casaco, cachecol, vinho, mercado, parque, tapas!
Foi em Barcelona que tudo teve um
brilho diferente. Teve uma beleza de cinema, um argumento Pedro Almodóvar.
Nem preciso falar que me
apaixonei perdidamente por ela. Cada canto, cada beco, a praia, a arte de
Antoni Gaudí, Pablo Picasso, os bairros, restaurantes, o estádio do Barça, ou
seja, Barcelona é espetacular. Não se vê
um fio cobrindo a cidade tudo é subterrâneo, só a beleza que é exposta e exibida
de tal forma que chega até ser pecado.
O lugar cheira caso de amor! Daqueles
tão quentes que queima alma e crema qualquer culpa.
A gente come bem, toma vinho que
não dá dor de cabeça, e nem ressaca moral, vê tanta beleza, que a boca não
consegue traduzir. Parece que por 4 dias toda a minha realidade ficou no “break”
e vivi outra vida. Sem me achar, e já me achando a Penélope Cruz, juro me senti
a mulher mais charmosa, mais elegante e mais feliz. Sensações causadas talvez pelo efeito do vinho. Tudo bem tá valendo.
Quase todo mundo anda de
bicicleta, lambreta, moto. O trânsito é civilizado. A cidade tem um colorido forte,
a alegria e todos os bons sentimentos transformam-se num grande mosaico.
É exatamente assim.
A noite perder-se no Bairro Gótico
é sem dúvida garantia de um bom vinho e altos papos.
Numa das noites em que fizemos
isso, eu, e a Geórgia (uma das amigas que viajou com 2 costelas quebradas sem
se queixar de nada!) divagamos sobre as relações, o amor, a amizade.
Concluímos mil coisas. Entre elas
que o vinho solta a língua. Imagina a minha que já é solta pra caramba.
Mas, o ponto alto da conversa foi uma coisa que eu após um tempo me descobrindo
com terapia e experiências vividas, concluí e disse: Enquanto nós agirmos
esperando a aprovação do outro, de verdade não conseguimos dar um passo. O
importante é se aprovar! E a Geórgia complementou: “Verdade, quando você se
aprova você não dá um passo, você corre meia maratona”.O amor na sua forma mais crua é assim consigo e com o outro. ACEITAÇÃO. APROVAÇÃO.
Não se muda ninguém, não se
transforma nada, o amor seja ele de homem e mulher, pai e filho, ou mãe e
filho, amor de amigo, é aceitar, aprovar, todos os sabores e dissabores que o
outro possui.
Em cada igreja que eu entrei, eu
rezei, agradeci pela viagem e por hoje eu me aprovar 90%. Essa porcentagem não
foi sempre alta assim, mas, consegui utilizando uma ferramenta bem simples...deixei
de pensar 90% nos outros. Eu sei que faltam 10% de cada lado. E talvez vá faltar
sempre. Mas, 90% é um número bom. E hoje já corro meia maratona certeza.
Como tudo que é bom dura o tempo
que tem que durar, Madrid, Barcelona, acabou em 8 dias.
Foi com pesar que me despedi
dessa vida boa, desses lugares tão maravilhosos.
Foi um prazer viajar entre amigos
e encontrar outros por lá.
Sem dúvida a Espanha deixou uma
boa história em mim. E não é assim que é um grande amor?!
Obrigada Madrid, Barcelona por escreverem em mim coisas que jamais vou esquecer.
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