quinta-feira, 28 de junho de 2012

Ele tá maior que eu



Num desses dias ele parou do meu lado, e foi notável, ele tá maior que eu.
Nós estamos mais próximos á cada dia. Ele me conta coisas, novidades da internet, me mostra vídeos, músicas, me mostra o mundão dele. Nós vamos no parque, andamos de mãos dadas, vamos no teatro, vamos no cinema e depois comentamos o filme, ele me ensina a tirar foto e a usar o Iphone.
Ele tá lindo, por dentro e por fora. Me dá conselhos:“Mãe, relacionamento é assim, eles começam eles terminam, logo passa e você estará namorando de novo”.
Ele é maduro, centrado mais que eu. Todas ás vezes que saio, ele pergunta onde vou, com quem, me cuida. Quer conhecer meus amigos e saber com quem eu ando. Depois pergunta que horas que eu voltei, se bebi, e se foi bom. Um dia desses menti pra ele, disse que voltei á meia noite, e ele retrucou:"Impossível porque eu fui dormir meia noite e trinta e a Senhorita não estava aqui!”. Os papéis se invertem. Ele tá me cuidando como faço com ele. É mãe e filho, é filho e mãe.
Ele é saudável, toma yogurte com aveia e deixa o potinho em qualquer lugar. Eu disse que ele era saudável, organizado nunca!, e quando cisma não toma refrigerante só água e me cobra cuidados. Fala:“Mãe não come isso!”, “Mãe vai malhar!”, Mãe essa blusa tá muito decotada!”
Ele me viu lendo a biografia de Van Gogh, e falou:“Eu também já li sobre ele”, achei que era brincadeira e nesse dia ele me deu uma aula de Van Gogh, com detalhes incríveis sobre pintura, o comportamento dele  me deixou de queixo caído.
Ele detesta me ver chorar. E quando eu disfarço dizendo qualquer bobagem pra justificar o choro, ele sempre finge que acredita pra me consolar.
Ultimamente ele anda confuso com o que ele vai ser quando crescer. Cada hora fala uma coisa. A única certeza que ele tem é que quer ganhar dinheiro com o que escolher. Já tá no caminho certo. Eu digo:“Fica tranquilo, ainda tem um tempinho pra você se achar na sua escolha”. Eu sei que ele ainda tem muita vida pra gastar, bônus para ganhar, portais pra entrar e batalhas pra vencer, como num jogo de computador que ele tanto ama. Mas, ele tá indo muito bem.
Eu sei que cada dia ele tá maior, e logo o tempo, a vida, o mundo lá fora leva ele pra outras pessoas, outros lugares. É a vida. É o caminho á seguir.
O que posso fazer? Ter com ele uma relação de afeto, respeito, cuidado e amizade pra ele sempre querer me ensinar, me mostrar tudo á sua volta e voltar. Voltar pra gente tomar um lanche juntos, bater um papo, rir das piadas dele, voltar pra eu dizer pra ele que comprei um CD romântico e não paro de escutar.
Semana passada ele perguntou: “Você tá feliz?” assim sem mais nem menos. Achei profundo, não consegui responder nada. Fiquei calada. Porque de fato não sabia se mentia e enganava a pessoa que mais amo e a que é mais honesta comigo ou se dizia a verdade. Talvez isso tenha deixado ele preocupado. Porque nesse dia ele não desgrudou de mim me cobrindo de carinho e beijo. Sempre foi assim, quando eu preciso ele tá comigo, nas minhas dores e alegrias, isso é parceria.
A gente vai pra cama, eu, ele, e os nossos gatos, ficamos batendo papo, rindo e descobrindo coisas um do outro.
Ele deixa bilhetes na minha cama... “Mãe quando você chegar vai no meu quarto”.
Ele parece com o pai, fisicamente, e o coração dele é muito parecido com o meu. Cheio de bondade e simpatia. Ele faz graça das coisas e com o mundo assim como eu.
Ele gosta dessa coisa família, ama a irmã pequena, a família do pai, a minha família, ele gosta das pessoas como elas são, igual á mim.
Ás vezes ele é mal criado, aí baixa a mãe brava, olho feio, brigo, depois converso e ele entende que pisou na bola.
Estou aprendo muito mais com ele do que estou ensinando eu acho. Lá na frente sei que eu vou devolver pra ele todo ensinamento aprendido.
E aí vamos conversar sobre o trabalho, a namorada, a viagem que ele quer fazer e todas as coisas da vida comum.
Tenho certeza que ele vai ficar encabulado com as coisas que eu tô dizendo aqui. Ele tem suas vergonhas.
Mas, é só pra dizer que ele já tá maior que eu, em TODOS os sentidos ele tá gigante.
E isso me deixa mais coruja ainda.
Se eu tô feliz?!
Sim, tô feliz meu filho.










quinta-feira, 21 de junho de 2012

Fim de semana (feliz) de solteira.



Semana passada tive um fim de semana cheio e ótimo. Sexta-feira fui num show sozinha e tive o prazer de conhecer um casal maravilhoso. Foi automático. Empatia, simpatia e carinho. Virou amizade. O Show foi encontro, intimidade, comigo mesma, um momento meu. Valeu muito a pena. Se eu fiquei constrangida por ir sozinha num show romântico??? Nunca! Ser solteiro exige um pouco de ousadia.
No sábado fui viajar com meu melhor amigo (sim existe amizade entre homem e mulher) pra praia. Uma casa linda, confortável, com 6 solteiros! Pessoas incríveis. Você nota quando a casa é de solteiro. Tem uma coisa despojada, sem compromisso, sem peso no ar, com muitos brinquedos para distração. A gente bebe, conversa, ri de tudo, escuta música, come bem, lê, não tem horário, nem cobrança, a gente se diverte.
As pessoas são totalmente diferentes, mas, com o mesmo status: SOLTEIROS, livres, sem compromissos, disponíveis, abertos, afins. Ninguém ia ficar com ninguém, não teve isso, não era isso, mas teve carinho de um com outro.
Teve conversa, desabafo, teve cumplicidade de histórias de amor, de separação e de superação, teve foto, teve exercício físico, teve olhar de amigo, beijo de bom dia, teve praia, teve música tocada no violão.
A gente se aproxima do outro, toma conta, faz carinho, se apoia. É bom.
Percebi ouvindo, que cada um ali só quer ficar bem, feliz, tranquilo (Inclusive a Sila, a empregada da casa). Isso leva um tempo. Cada um tem seu “time”, e cada um está numa etapa diferente da sua busca, da sua verdade.
Foi bom pra caramba, olhar á minha volta e me sentir á vontade, por me sentir igual.
E na casa bonita, de pessoas bonitas, a gente se acha, sem muito procurar, porque tudo tá ali calmo, sereno, tudo tá no tempo certo. Não tem a ansiedade da rua. Não tem o desespero de encontrar e o desconforto de não achar.
Não posso negar, tá tudo começando a ficar muito bom. Conhecer gente, ir á lugares, viver momentos divertidos, ter histórias pra compartilhar e contar depois. "Amo muito tudo isso!"(créditos ao Mc Donald´s).
Quando a gente é solteiro, o que importa é o hoje, o plano é ser feliz nesse exato momento com todas as opções de felicidade que existem. E as opções são muitas.
Se você for inteligente, vai aproveitar essa fase, afinal, você nunca sabe quando vai namorar de novo e essa liberdade, essa satisfação egoísta de ser só pode acabar.
O importante é não ficar sozinho, é caminhar junto. E disso tudo nascem boas amizades,  e quem sabe amores, e quem sabe os padrinhos do próximo casamento. O amigo do amigo, vira seu amigo também, um torce pelo outro e quer o bem do outro. E quando todos estão bem é só alegria e felicidade. São novos caminhos, novos encontros.
“Manter o foco no futuro faz você ter equilíbrio no presente” (Guilherme Pantano). É verdade. O que você quer no futuro, te faz ficar em paz com o agora. Te faz não ser precipitado, te faz ser honesto com seus limites. Te faz pesar as coisas com o peso que elas tem, e não o contrário. Te faz ver as coisas como são e não como você vê no seu sonho encantado.
Ser solteiro é realidade. Ser casal é sonho.
As duas coisas são boas, cada coisa no seu momento, sem sofrer.
Eu tô vivendo a realidade agora, mas sei que viver o sonho pode estar mais perto do que imagino.
 “A Felicidade vive atrás de mim, eu que não sou louca deixo ela vir...” Roberta Campos.
Louca sim, boba não. Vem, pode vir felicidade...vem brincar de pega-pega comigo e com meus amigos!
quinta-feira, 14 de junho de 2012

Cadê meu Wally??



Essa semana comemoramos o DIA DOS NAMORADOS. Uns gostam de jantar fora, comprar presente, mandar flores, cartão...tudo isso já foi mais importante pra mim. Calmaaaa! Não estou dizendo que deve passar em branco. Jamais. Nunca. Lembrar das datas alimenta o romantismo e o sentimento. É gostoso mesmo depois de um tempinho, ou um tempão se importar em surpreender o outro.
Mas pense, o mais importante não é estar com quem você gosta, ama??? Ali junto, perto?! Acredite, é sim. Garanto.
Na noite do dia dos namorados, assisti pela 5ª vez Medianeras um filme argentino do Gustavo Taretto. Foi meu presente. Adoro esse filme. Gosto porque é doce, atual, tem um texto gostoso, a fotografia é realista, e a mensagem do filme é legal. É um filme simples.
Gosto também porque a mocinha do filme é linda e o mocinho é estranho, mas um charme. Eles combinam.
O filme é um romance. Tanto ela, quanto ele vivem em seus pequenos apartamentos em Buenos Aires. Ambos vivem os seus pequenos mundos conectados. Dores, alegrias, buscas, frustrações, lembranças e encontros.
Fora a mocinha ser linda, ela está sofrendo, perdida, angustiada, totalmente sozinha. Sofre a dor do fim de um longo relacionamento, que reconhece ter sido uma perda de tempo. Ele também vive o término de uma relação, e dessa história dele só sobra uma cachorrinha. Ele também sofre, mas se afoga num mundo de internet, tecnologia pra fugir da dor. Ele é tão sozinho e triste quanto ela.
Os dois vão vivendo, experimentando pessoas e situações, tentando acertar a vida.
Eles são vizinhos. Se encontram algumas vezes, mas nunca se acham. Boa essa frase (minha)“se encontram algumas vezes, mas nunca se acham”. Isso acontece muito.
Voltando. A mocinha tem um livro“Procurando Wally”...Você conhece? É um livro que tem o desenho de um bonequinho como se fosse um turista em diversas situações e lugares e você tem que achá-lo nesses lugares. Entendeu?! É divertido e simples como o bom amor.
Ela sempre procura o Wally numa determinada situação e nunca acha.
E ás vezes torna-se assim mesmo encontrar o amor. Uma busca alucinada! Olhar 300 vezes pro mesmo lugar e não ver nada. Virar a página, voltar na página e nada. Observar o interessante nas pessoas e simplesmente não ter interesse algum. Procurar as diferenças e só encontrar o igual, o comum.
É a verdadeira procura por Wally.
A vida dos dois segue. Ela e ele saem com pessoas, mas é só isso, algumas noites divertidas com pessoas diferentes. Mais nada.
Não tem jeito o coração é o melhor e o pior órgão que temos. Melhor porque nele que estão os sentimentos e pior porque é nele que os sentimentos ficam.
Enquanto não se acha esse amor, a procura e algumas situações são cômicas! Porque na lista tem de tudo um pouco. Tem gente mala, pegajosa, carente e aí ficar com alguém assim é cometer crime hediondo! Mas na lista também tem gente legal, bonita, divertida, inteligente, mas aí é só amizade. Enfim, tem pra todos os tipos, gostos e momentos.
O cara pode sair com uma multidão de mulheres... sai com a moça da academia, a vizinha inteligente e viajada, a amiga do trabalho gostosa... mas é só cama. É só isso.
A moça também sai. (considerando que a proporção homem mulher é muito maior sempre) mas é só isso também, alguns encontros interessantes com expectativas super dimencionadas.
Não me pergunte qual a matemática, a lógica da coisa. Só sei que quando a conta bate, quando você finalmente resolve a equação e ela dá exata... ahhhh! é bom demais! É felicidade X 1000 elevada a milésima potência.
É mágico, é lindo, é poético, é sonho e realidade.
É sorriso no rosto, é vontade de ver toda hora, é querer estar perto sem nenhuma razão ...é bom, é bem bom.
Nunca sabemos quando, onde e como vamos encontrar o amor. Assim como a morte. Louca essa semelhança.
Pode ser á qualquer tempo. Pode ser na rua, na viagem, na faculdade, no mercado, na internet, pode ser tantas coisas. E isso é maravilhoso, porque é o improvável agindo na sua vida sem seu controle.
Mas a gente sempre encontra. Eu acredito nisso. Acredito porque gosto de estar apaixonada, gosto porque o amor literalmente me alimenta.
Gosto porque sou uma mulher de peixes! E isso explica muita coisa em mim.
O filme acaba bem, eu adoro o final.
No dia dos namorados nem sempre se está acompanhada, namorando, mas isso não é ruim. Afinal, sempre existirá Medianeras com essa mensagem que no fim você sempre encontra seu Wally!
Ixiiiiii contei o fim do filme. Desculpa sempre faço isso.
Feliz dias dos namorados meu Wally, meu próximo amor! 
quinta-feira, 7 de junho de 2012

A minha vizinha de baixo




Não temos amizade. Ela mora no 18º andar, embaixo do meu apartamento. É delegada. Nos encontramos sempre nos mesmos horários no elevador. E hoje acho que nos encontramos na mesma situação emocional. Ela tem dois filhos. Adolescentes estranhos. Não interagem, e ás vezes brigam, percebo porque gritam e batem portas. Brigar é raro, mas um dia o pau foi feio. Eles gritavam, ela tentava apaziguar, ai pensei putz ela é delega trata com bandidos e não consegue se impor com dois adolescentes. Eu sei, eu sei, tratar com adolescentes ás vezes é a mesma coisa que subir no morro bater no peito e gritar:"Ei sou polícia e sem armas"... ou seja, uma loucura!
Há pouco tempo atrás ela estava namorando, um cara novo, bonito, eles combinavam. Acho que durou um ano.Nesse período, ela estava mais feliz, de verdade. Ela emagreceu, se vestia mais despojada, malhava, ia ao cabelereiro, ela tinha ele.  
Ontem a encotrei no elevador. Estava abatida, com cara de cansada. Cansada da vida, cansada emocionalmente, fisicamente, cansada dela mesma. Num instante ela pareceu meu reflexo no espelho. Esse tempo cinza me deixa assim, sem muita inspiração, sem muitos motivos. É o sol que me esquenta, é a paixão que me move, é o encontrar alguém que me coloca nas nuvens que me faz ir. Não somos amigas, mas somos mulheres. Vivemos da mesma forma, correndo, sustentando uma casa, cuidando de filho, cuidando um pouco de si, e a cada dia  abandonando alguns sonhos.
Apesar da nossa semelhante vida, não pareço com ela. Ela tem um jeito triste, nos olhos azuis dela tem um infinito de tristeza. Posso estar completamente errada, talvez ela seja somente discreta, na dela. Mas, honestamente parece triste. Quando ela estava namorando, numa noite de sexta, eu na minha cama lendo, ouvi uns gemidos, uns susurros...parei e prestei atenção. É, era isso mesmo! a delegada estava mandando prender e mandando matar. Abri a janela e quase gritei:"Uhuuu! mandou bem delegada!" mas com certeza isso não seria adequado e ela poderia considerar um desacato a autoridade. Quando o elevador chegou no térreo eu fui pra um lado e ela pro outro, mas ambas procurando um caminho, procurando a saída desse labirinto. Não somos amigas, mas de alguma forma eu desejo o melhor pra ela. Desejo que ela logo volte a sorrir, a se maquiar, a se cuidar, a voltar a ter as suas noites quentes. Desejo pra ela e pra mim, coisas assim. E logo quero encontrá-la no elevador com seu novo par, quero olhar pra ela e dizer metalmente:"É isso ai delegada, seja feliz!"
Não somos amigas, mas somos vizinhas de vida. E a política da boa vizinhança sempre funcionou comigo. 


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Marcela Moretto

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