sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Fechando as contas


É uma das coisas mais clichês que existe, mas, nessa época do ano quase todo mundo faz um balanço pra saber se o ano foi bom, se não foi, se as metas foram cumpridas.
Enfim, é tempo de balanço. É tempo de auferir lucro, prejuízo dos ativos e passivos do nosso ano, das nossas atitudes.
Parece meio técnico usar esse termo “auferir lucro e prejuízo” mas, eu penso exatamente assim. O que eu ganhei? O que eu perdi? Quem ganhamos? Quem perdemos?
Conversando com alguns amigos, muitos disseram do alívio do final desse ano. Amigos perderam empregos, outros romperam com namoros, casamentos, e outros perderam pessoas queridas. A maioria disse que foi um ano difícil , pelas perdas irreparáveis, pelos sentimentos envolvidos e até pela falta de dinheiro.
Grande parte desses amigos atribuíram a culpa do ano ruim, entre outras coisas, por ser um ano que termina em 13, ou seja, um número de pouca sorte para alguns.
Passando o meu ano na régua, na ponta do lápis da maneira mais cartesiana que existe, esse ano eu ganhei.
2013 foi um ano que eu ganhei de presente pra vida toda. Não falo de grana, que também não posso reclamar, porque as contas estão pagas, mas, um ano de assuntos que precisavam definitivamente entrar nos eixos. Sonhos que precisavam ser colhidos.
Foi um ano de sonhos realizados. Desde viajar com meu filho para Disney, depois conhecer Madrid e Barcelona com uma amiga, até viajar de novo pra Disney com meu namorado.
E o melhor de todos os sonhos, me reencontrar com o amor, dar um passo que me levou a ancorar meu coração num porto seguro, num porto de paz.
Teve de tudo, e de tudo que é bom e faz o coração feliz. Muitas festas, jantares, vinhos, risadas, praia, amizade, muito amor. Com direto á pegar a estrada de Miami para Key West num Mustang conversível da maneira mais “Hollyudiana” possível, de óculos escuros, cabelos ao vento, respirando liberdade, num dia de pôr do sol na estrada ás 20hs.
Nesse dia mais de uma vez eu soube que eu sou abençoada, e tive a certeza que estava com a pessoa certa, que eu estava amando e feliz. Agradeci olhando para pôr do sol por ter me reencontrado, por ter me resgatado a tempo de viver tantas coisas boas.
Foi um ano de trabalho e recompensa. 2013 foi generoso comigo.
Mas, se comigo foi um filme de amor, aventura e um certo glamour tenho consciência que para outras pessoas foi um ano de perdas, de luta, de tristeza.
Perdas materiais damos um jeito, mas, e quando perdemos alguém? E quando é tão de repente que nos tira o ar?
O que dá para recuperar, recuperamos mas, e o que não dá? como fica?
Como fica quem perdeu pai, mãe, marido, amor? Não sei. Não dá pra saber. A gente só sente junto, pega na mão e ajuda a andar.
Quem fica precisa achar um novo caminho, ou continuar a andar no mesmo, só que de um jeito diferente.
Perder pessoas muda a gente. Posso dizer com toda propriedade que ganhar pessoas também.
Muito escutei sobre cansaço. Foi um ano que cansou muito. Não sei se porque estamos envelhecendo rápido demais e o pique é outro, a pilha não está mais zerada, a maioria se queixou desse cansaço.
Quase todo mundo cansou do trânsito caótico, da violência, dos protestos, dos políticos, da impunidade, do chefe, dos afazeres de casa, de ser mulher, de ser homem, de ser filho. Quase todo mundo cansou de alguma coisa.
Estamos exaustos! Dormindo mal, trabalhando muito, pagando alto por quase nada.  
Agora já nos últimos dias de 2013, as pernas estão se arrastando. Todo mundo quer botar um chinelo, uma roupa leve e sossegar o corpo e a alma.
O que deu pra fazer deu, o que não deu, joga pra lista de 2014. E no novo ano já temos mil compromissos assumidos.
Apesar de tudo igual, ano novo tem um ar de otimismo, a gente simplesmente acredita que tudo vai mudar para melhor, mesmo continuando no mesmo trabalho, na mesma família, na mesma relação desgastada.
Isso cansa! O que cansa é a falta de mudança. O que cansa é a falta de mudar! Da gente mudar e não do ano.
Esse ano muita coisa mudou na minha vida, e foi bom. Porque eu mudei para melhor comigo mesma.
2014 promete ser um ano cheio. Espero cheio de boas possibilidades para todos e não só de expectativas, e de saco cheio.
Temos Copa do mundo, Eleições, poucos feriados, muitas coisas pra fazer.
E vamos fazer.
Que venha 2014. Porque vamos matar no peito e fazer um gol de placa.
Afinal, em 2014 vai ter jogo e o jogo vai ser no nosso campinho, portanto, temos a obrigação de jogar bem, de vestir essa camisa 10.
Bom próximo ano pra todos nós!  


  
quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Janeide ou Luiza


Ela manda parar em frente ao portão capenga do cortiço. Desce do carro as 6:42 fumando um resto de cigarro, com uma roupa colada que ajuda a desenhar o corpo, o cabelo amassado, maquiagem já desforme, na mesma mão do cigarro segura um copo de plástico com uma bebida já no fim. Não dá pra saber o que tem no copo. Cerveja, pinga, vodka. Também não faz diferença. Por fim ela bebe as suas mágoas e diz tchau pro dono do carro.
Janeide Luiza, é uma mulher bonita, é nova e desejável. Era assim que ela vivia, do desejo dos homens, de qualquer desejo por ela.
No corredor do cortiço encontra o senhor Luiz, que diz bom dia, desejando que ela tenha mesmo um dia bom. 
Abre a porta de casa e vai logo tirando a roupa de sair. Coloca a roupa de ficar em casa, escova os dentes, e vai pra beira do tanque. Amarra o cabelo com uma xuxa, separa a roupa de cor, da roupa branca e começa o dia.
Os meninos estão no quarto dormindo. A mãe D. Isaura também.
Ela lava a roupa, a louça, o banheiro. Passa um pano na casa. Escuta o rádio baixinho.
Depois de tudo arrumado ela acorda os meninos. Os meninos não são dela. O irmão e a cunhada que passaram lá no cortiço um dia e sumiram no mundo. Os meninos ficaram, e junto com eles a responsabilidade toda pra ela.
Coloca o leite, o pão e a manteiga na mesa. Essa semana ela não viu o seu Agenor da padaria. Então não tem requeijão, queijo, presunto, danone, Ana Maria, Toddy. Essa semana provavelmente não vai ter carne.
Semana que vem é a última quinta do mês, e aí ela vê seu Agenor, e nesse dia tem banquete. E tem o nojo dele também, mas, pra ver os meninos felizes ela engole o nojo e suporta.
A mãe sai do quarto ainda cheirando à álcool. Senta na cadeira em frente à mesa e pra disfarçar o tremor das mãos, brinca com o miolo do pão.
Janeide Luiza, diz para os meninos descerem e brincarem um pouco enquanto apronta o almoço. Arroz, feijão, salada de dois tomates e ovo frito.
Eles pegam cada um, um brinquedo velho e cansado e vão. Quando ela olha para os meninos, saindo, ela tenta se convencer que eles estão tendo uma infância boa.
Nesse momento ela olha pra mãe, já não sabe o que dizer e nem pensar. Não cobra mais nada. Não faz sentido cobrar de quem não pode oferecer, ou pagar.
Começa a fazer o almoço. A mãe vai pro quarto cambaleando, liga a TV e pega a garrafa de pinga de baixo da cama. Em pouco tempo mata a garrafa e dorme de novo.
Janeide Luiza nunca sabe como agir nessa situação. É sempre uma tristeza que invade tudo, é um desespero que toma conta dos pensamentos e a deixa imóvel.
Os meninos sobem, tomam banho e se aprontam pra ir para escola. Fazem tudo sozinhos. Ela, não os mima não, porque tem medo de faltar e eles não saberem se virar na vida.
Eles vão pra escola a pé e sozinhos. Ela olha da janela. 
Quando a cozinha está limpa ela despenca no sofá rasgado, dorme de cansada. Ela nunca sonha, nem sabe se tem sonho, ela só quer botar comida na mesa e dar alguma coisa que alegre os meninos.
Quando ela acorda, parece mais exausta, parece que foi atropelada por um caminhão de mudança, um caminhão de realidade.
Vai para o banheiro velho que cheira mofo com os azulejos caídos, liga o chuveiro, se olha no espelho. Se pergunta em voz alta: O que vai ser dela quando o peito cair, a barriga ficar grande, a pele flácida, a bunda cheia de furos? – O que vai ser dela quando a idade chegar e o desejo deles por ela envelhecer?
Ela entra no chuveiro, se lava, se esfrega como quem quer tirar da pele, o nojo, o desgosto. Como quem quer lavar a culpa de não tentar uma vida melhor pra ela e os meninos.
Janeide Luiza não é feliz desde o dia que nasceu. Ela só se permite ser menos triste uma vez por mês. Todo último sábado do mês, ela deixa os meninos com a D.Luzia esposa do Sr. Luiz e vai pro samba na zona sul.
Chega e se faz de moça rica e bem nascida. No samba ela se sente rainha. Samba, conversa, joga charme, conta que foi para Europa, que está esperando o carro novo chegar, que quando acabar a faculdade vai morar fora por um ano. Fala umas expressões em inglês para impressionar.
No samba ela conta a realidade que ela inventa pra fazer parte da panelinha.
Não bebe muito, não beija nenhum homem, lá ela é Luiza Magalhães. Lá ela só samba sua felicidade de um dia só.
Quando vai embora, ela pega o táxi do Rui, que a deixa duas quadras pra frente da rua do samba, pra ela pegar o ônibus para casa.
Rui sempre puxa papo, quer assunto. Ela fala pouco.
No último mês, ela entrou no táxi e desabou a chorar. Chorou muito. Nesse dia, o Rui não deixou ela duas quadras do samba, andou duas horas com ela pela cidade. Ela acalmou e disse pra ele toda a verdade da Janeide Luiza. Disse que fazia faxina para sustentar a família, essa foi a verdade, ou pelo menos não pareceu mentira.
Ele a levou para casa sem cobrar a corrida, se despediu e disse quem sabe não comemos uma pizza qualquer dia desses e pediu o número do celular dela.
Ela agradeceu, deu o número do celular mas, não esperou ele ligar.
O tempo se arrastou na mesma rotina. Ela continuou vendo o seu Agenor e todos os outros. Cuidou dos meninos, limpou a casa. E não quis mais ir no samba.
Num domingo a tarde o celular toca, é o Rui a convidando para pizza.
Ela aceita de primeira, como se fosse um programa. Pensa que se sobrar algum pedaço de pizza ela pode levar para os meninos.
Foram 12 domingos comendo pizza de mussarela e calabresa, e tomando refrigerante.
Foram 3 meses para descobrir que o Rui era advogado mas, que por não gostar da profissão comprou o táxi. Que era órfão e neto de uma senhora italiana que tinha alguns bens. Ele tinha uma vida confortável. Ele tinha o que oferecer.
Foram muitas noites até ela beijar o Rui na boca com todo recato e pudor que uma faxineira pode ter e assim descer do carro feliz.
Nessa noite ela chegou em casa sorrindo, beijo as crianças que estavam dormindo, beijou a mãe que estava gelada á horas deitada na cama.
Numa única noite ela beijou pela primeira vez o amor, a morte e o futuro melhor dela e dos meninos.
Não se importou com mais nada, em pouco tempo ela seria somente Luiza.

*Thais essa é a minha Janeide Luiza. Obrigada pelo nome!

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

O casamento de hoje


Faz uns dias fui no Chá de lingieri da Aline, uma amiga que vai se casar. Na verdade vai oficializar a união, porque, já mora junto com o namorado. Chá de lingieri é um encontro proporcionado para a noiva, onde as convidadas a presenteiam com lingieries.
Mas, não se trata de um chá comportado desses entre senhoras da sociedade, que falam de filantropia, caridade, religião, netos, e tem bingo. Mas, um chá com bebidas alcoólicas, brincadeiras atrevidas, algum mico, muitas risadas e diversão feminina. Portanto, recinto proibido aos homens.
Logo na chegada tivemos que escolher nomes de pessoas que gostaríamos de ser. Podia ser qualquer pessoa que você quisesse, menos você.  Não vi ninguém querendo ser alguém que já conhecia ou do seu conviveu, tipo mãe, irmã, vó, prima, amiga. Achei bom, imagina alguém querendo ser eu?! Poderia soar meio psicopata! Todas escolhemos ser celebridades. E é incrível como ser uma outra pessoa de “mentirinha” te dá um certo conforto, um aval, para se comportar de outra forma. Qualquer coisa é só colocar a culpa na outra personalidade.
No nosso grupo, o mais animado sempre, tínhamos a Miriam Leitão,  Sabrina Sato, Beyoncé e Fernanda Lima. Um grupo eclético.  Eu queria ser a Hebe. Mas, como alguém já tinha escolhido a Hebe, fui a Fernanda Lima mesmo. Afinal, ser cover da cover da Hebe não dá.
Nunca havia ido á um Chá de lingierie porque é modismo novo. Mas, esse foi bem tranquilo. Dizem as más línguas que alguns chás são bem quentes, pelando de queimar a língua.
Esse foi algumas brincadeiras, a noiva abriu os presentes, quase todas as participantes eufóricas, alegres, e apenas isso. Comportamento exemplar de todas. Acho que para algumas foi uma pena. Acho que tinham algumas mulheres esperando um “Se beber não case” (Filme) ops! Mas, aí já seria uma despedida de solteira Hollyudiana e plágio.
Foi gostoso. A noiva estava feliz e todo mudo se divertiu.
Enquanto a Aline abria os presentes pensava,  o casamento está muito mudado.
Antes as pessoas casavam sem nada. Só tinham amor, a vontade de casar e planos! (e isso é muito). Mal tinham casa,  os noivos moravam de aluguel, compravam as coisas em prestações e aos poucos, tinha uma comemoração modesta com um bolo, refrigerante, salgadinhos, docinhos tipo cajuzinho, um único champagne para o brinde dos noivos.  Eram convidados os mais, mais, chegados do casal, tanto família, como amigos. E quando dava, tinha lua de mel na praia ou no campo. Praia Grande, Santos, Atibaia, Campos do Jordão e Rio de Janeiro, quando o casal tinha um pouco mais de condição.
Mas, era coisa simples, era amor até que a morte os separassem! nada de luxo, de banda de músicos, de 300 ou mais convidados, de retrospectiva no telão,  de lua de mel no estrangeiro, de casa comprada e mobiliada com decorador. Porém, as pessoas ficavam casadas a vida toda, dividiam as tristezas e os sabores da vida.
Hoje está tudo muito luxuoso! É uma noite especial, mágica, e os noivos não poupam esforços para fazer diferente e ao mesmo tempo igual nessa noite. 
É verdade, pare para observar nas músicas de casamento, nas comidas de casamento, no bem casado de casamento.... as vezes os noivos passam um ano organizando os preparativos pra ser tudo igual! Mas, os convidados também  esperam isso, nós gostamos dessa repetição.
Hoje a infra estrutura por trás de um casamento é gigante!! Parece um super evento e que  muitas vezes dura pouco. Não a festa dura pouco mas, os casamentos não durão muito. As vezes nem até o álbum e o DVD, ficarem prontos.
O casal quer fazer diferente na noite do casamento, mas, muitas vezes incorrem nos erros comuns do dia á dia e aí vai tudo por água baixo.
Eu adoro festa de casamento, o clima, as pessoas celebrando a felicidade do casal,  mas, me preocupo com o “dar  certo”, com o “e viveram felizes para sempre” depois da festança.
Quase sempre na benção desejo de coração que dure, ou que seja feliz enquanto durar.
Para alguns é um ritual de escolha importante. Para outros só exibição sem necessidade, formalidade para família e sociedade.
Cada um tem seu ponto de vista. E hoje o bom é que cada um faz do seu jeito.
Seja o que for o casamento mudou. Tornou-se a instituição mais democrática que existe. Porque hoje ninguém precisa ficar com ninguém por convenção, obrigação, dinheiro ou dó.
Hoje existem mais separações e se por um lado isso é ruim, por outro lado é maravilhoso poder dar adeus ao que não faz feliz e começar de novo.
Dizem que o segundo casamento é que dá certo. Sem gorar o primeiro casamento de ninguém, faz sentido. O segundo casamento é mais pé no chão, menos erros, e muitas vezes mais amor.
No segundo casamento as pessoas estão mais maduras. Os ajustes não são mais fáceis, mas, nós damos um jeito de ser mais fácil porque queremos repetir o filme mas não o mesmo final.
Ah! casar ou juntar? Essa é outra questão do segundo casamento. No primeiro a gente casa no papel, na igreja. No segundo muitas vezes a gente se junta. Porque a vontade é de estar junto mesmo.
Geralmente juntamos os restos de uma casa com os restos da outra casa e assim se faz com os amigos e os filhos do primeiro casamento, quando se tem.
Junta tudo! Vira uma salada mista gigante de sentimentos e convivências para administrar.
E não é bom? Eu acho bom! ainda que dê alguma dor de cabeça é bom. Bom pra caramba, juntar, misturar tudo, casar e ser feliz! Mais feliz!
A recita do bolo da felicidade á dois não sabemos.  E nunca saberemos! Esse é um dos maiores segredos da vida. Esse é um dos sabores mais doces da vida.
Mas, a verdade é uma só ... da fatia desse bolo da felicidade todo mundo quer mais um pedacinho ou pra ser honesta o bolo todo.
Vamos então se lambuzar dessa felicidade á dois! Vamos casar uma, duas, quantas vezes quisermos, vamos se juntar milhões de vezes até a conta bater.

Dos noivos Aline e Luiz Felipe eu só espero uma festa linda, regada de boa energia, amor, com fartura de felicidade como vocês tanto desejaram. Á vocês eu desejo que o bolo da felicidade não acabe. Que vocês sempre tenham um pedacinho extra guardado no coração. 
quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O Tal Casal


Fim de semana passado viajei com meu namorado para Ilha Bela. Ficamos hospedados num hotel incrível e tipicamente de casal. Tinham algumas famílias, uma e outra turma, mas, o público na sua maioria era de casal. Casal de namorados, noivos, marido e mulher, “ficantes”  e talvez até de amantes, não sabemos.
Sou muito de observar o comportamento e as pessoas.
Observei o Casal 1.
Num momento lá esticada numa das espreguiçadeiras na praia, foi compulsivo comecei a reparar no casal 1 ao nosso lado.
Observei que ambos estavam incomodados. Debatiam suas preferências. A causa do incomodo era que um queria fazer uma coisa e o outro queria fazer outra coisa. Atitude normal entre casal. Ele queria correr, fazer caminhada e ela queria ficar assim como eu, jogada na espreguiçadeira.
Depois de alguns bons minutos ela acabou cedendo e disse para ele ir correr, caminhar. Ele foi. Ela ficou lá jogada na espreguiçadeira.
Sozinha pediu o cardápio e começou a beber. Beber muito eu digo. Três cervejas, um drink estrambólico com guarda chuvinha, outro tipo de cerveja e uma caipirinha ou batida não consegui distinguir.
E comeu também. Pouco.
Eu lendo, tomando meu vinho branco, também jogada no sol, pensei: “Tadinha sozinha, enchendo a cara com a solidão”.  Ao menos ela tinha um Iphone que generosamente lhe fez companhia.

Passou o tempo, muito tempo, nada do moço corredor voltar. Passaram-se horas e se não fosse pela cara de poucos amigos dela eu teria puxado papo e teria dito: “Acho que ele não volta mais, ou foi atropelado”.
Enfim, ele voltou!!!! Eu e o Fernando (meu namorado) estávamos angustiados pela demora e quase abraçamos ele dizendo que bom que voltou sentimos a sua falta!!!!
Confesso que em alguns momentos me senti constrangida por estar ali, no maior “love” com o meu namorado e a pobrezinha bebendo sua fúria e engolindo seu desprezo.
O fato é, até aí tudo bem (mais ou menos) ele tinha voltado e isso era bom.
Mas, quando ele voltou foi pior. Porque notei que não havia nenhum sentimento entre eles. Ele não se importou de ter deixado ela sozinha, ela não ligou pra ele. Conversaram como duas pessoas sem afeto. Não se tocaram em nenhum momento. Nem um beijo, nem um olhar, nem um abraço, nem um apelido ridículo de casal foi dito. Não havia intimidade, cheguei a suspeitar que a relação era falsa, de mentira. E era mesmo. Estavam juntos por qualquer outro motivo menos amor.
Porque nenhuma relação de verdade é assim, estranha, desapegada, imune ao outro.
Concluí que ali não tinha amor nem bem escondidinho atrás da orelha!   
Assim, caiu a tarde e fomos para piscina. Eles também foram.
Na piscina ela pediu um vinho Rosé, que somente ela tomou. Essa era a questão, cada um fazia somente o que queria fazer, sem compartilhar com o outro. Era um barco com dois remadores, remando para lugares opostos.
Parei de observá-los porque me senti triste de ver duas pessoas nessa situação tão errada.
Observei o Casal 2.
No outro dia no café da manhã, olhei outro casal. O casal 2 era dos seus 45 ou 50 anos mais ou menos. Esses me frustraram mesmo. Nem sequer uma palavra. Cada um tomou seu café da manhã, ambos mudos, e depois de tomarem uma taça de champagne cada um, continuaram sozinhos mas, juntos.
Me fiz perguntas que não poderia fazer á eles. Porque estavam ali, num lugar lindo, com tudo do bom e do melhor totalmente apáticos?? Será que foi o tempo que os tornou assim? Será que o amor acabou e a única coisa que restou foi a presença muda um do outro? Será que cada um tinha um outro alguém? Será que já tinham vivido o calor da paixão? Ou seria apenas o mal humor das primeiras horas do dia?
Eles se levantaram da mesa e se foram calados. Fiquei sem respostas.
Observei o Casal 3.
No meio da tarde, na piscina, tinha uma Gordinha e um Magrinho (por favor me refiro assim carinhosamente e não pejorativamente. Afinal, todos temos nosso charme magrinhos e gordinhas e vice versa).
O casal 3 conversaram, nadaram, se beijaram e comeram. Comeram muito. Ela pedia ele dava. Bolinho, casquinha de siri, e mais uma cerveja, e uma coca cola e mais algumas outras gostosuras.
Ele não se importava em atendê-la, ela parecia feliz, e ele também em satisfazê-la. Esteticamente falando não combinavam muito, mas, se entendiam. Tinha uma coisa boa nesse casal. Eles compartilhavam. Principalmente comida. E daí que era muita comida. Cada casal na sua intimidade compartilha suas coisas. Seja comida, vinho, livro, música, esporte, trabalho, sexo e até maldades! Cada casal se alimenta da sua afinidade.
Mais tarde após fazer check out no hotel, encontramos novamente esse casal na sorveteria. Tomando bolas e mais bolas de sorvetes. Porém, felizes. Ele já nem tanto, ela sim, feliz.
Observei "O Tal Casal"
Eles se encontraram depois de 20 anos. Sempre foram amigos, mas, já tinham ficado juntos, lá, bem lá nos seus 19 anos e depois nos seus 30 e poucos anos, quando estavam solteiros.
Eles tem afinidade, gostam das mesmas coisas, tem a mesma alegria, e simpatia pela vida. São felizes por natureza e estão felizes juntos por amor.
Brincam, brigam e se entendem. 
Um casal que não segue nenhum modelo e nem sabe qual a fórmula da felicidade. Mas, são reciprocidade. Um casal com uma única pretensão, fazer bem um ao outro.
O tal casal, o par  e ao mesmo tempo ímpar porque querem coisas diferentes.
Eles não são perfeitos. Mas, da maneira mais clichê são casal. Como Romeu e Julieta, como Johnny e Junne (amo esse casal), como a Dama e o Vagabundo e tantos outros. Como o amor é clichê, cafona e exibicionista. Nas diferenças e nas igualdades.
Porque sei lá se você é um casal normal, anormal, singular ou plural, se você é um casal heterossexual ou homossexual, de verdade ou de mentira, no fundo todo mundo ama parecido e sofre parecido por  amor. Mas, quando é amor.
Somente hoje depois de alguns relacionamentos, e observando os relacionamentos a minha volta compreendo melhor essa palavra “casal”.
Somente hoje sou com ele e o que sempre quis ser com alguém. Nem o casal 1, nem o casal 2 e nem o casal 3.
Somente hoje entendo porque as vezes temos que esperar para ser O Tal  Casal.


quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Bendito seja o nosso fruto, nossas crianças


Essa semana comemoramos o Dia das Crianças. Enfim, mais uma data comercial. Nada contra.
Mas, estava pensando nelas, nas nossas crianças. Como nossas crianças estão? 
Cheguei a conclusão que nossas crianças estão como nossas frutas de hoje.
Sim, porque antigamente a gente ia no mercado, feira, sacolão, comprava uma fruta e ela tinha gosto, tinha sabor.
Ela tinha o tempo certo de nascer, desenvolver e amadurecer.
Hoje nossas frutas estão passando por um processo de amadurecimento precoce. Ficam em estufas, recebem fertilizantes em excesso e todo desenvolvimento torna-se anti natural e logo artíficial e consequentemente tudo é rápido e sem gosto.
Pois digo de novo, nossas crianças estão parecidas com as nossas frutas.
Já pensou que elas estão sabidas demais? Estão até atrevidas demais?
Eu acho maravilhoso o mundo evoluir, a informação chegar, todo ser vivo aprender, e usufruir de tantas coisas boas.
Mas, toda essa tecnologia, toda essa informação acelerada, todo esse modismo, não atrapalha?! Será que tudo isso na verdade não está atropelando nossos filhos?
As meninas estão pintando suas unhas cedo, usando salto alto cedo, tornando-se mulheres mais cedo. E cedo sofrendo, e cedo se cobrando o corpo que tem que ser magro, a roupa que precisa mostrar o que são.
Os meninos estão se deparando com a violência cedo também. Nas ruas, nos jogos de computador. Tudo bem, pesquisas indicam que esses jogos não tornam ninguém mais agressivo, que são apenas jogos de estratégias. Mas, será mesmo?
Elas e eles estão expostos. Despudoradamente expostos.
E a sexualidade? Uma outra questão séria. 
Meninas e meninos com vontades aceleradas, decisões preciptadas para uma cabeça ainda despreparada para todas as consequencias possíveis.
Nossos frutos estão sendo colhidos antes do tempo. Estão caindo do pé ainda sem saber cair de pé sem se machucar.
Como mãe me preocupa ter esse mundo para devorá-los.
Porque de verdade o mundo nos mastiga. E as vezes nos engole, e outras vezes nos vomita.
Criar crianças com auto estima, com personalidade, está cada vez mais complicado.
Porque se ora bajulamos, cedemos, damos, somos permissivos, apoiamos, depois temos que ser duros, firmes, ponderados.
É sempre um combate duro e um medo gigante de errar.
Tudo na medida certa é o certo.
Mas, qual é essa medida? Que medida é essa que anda tão desmedida?
Adubo demais apodrece o fruto. Adubo de menos encrua.
Não tem sido fácil ser pais e tão pouco filhos.
Acho que se considerarmos o meio algo que influencia, precisamos começar a notar o meio. Principalmente o meio dessa relação.
Hoje cada vez mais e mais crianças deitam no divã. E ainda pequenas estão tentando curar suas angústias, seus medos e se encontrar.
Crianças estão comendo mal e sendo obesas porque em algumas o buraco é grande e de alguma maneira o vazio precisa ser preenchido.
Criança nasceu para um dia ser adulto. Mas, um dia, não precisa ser já, agora, nesse instante.
Esses dias disse para o meu filho fazer uma conta. Disse: Você tem 14 anos, 14 anos está mais perto de 7 anos ou de 18 anos? 
Ele respondeu: Está mais perto de 18 anos.
Aí eu concluí: Pois é, você não é mais uma criança, você é quase um homem. E me doeu dizer isso. Porque sei que muita coisa vai mudar quando ele for um homem. 
Vai mudar, algumas para melhor e outras pra pior. Faz parte da brincadeira. 
Mas, não vamos acelerar o tempo, o crescimento.
Quero muito que daqui um tempo a infância tenha sido mesmo o que fez a diferença no homem que meu filho vai ser.
Sem complexos, sem cobranças demais, sem responsabilidades de menos. 
Apenas na medida. E na medida que a vida exigir.  
Bendita seja a criança sapeca levada da breca! Amém!

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Já fui celebridade


Semana passada mexendo na minha caixa de recordação, como de  costume abri uma das minhas agendas, espécie de diário da época onde registrávamos a vida, segredos e tudo que você pode imaginar.
Abri num dia aleatório e li o que estava escrito.
Exatamente como a gente faz com aqueles livrinhos de sorte e azar.
Sorte minha ter essas agendas para me matar de rir do passado, e até chorar de tudo que existencialmente vivi enquanto era adolescente.
Minha surpresa foi que no dia que abri a agenda, contava sobre um show do Information Society, que eu tinha ido no Ibirapuera com uma amiga do colégio, a Letícia Pina.
A história é boa, mas, o melhor é sermos amigas até hoje. 
Ir no show com uma amiga pra se divertir ok, tudo bem, nada de mais. Se não fosse um grupo de meninas e meninos do interior acharem que eu era uma paquita.
Nessa época a Xuxa estava em alta, e apesar de não ser mais criança, havia uma babação de ovo geral por ela.
Quase todas as meninas tinham esse desejo inconsciente ou descarado de ser uma paquita.
A gente tinha fetiche pela roupa, pela bota branca, e aquele cabelo cortado.
Cabelo cortado era: Uma franja e um repicado dos lados.
Essa foi a questão. Eu tinha o cabelo castanho aloirado, e cortado exatamente igual ao cabelo das paquitas. Acho que o biotipo também era parecido, baixinha, magra e cara de menina. Afinal, eu era uma menina de 14 anos. 
Estava no show aguardado o começo quando fui surpreendida por uma menina que me olhava e cochichava com outras meninas. Ela veio até onde eu estava e me disse: Você é paquita né?! Me dá um autógrafo?
Eu imediatamente disse: Claro com o maior prazer.
E assim super incorporei a Pituxa paquita da Xuxa e dei alguns autógrafos.
Minha amiga não acreditou na minha capacidade de ser paquita. 
Fui simpática, querida, gentil... lógico! eu não era paquita todo dia, então, foi moleza.
Abusei da fama de minuto e me joguei! Dei tchau, fiz charme, me fiz de famosa na cara de pau. 
Não era absolutamente nada de mais ser paquita, mas, para uma menina de 14 anos perto de outras da mesma idade era quase ser uma Pop Star.
Até o segurança do show apostou tudo que eu era paquita.
Vou contar é impressionante o que essa fama minuto causa na vaidade e auto estima de uma menina.
Imagina eu adolescente, com o ego nas estrelas chegando no colégio na segunda feira. Pois é, apesar de ninguém saber do fato, apenas a minha amiga, eu cheguei me achando mais que musa do verão, Miss Brasil ou garota capa da Capricho (Revista super popular na época)
Minha fama durou pouco. Foi quase um cometa de tão rápida, mas, valeu pela graça.
Nunca quis ser famosa, ou melhor nunca quis esse palco. Sempre fez mais minha cabeça ficar atrás do palco. 
Sempre gostei mais de criar o personagem, do que ser o personagem.
Mas, muitas vezes isso de ser o personagem ou de criar o personagem se confundem e se fundem em mim.
Acho que em todos na verdade.
Hoje mais madura, bem mais eu diria, e penso eu que não mais parecida com uma paquita, se eu fosse num show e alguém me pedisse um autógrafo por achar que eu era alguém famosa, possivelmente eu daria.
Mas, assinaria: Um beijo Marcela Moretto. 
E por uma única razão, na minha vida a artista sou eu.
Eu que brinco, que me faço rir, chorar, que conto piada, eu que ganho Oscar por fazer o papel que eu mais gosto de fazer, eu mesma.
Sou eu que vou perder o rebolado e o papel principal se eu deixar de ser eu mesma.
Se passar por outra pessoa sem ser ela de fato, é falsidade ideológica criminalmente falando.
Mas, deixar de ser si mesma é crime inafiançável, nem todo dinheiro do mundo pagam os danos morais e emocionais. É das piores coisas que alguém pode fazer. E o pior, fazer com ela mesma.
Brincar de ser famosa por uma noite sem lesar ninguém e nem a si mesmo, não é crime é pura molecagem.
Eu adorei ser paquita por uma noite. Mas, hoje vivo no anonimato feliz de ser a Marcela.
Ah! gente ninguém é de ferro vai.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Minha Madrinha


Hoje vindo trabalhar no ônibus, sentei ao lado de uma senhorinha muito simpática. Impecavelmente alinhada da cabeça aos pés. Vestido limpinho e bem passado, calçados novinhos, cabelo arrumadinho num coque, cheiro de alfazema saindo do pequeno corpo dela.
No colo ela segurava com esmero e muito carinho uma forma de bolo. Pelo cheiro era bolo de laranja.
Começamos a conversar e ela me contou que o bolo era para sua afilhada que havia saído do hospital.
Imediatamente me lembrei da minha madrinha.
Logo dona Gilda desceu do ônibus com o bolo e foi se encontrar com Larissa sua afilhada.
Eu fiquei sentada no ônibus sonhando acordada com a Tia Carmen, minha madrinha.
Quando somos católicos praticantes ou não, escolhemos padrinhos para os nossos filhos, assim como nossos pais escolhem para nós. É hábito, religião e com dizem os antigos é pra não morrer pagão. Geralmente padrinhos são próximos, parentes, irmãos, amigos queridos, na maioria das vezes são pessoas que poderiam ser o pai e a mãe dessa criança se os pais de sangue faltassem.
Por isso ser madrinha e padrinho de alguém é uma honra, um voto de confiança eterno.
Não sei se é muito certo nossos pais escolherem nossos padrinhos. Mas, é o costume. Conheço gente que cresceu e que os pais deixaram com que a pessoa escolhesse seus próprios padrinhos. Acho mais justo. Porque se tem padrinhos e madrinhas que gostamos também existem aqueles que não temos a menor afinidade.
Meus padrinhos foram escolhidos por consideração e amizade. Meu padrinho trabalhou junto com meu pai. Eles eram amigos.  Era um casal mais velho, eram idosos. Foi meu padrinho que escolheu meu nome Marcela, e eu amo me chamar assim. Me sinto Marcela, muitas as vezes.
Me peguei voltando lá no passado e revivi no trajeto para o trabalho muito amor, muitas lembranças boas.
Eu ia pra casa da minha madrinha sempre. Ela morava num sobrado na zona norte. Era uma casa enorme que eu adorava. Tinha um porão cheio de ferramentas, coisas velhas que cheirava umidade.
A cozinha era branca e preta com coisas do Corinthians por causa do Tio Irineu, meu padrinho. Ele era um doce velho ranzinza briguento.
Muitas vezes o vi na espreguiçadeira ouvindo o jogo no rádio. Era louco pelo Timão.
Na parte de cima da casa tinha um terraço enorme onde ficava a lavanderia, a cachorra Lessi, os passarinhos, a tartaruga e a gata Pupi. Acho que a casa tinha muitos bichos porque eles tinham uma única filha a Bel, Isabel.
A Bel era mais velha que eu, era mocinha. Era no quarto dela que eu dormia na minha caminha de ferro de montar e desmontar tipo cama de exército.
Eu morria de vergonha quando e sempre acontecia isso, a minha madrinha colocava o colchão no sol porque eu fazia xixi na cama.Ela nunca brigou, achava graça.
Nessa época eu comia quase nada. Era magrinha, ás vezes anêmica, mas, na casa dela eu só levantava da mesa se raspasse o prato. Era uma tortura comer tudo aquilo! Bons tempos.  
Ela fazia um bolo de chocolate que eu nunca comi igual. E também um macarrão na caçarola, a cocada de leite condensado, a lentilha com folha de louro. Ela também fazia a melhor empadinha das galáxias! E quando ela fazia empadinha, eu separava as forminhas e untava com manteiga. Ela dizia pra vizinha que eu era a melhor ajudante.

Muitas foram as tardes que a gente fez bauru no tostex e tomou guaraná, assistindo a Ilha da Fantasia. Nessa época eu ainda não era uma viciada em coca cola.
A parte que eu mais gostava quando ficava lá era vê-la lavando a roupa. Porque ela deixava eu cuidar dos passarinhos. Eu ficava alucinada com as gaiolas. Trocava o jornal, colocava alpiste, jiló, água, e quase deixava eles escaparem. Achava um pecado eles ali presos.
Me lembrei de tudo. Da roupa de cama que cheirava lavanda, sempre branca que ficava de molho na bacia de alumínio e depois ia pro varal.
Eu pequena me escondia atrás do lençol e brincava que era um fantasma. Ela fingia ter medo pra me fazer rir.
O banheiro era gigante! Amarelo com as louças pretas. Parecia um banheiro de atriz de cinema, porque tinha lâmpadas em volta do espelho.
Ganhei presente em todas as dadas comemorativas mesmo meus padrinhos sendo simples, e sem muitos recursos.
Mas, o presente que eu mais gostei de ganhar foi um chinelo de pelinhos igualzinho o da minha madrinha. Passávamos o dia inteiro eu e ela arrastando nossos chinelos de pelinhos. Até o dia que a cachorra comeu a metade do meu.
Minha madrinha bebia escondido um vinho chamado Natal.  Quando eu a via bebendo eu falava pode beber que eu não conto pra ninguém. Um dia falei: Posso tomar um pouco?
Ela colocou o vinho numa xícara pequena de café, e como ela eu bebi e disse: Para abrir o apetite! Ela caiu na gargalhada. Acho que abriu tanto o meu apetite que ele não fechou nunca mais.
Eu amava a minha madrinha. Ela era uma leonina calma, pacata, carinhosa, doce. Uma alma diferente.
Estudei muito na mesa da cozinha dela. Tabuada, ditado, matemática, português. A Bel, me obrigava. Ela gostou tanto de me dar aulas que fez letras na PUC. Eu praticamente fui o teste vocacional dela vamos dizer assim.
Virou uma boa professora de português.
Minha madrinha morreu numa férias de verão, quando eu já era uma adolescente e estava na praia. Não fui no velório e nem no enterro.
Melhor assim. Porque só lembro dela viva. Porque não enterrei minhas boas lembranças dela.
Vira mexe eu sonho com ela.  E quando eu sonho é uma sensação muito real de saudades e carinho, talvez ela venha me visitar em sonho, só pra ver se eu estou comendo tudo (e eu estou) ou se eu estou feliz.
Hoje eu revivi esse tempinho bom com a minha madrinha, e fico pensando com tanta gente que já tive o prazer de reencontrar no facebook, ainda não reencontrei a Bel.
Sei lá, acho que ela ia ficar feliz de saber que tenho esse blog, que ás vezes eu escrevo aqui e que hoje o texto foi pra mãe dela.
Fada madrinha nos contos de fada é aquela figura mágica que abençoa, cuida, protege, e com uma varinha mágica te transforma na Cinderela.
Pois é, minha madrinha era uma fada, quase todas as madrinhas são. Pois, elas podem proporcionar momentos de vida mágicos, como esses que eu acabei de relatar.
quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Amizade de muro


Toda vez que viajo a trabalho para o interior de São Paulo, é uma feliz surpresa, apesar do trabalho puxado. Sempre conheço gente cheia de histórias pra contar. E no mês passado em Araraquara não foi diferente. Lá conheci o Sr.Paraná o motorista da van. Um senhor muito simpático, sorriso largo, solicito, desse tipo de gente que você tem vontade de bater papo a tarde inteira, porque ele tem assunto pra dar e vender.
Numa das nossas conversas Sr.Paraná me contou que morou em muitos lugares, mas, como gostava muito de Araraquara foi ali que resolveu ficar e aquietar a vida.
Sr.Paraná, mora numa casa térrea e é vizinho de um casal muito bacana. Contou-me que o Sr.Vizinho dele trabalhou em São Paulo e depois que se aposentou pegou um dinheiro e viajou o Brasil inteiro com a esposa. Depois também gostou de Araraquara e mudou-se com a Sra.Vizinha para casa ao lado da casa do Sr. Paraná.
A Sra.Vizinha, pra mostrar que queria se achegar fez bolinhos e foi levar na casa dele. Começou a amizade. Era uma senhora muito querida, especial, doce e gordinha. Logo Sr.Paraná a apelidou carinhosamente de Dona Bolinha.
Disse que todas as tardes durante quase 20 anos, Dona Bolinha esperava ele chegar do trabalho e no mesmo horário fazia uns bolinhos, um drink Cuba Libre para ela e assobiava para chamar o Sr.Paraná. Iam para o muro. Ela, o marido e o Sr. Paraná, cada um do lado do seu muro com sua bebida, ela com a Cuba Libre, o Sr.Paraná com a Brahma gelada, o marido da Dona Bolinha tomava refrigerante, ele não bebia.
Lá eles viam a tarde cair, a noite chegar e depois cada um se recolhia para sua casa para jantar e ver a novela.
Vida simples, vida boa do interior.
Num fim de semana Dona Bolinha veio para São Paulo para o aniversário de um parente. Toda família estava na festa, ela brincou, comeu, bebeu, dançou, se divertiu a noite toda e de madrugada morreu.
O marido tinha ficado no interior, não foi pra festa e nem pro enterro. Faltou forças. E até hoje falta. O Sr.Paraná disse que fazem 6 anos que o Sr.Vizinho morreu também. Ele morreu mas, a terra ainda não levou. Vive numa tristeza sem fim de dar pena.
Ele disse que a Dona Bolinha faz muita falta, era uma boa amiga. Que sente muita falta dos papos no muro, de vê-la tomando seu drink, fazendo umas coisinhas gostosas para todo mundo comer, tem saudades de ouvir a risada dela.
Ele disse: “Ela era uma grande amiga! Minha família toda sente a falta da alegria dela, da disposição que ela tinha pra fazer tudo para todos de coração”.
Sr.Paraná disse que Dona Bolinha era amiga de todo mundo. Amizade rara, verdadeira. Que sempre tinha alguém na casa dela, conversando, comendo, bebendo, desabafando e saindo de lá com um sorriso no rosto. Ninguém chegava triste e saia triste. A missão dela era ouvir e fazer sorrir quem fosse procurar por ela.
Como nascem as amizades? Com bolinhos? Sorrisos? Ouvidos? Vinhos? Cervejas?
Amizade se faz de afinidade, afeto, empatia, carinho, alegria, verdade, cumplicidade e amor.
Sempre me faço essa pergunta. Como gostamos tanto de alguém pra querer ver toda hora, compartilhar momentos, dores e amores?
Porque essa gente que chamamos de amigo quando nos falta dói pra caramba (eu queria dizer pra caralho)? Dói no peito, na alma, dói e como dói.
Eu me sinto a Dona Bolinha. Sou de amizade fácil. Falo com todo mundo, escuto, choro junto, luto pelas causas, faço rir. Não me custa nada, é de graça.
Como é bom ter amigos. Ter amigos e ser bom tê-los chega a ser sinônimo ou pleonasmo.
Amigo as vezes até atrapalha. Quem já não foi embora de um lugar querendo ficar por causa de um amigo? Quem já não brigou por causa de amigo? Quem já não perdeu o sono por causa de um amigo? Quem já não passou um carão por causa de um amigo? Quem já não emprestou a melhor roupa para um amigo? Quem já não dividiu a melhor parte do bolo com um amigo? Quem já não passou o cartão  mesmo com o saldo negativo por causa do amigo? Quem já não tomou multa por causa do amigo?
Se as vezes amigo atrapalha, saber que ele está ali, do lado, enchendo a paciência sempre ajuda. Ajuda e muito. Ampara, consola, acalma a alma.
Quando eu era menina pequena, porque hoje sou menina grande, eu tinha uma brincadeira com as minhas amigas.
Era assim: Cada uma tinha que imaginar uma ilha perdida e escolher quem ia levar para essa ilha.
Óbvio que a gente sempre escolhia aquele menino que a gente morria de paixão. Mas, a vida vai mudando, a gente cresce, e hoje a minha ilha está lotada de gente.
Não vivemos sem amigos, ou se vivemos, vivemos menos felizes. Eles são parte da nossa vida, do nosso caminho direito ou torto.
Acho que todas as doenças são ruins. Todas trazem dores físicas e emocionais. Mas, rezo e peço que eu nunca tenha Alzheimer. Morro de medo de esquecer as pessoas, meus amigos. Tanto as do presente como as que já passaram por mim.
Eu tenho amigo de todo tipo. E acho que todo mundo tem. Tenho amigo de colégio, prédio, rua, trabalho, praia, amigo de amigo que virou amigo, até ex é amigo. É um bando de gente que me completa.
E cada “turma” tem um jeito, tem um estilo e como cada uma eu danço uma música. E digo são muitos ritmos frenéticos.
Hoje com toda essa tecnologia (e vamos pensar que ela existe a nosso favor), podemos reencontrar os nossos amigos, estar presente na vida deles de alguma forma e eles na nossa vida. Abençoada rede social, que usada para coisas boas aproxima amigos.
Tem uma música que diz assim: “A Amizade nem mesmo a força do tempo irá destruir...”
É verdade. Conheço poucas coisas mais fortes como o tempo. Mas, se existe o tempo que é forte a saudade e o amor são mais!
É por causa da saudade e do amor que as amizades mesmo após muito tempo resistem e duram.
Hoje li um post de uma amiga querida, a Sandra, que eu conheci no show da Roberta Campos. Show que eu fui ano passado, sozinha. Bom, cheguei sentei na mesa dela e do namorado e pronto nasceu uma amizade.
Esse post me comoveu. Dizia sobre a perda de uma amiga para uma doença.
Ela disse: “Não quero ser demagoga, todo mundo sabe o que vou dizer, só num momento tão doloroso e irresistível como este a ficha cai de verdade. Vamos dar valor ao que realmente importa, diga pras pessoas que você ama o quanto elas são importantes para você, se importe com elas, demonstre da maneira mais simples que for, mas não perca nenhuma oportunidade de ser feliz e de fazer feliz! A Fernanda tinha apenas 35 anos, poderia ter sido eu, poderia ter sido qualquer amiga, amigo, parente. Por isso, não deixe para amanhã o que você pode amar hoje!”.
Concordo. Não deixe de ligar, de mandar uma mensagem, de se fazer presente, de ver, de estar junto dos seus amigos. Ainda que a vida seja corrida, ainda que falte tempo, ainda que os caminhos não se cruzem mais, entre amigos sempre vai sobrar amor! E a fé numa boa amizade move montanhas.
Na minha ilha perdida ainda cabe muita gente. Tenho certeza que na sua ilha perdida também.
*Dona Bolinha mesmo sem te conhecer tenho um pedido a fazer receba a Fernanda aí em cima com os seus bolinhos.




quinta-feira, 4 de julho de 2013

O País da bola quer fazer gol de abecedário e não só de letra


Nas últimas semanas o Brasil inteiro viveu dias de história. Tudo começou em virtude do aumento da passagem do ônibus que de R$3,00 passou a ser R$3,20 aqui em São Paulo.
Imediatamente iniciou-se um movimento de manifestações contra o aumento da passagem em todos os Estados, que virou uma onda gigante. Uma onda que engoliu tudo, revirou posicionamentos, e deu um "caldo" no governo.
Nas redes sociais, nas ruas, nos corredores, por onde se andou se ouviu em alto e bom som a voz revoltada por causa de tudo que anda acontecendo no país.
Por causa da corrupção, dos impostos, da impunidade, da falta de tudo e do excesso de conformismo essa voz saiu gritada.
No meio dessa população, dessa massa em peso nas ruas se viu de tudo. Gente que estava pela causa, gente de boa, gente perdida, gente politizada e gente que não estava de boa. E ai houve excessos. Gente apanhou, gente bateu, gente quebrou, gente roubou.
Quem foi disse que teve orgulho de ter participado. Quem não foi, como eu, ficou com cara de ué eu tinha que ter ido também.
Eu tinha que ter ido. Tinha que ter feito meu cartaz com a minha mensagem, eu tinha que ter caminhado por isso tudo que não está caminhando como a gente quer, como a gente precisa.
Não dá mais para o Brasil que pode correr, continuar andando de cadeira de rodas (sem qualquer ofensa aos cadeirantes).
Analisando o cenário, com uma visão leiga assumo, notei que a grande maioria que estava nas ruas não era a classe pobre, a classe D e E. Mas, do que eu vi, a maioria das pessoas que foram para as ruas, que se expressaram de alguma forma, foi a classe média.
No geral quem estava nas ruas eram pessoas estudadas, que trabalham, relativamente jovens maduros, que tem acesso à uma vida na maioria das vezes razoável pra boa. Essa classe média que há muito vem sendo esmagada foi a maioria nas ruas.
E foi exatamente isso que me surpreendeu. Foi ver essa gente que muitas vezes se comportou de forma alienada á quase tudo que afeta o país fazer alguma coisa.
Ao som de "O gigante acordou", "Não é por causa dos 0,20 centavos", "O SUS não cura nem virose que dirá gay"... misturou-se tudo a causa! Revolta, mágoa, ideologia, opção sexual e por ai foi. Somente uma coisa não se permitiu nessa salada de frutas de motivos para ir pra rua, uma bandeira partidária! E isso foi sem dúvida o que tornou a meu ver o ato mais nobre ainda.
Não se queria dar uma cara, uma cor, vermelha, azul e amarela, ou verde, não queria dar uma direção esquerda ou direita, ao acontecimento. A bandeira era branca. Até porque todos estavam roxos de raiva.
O branco da bandeira representou exatamente o número expressivo dos votos brancos e nulos da última eleição. Número que demonstra uma fatia da população avessa aos que estão aí e a todo modo deles de governar.
De fato essa gente resolveu falar.Quando todo mundo fala junto a mesma voz vira hino, vira luta. E quando todo mundo imaginava que isso tudo ia continuar descaradamente sem nenhuma reação a população reagiu e fez valer sua posição diante dos injustos fatos.
Os governantes recuaram, a Presidenta falou, falou e não disse nada. E  sinceramente o povo não quis ouvir. Porque o povo não quer uma satisfação dita em horário nobre, ou na hora do Brasil o povo quer uma atitude, uma não, muitas atitudes concretas e coerentes.
Temos hoje uma cara no país, uma cara sem identidade partidária, porém, com a força de um grande império e que pode derrubar imperador.
Por todo o mundo se repercutiu as notícias das manifestações. Fomos capas de jornais conceituados e respeitados. Porque hoje o Brasil não está só na moda, o Brasil é alvo de investidores,  e de outros países que querem o que o Brasil tem para oferecer. E garanto tem muita coisa boa e isso não se resume a futebol, carnaval e samba. 
Dessa vez o Brasil mostrou-se mais argentino do que nunca, indo para as ruas para exigir que o Estado, o maior defensor do povo, seja de fato advogado dos seus direitos legítimos.
Desde que o mundo é mundo existe a política. E ela é necessária para organizar um país socialmente, economicamente, moralmente. Mas, em torno da política existe a imunda politicagem. E isso dá nojo. Conchavos, senados, e interesses próprios sempre governam um país sem consciência política, sem educação. 
Constantino Magno, imperador romano já em 306 queria um povo estúpido, xucro, medíocre, para governar/mandar/massacrar.
Um povo sem estudo não consegue argumentar, combater, crescer.
Disse uma vez uma faxineira que trabalhou na minha casa: "Estude! porque nessa vida podem te tirar tudo menos o conhecimento".
Ela na sua humilde sabedoria estava certa.
Só quem estuda enxerga o mundo. Só quem estuda vê o quanto ser ignorante é nocivo.
Essa semana tudo parece mais calmo, os ânimos se acomodaram. 
O que cabe a nós agora? Cabe fazer um trabalho de formiguinha, onde um fala pro outro, que conta pra aquele e que logo todos começam a pensar, a querer e a se comportar como coletivo.
Onde todos sem exceção estarão engajados por um país chamado Brasil.
Uma luta de um só é uma luta consigo mesmo. Uma luta de muitos é uma guerra contra um só.
Meu apelo é vamos a luta! Nas próximas eleições que sejam exatamente pelos 0,20 centavos que cada um faça questão de exercer seu papel de pessoa de bem! e não só de cidadão nos momentos oportunos.
Eu quero que o país da bola marque gol de cabeça! de cabeça boa que pensa!gol de abecedário inteiro dessa vez.
É senhor seu político chegou a hora de você parar de "manga" do povo.
O povo tá "brabo".

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Quando é mais que quanto...


Quando todos os espaços são preenchidos
Quando as bocas se encontram mil vezes
Quando os olhos só procuram por um
Quando a cor do cabelo dele é a mais bonita de todas as cores
Quando o cheiro que vem dele te deixa mole e tonta
Quando o Bom dia! Quer dizer eu te amo!
Quando o desejo for mais forte que o pecado
Quando o seu corpo cabe sob medida do lado do dele
Quando a melhor companhia é de um homem menino todo rabiscado
Quando você gosta dele exatamente do jeito que ele é
Quando a chegada dele justifica toda espera
Quando os planos precisam existir
Quando você acredita no depois
Quando o outro homem da sua vida gosta dele também
Quando tudo isso acontecer de uma hora para outra, sem avisar, sem pedir, e você tiver certeza que é pra você, você tem um AMOR
*Pra você amor
terça-feira, 25 de junho de 2013

A melhor brincadeira é amar


Ano passado minha amiga Vanessa postou no facebook uma foto lindíssima dela e do seu marido Zé Luiz, meu amigo de colégio (casal que eu amo muito) que chamou a minha atenção. A foto era simples, tinha uma energia maravilhosa. Você olhava pra foto e automaticamente gostava. Gostava principalmente pelo que ela retratava. 
Era uma foto dos dois brincando daquela brincadeira antiga onde duas pessoas ficam unidas por uma bolinha, ou fruta, e a dupla tem que dançar, caminhar, chegar num determinado lugar sem deixar a bolinha, ou a fruta cair. Como chama essa brincadeira mesmo? 
Os dois estavam sorrindo, felizes, descontraídos. Porém, atentos, olhando um para o outro. Um tinha o outro como foco.  
A fotografia dizia que não era só não deixar a bolinha cair, mas, sim estar atento ao outro, nas atitudes do outro, para que se preciso fosse fazer um movimento pensado para salvar a equipe e não deixar a bolinha cair. No caso equipe de dois. 
Na hora que vi a foto, imediatamente pensei: Isso é amor. De uma forma lúdica, pra mim a fotografia retratava uma relação bacana, um casal feliz.  E eu sei que esse casal não é só bonito e feliz na foto, mas, são ao vivo e a cores também.
Relacionamento é estar atento ao outro, ao movimento do outro, é se preocupar em não deixar a "bolinha" cair, e fazer o que for necessário para que isso não aconteça.
No momento que um dos dois tirar o olhar do outro, fizer um movimento para outra direção, ou se distrair com o externo... pronto a "bolinha" cai. O relacionamento balança.
Esse cuidado de não deixar as coisas ruírem é constante. Se relacionar com qualidade com alguém requer e demanda atenção diária. Pequenos cuidados e grandes cuidados. E principalmente vontade.
Se não houver vontade, se a gente entrar na brincadeira por entrar, uma hora a brincadeira vai acabar. E pior acaba e a gente fica com a sensação que poderia ter feito mais, muito mais.
Um casal se movimenta juntos! Porém, muitas vezes em ritmos diferentes. Vai pra cá ou pra lá, ás vezes sobe, outras caí, mas juntos!
Claro, que uma relação é feita de 3 vidas. A da parceira, a do parceiro e a vida dos dois. Se caso uma dessas vidas isoladamente ou juntas não estiverem bem, acaba sim interferindo e causando reações negativas. E não tem jeito respinga no outro mesmo o outro não sendo a causa.
Sempre penso que para estar com alguém não devemos nos anular, modificar nosso jeito, ou abandonar os nossos sonhos, porque isso é muito vulnerável e perecível. Estraga a gente e a relação. Mas, se estamos com alguém devemos nos comportar como uma pessoa que se preocupa com outra pessoa certo?!
E esse compromisso não é só com as nossas vontades, acaba sendo com as vontades e ideais do outro também.
Vejo ultimamente uma intolerância absurda em se adaptar aos relacionamentos. Na maioria das vezes simplesmente abre-se mão da relação. Ou negligencia-se uma escolha feliz. 
Pergunto: E a bolinha como fica? No chão?
Pois é, a bolinha não pode cair lembra?! 
Almoçando um outro dia com a mesma amiga Vanessa, falando das relações, chegamos a conclusão mais óbvia que há, as diferenças existem em qualquer casal. 
A Vanessa porém me disse que apesar das "coisinhas" diferentes entre eles, ela e o Zé Luiz, tem muita coisa bacana e especial. Confidenciou que eles brincam um com o outro.
E é verdade. Já presenciei muito isso. Eles são leves, brincam, dão risada, tiram sarro um do outro, eles curtem a companhia um do outro. 
E mais uma vez digo: Isso é amor! Isso é não deixar a bolinha cair.
Nesse mês comemoramos o Dia Dos Namorados. Notei muita gente dizendo sobre estar sozinho na data, ou na vontade de ter alguém nesta data.
E pergunto independente da data, de sair para jantar e comemorar, do presente que se dá ou ganha, que relação você quer ter com quem está do seu lado? Uma relação leve? Onde existe os ajustes, mas que lá na frente a bolinha não vai cair ou uma relação perfeita que de uma hora para outra torna-se pesada e a bolinha cai no chão? 
As pessoas dizem aos quatro cantos que não existem mais pessoas para se relacionar. Falta gente disposta, solteira, afins. E principalmente a fim de não deixar a bolinha cair. 
Gente na rua tem. Pra todos os gostos inclusive e para todos os ultra modelos de relações estáveis. Mas, os "encontros" estão cada vez mais raros. 
A reciprocidade é cada dia mais incomum entre os casais. E essa palavra tão moderninha tem um significado antigo e concreto na vida de qualquer casal.
Reciprocidade, troca, permuta, de sentimento, gentileza, consideração, fidelidade, carinho, respeito, admiração...e claro atitude! Coisa bem à moda antiga mesmo. Sem muita invenção.
Mas, que funciona que é uma beleza. É igual receita de chá contra gripe que mãe e vó ensinam. Batata! dá certo!
Então, é assim pára de inventar moda, pára de dar pretexto, de sofrer sem razão, pára com esse joguinho da conquista que não conquista ninguém! Apenas aceite o amor na sua vida.
Faça tudo bem daquele jeito que seus avós faziam quando namoravam. Tenha compromisso com a outra pessoa.
E brinque de não deixar essa bolinha cair.
Mas, brinque pra valer! 
Porque a melhor brincadeira é NAMORAR SÉRIO!
*Esse texto era pra ter sido publicado no dia dos namorados. Mas, como amor não tem data postei hoje. Vanessa e Zé Luiz, obrigada por me ensinarem coisas tão preciosas sobre o amor!

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