quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Fim de Férias (Participação especial Cássia Eller)


Acabou.
Eu fiquei ali sentada na areia olhando o pôr do sol. Quieta, calada, muda por tanta beleza.
Observei um casal dos seus 15 ou 16 anos.
Lindos. Paqueravam. 
Ela encantada, ele bobo com o encanto dela.
Lembrei dos meus amores de verão.
Ah! quanta história boa.
Sempre tive sorte com os garotos. Gostei e fui correspondida.
Mas, meu primeiro amor, meu primeiro namorado foi uma desilusão. Ele me traiu.
Absolutamente aceitável e perdoável, considerando que ele era lindo, cobiçado, e pela idade tinha um alto nível de Testostenora (hormônio masculino que ferra com tudo!). Passou. Sem mágoa ou trauma. Será?!
Na época chorei, sofri toda dor do amor.
Meu pai me consolou dizendo: "filha vai passar. Você ainda vai se apaixonar muito e muitas vezes. Ainda existiram muitos Carlos Eduardos, Alexandres, Ricardos...na sua vida".
Meu pai tinha razão, aquele era só um verão. Existiriam outros, assim como os amores.
Hoje não é diferente. Eu particularmente gosto de gostar. Não me canso do amor. Não desisto dele.
Cada paixão, história, deixou algo valioso que me fizeram uma mulher loucamente apaixonada.
Nunca houve ressentimentos por ter acabado ou por ter durado pouco. Foi como foi. 
Foi verão.
E quem não sabe viver o sabor de um amor de verão, deve ser uma pessoa de uma estação só. Inverno. O inverno tem sua beleza, mas é frio.
A noite foi chegando calma, o céu foi azulando escuro.
Eu torci pelo casal. Torci pro menino fazer tudo certo. E ele fez.
Como um menino fino, educado, tomou a iniciativa. O beijo aconteceu. Foi lindo!
Desejei que eles não se esquecessem daquela tarde e do beijo. Eu não vou esquecer.
Desculpe a franqueza, mas, nem Oscar Niemeyer teria desenhado um fim de férias com um cenário, cena e trilha sonora tão perfeitos.
Acabou.
Terminei as minhas férias assistindo a um pôr do sol, uma história de amor, tomando picolé de banana do Rochinha, escutando Cássia Eller no Ipod...
"mudaram as estações, nada mudou, mas sei que alguma coisa aconteceu tá tudo assim tão diferente... se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar... que tudo era pra sempre...sem saber que o pra sempre, sempre acaba..."
Acabou tudo. O pôr do sol, o picolé, a música e logo o amor de verão acaba também.
Mas, acabou com gosto de tudo que é bom, com gosto de quero mais, só mais um pouquinho.



quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Férias 2


Quando eu era pequena, digo de idade, porque de tamanho sempre fui, passávamos as férias na praia.
Eu cresci assim, indo pra praia na minha infância e adolescência.
Talvez por isso até hoje tenho essa necessidade de estar no sol, na areia, perto do mar e do cheiro do mar.
São muitas as minhas lembranças. 
Meu pai chegava na praia montava o guarda sol e as cadeiras e perguntava "quem quer ir na água?" "quem quer ir no fundão comigo?"
Eu e meus irmãos, pequenos também, nos agarrávamos no meu pai e íamos pra água.
Passávamos juntos as ondas e ficávamos no fundão.
Claro que o "fundão" era até onde dava pé pro meu pai. Ou seja, um metro e sessenta e poucos centímetros, nada muito fundo na verdade.
Eu tinha medo. Muito medo. Mas, CONFIAVA no meu pai.
Até hoje vou no fundão. Das coisas, das minhas escolhas, de tudo. Vou até onde da pé pra mim.
Ainda que eu passe a maior parte do tempo questionando o passado preocupada com o futuro, e com as minhas vontades e necessidades voltadas para o presente, eu só vou até onde dá pé pra mim, até onde eu me sinto segura.
Destesto quando falta o chão. Quando não consigo prever o que vai acontecer. 
Lógico que isso acontece sempre, porque não nasci com nenhuma paranormalidade visual capaz de exergar o futuro em 3D (pena porque poderia estar ganhando rios de dinheiro com isso).
Apesar de tomarmos todas as precauções, de fazer tudo relativamente certo, a vida é dinâmica. Imprevistos acontecem.
No caminho certo com GPS e tudo mais, pode furar um pneu, alguém pode se atrasar, a gente muitas vezes muda de rota. Demora mais, ou chega mais rápido onde quer.
E isso é bom. Isso é verdadeiramente perfeito.
É chato saber tudo com antecedência, é chato ser conivente 100% do tempo com o nosso caminho.
A certeza traz a segurança, mas, a incerteza traz o inesperado. E o inesperado pode ser uma gostosa surpresa.
Ainda que coisas pesadas aconteçam, uma doença, uma perda, um momento difícil, esse é o seu caminho e só você pode seguir nele.
Honestamente, essa incerteza sobre as coisas lá na frente me tiram o chão. Isso dá medo.
Mas, eu CONFIO. Eu sei que se eu me manter tranquila, calma, se seu não me desesperar com o amanhã, sei que vou tocar o chão e voltar para superfície. Sei que não vou me afogar.
Ao contrário. Se eu confiar, contar comigo, e seguir o caminho, posso mergulhar bem fundo.
E essa experiência de mergulhar fundo de cabeça na vida... essa experiência eu não abro mão de viver por medo algum.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Férias


Bastou eu colocar o biquíni pra D. Consciência Pesada vir ter uma conserva comigo.
- Por que você não foi malhar? Você come demais. Você deveria aproveitar o seu tempo livre pra gastar energia e não dinheiro. Você vive dando desculpas pra não fazer nada.
Blá, blá, blá ... a conversa foi pesada.
Sentei na cadeira de praia e observei.
Observei uma mulher grávida. Ela comeu um pastel, um milho, tomou dois sorvetes e um suco, e depois ainda comeu uma maçã. Ela parecia satisfeita. Tinha o aval de poder tudo, querer tudo e comer de tudo. O bebê dava á ela condição plena e absoluta do poder tudo por 9 meses.
Olhei uma menina. Ela comeu um milho, bolacha, salgadinho com areia, tomou um sorvete e um guaraná e dormiu na canga da mãe. Ela estava tranqüila, alegre e de “top less”.
Vi uma mocinha. Ela não comeu pastel, nem milho, nem tomou sorvete. Só tomou água. Ela estava na dela. Conectada com seu IPOD, usava óculos escuro e chapéu. Todo um contexto para parecer mais madura, mais mulher.    
Notei uma senhora bem idosa. Ela também não comeu nada. Só fumou alguns cigarros e tomou duas caipirinhas de limão. Ela era dona das suas vontades. Tinha as unhas dos pés e das mãos pintadas de vermelho, a boca pintada de rosa choque, seu cabelo curto moderno pintado de preto azulão e usava um maiô púrpura.
Cada um delas eu vi feliz. Por um único motivo, cada uma vivia a sua verdade naquele momento. Estavam bem com seu corpo, cabeça e coração.
Se você quer ser inteligente, bonita, relaxada, gorda, magra, despojada, sarada, louca, feliz, triste, sem vergonha, abusada, neurótica... sei lá simplesmente SEJA! Não passe batido pela  história da sua vida.
O que importa é se garantir. É se bancar.
Se você se banca, aposte todas as suas fichas, viva e se jogue. Porque você vai ganhar.
Se você não se banca, procure outra verdade porque com certeza essa não é a sua. Pode ser a do outro, mas, a sua não é.
Eu já fui a menina, a grávida e a mocinha gatinha da praia.
Nesse momento da minha vida, ás vezes tenho dúvidas sobre o que estou sendo e vivendo. Não sei se isso também acontece com você.
Tudo bem, até porque crise existencial dá em todas as idades, e não só na adolescência.
O que me conforta e me faz seguir feliz apesar das incertezas, é acreditar que lá na frente, bem lá na frente, eu vou ser a senhora com as unhas pintadas de vermelho, cabelo pintado de loiro, usando meu maiô colorido e tomando minhas caipirinhas na praia. Totalmente dona da minha verdade.
E aí eu estarei de férias dessa Marcela chata que pega tanto no meu pé.    
Eu diria que todo mundo precisa de férias.
Férias de si mesmo por um tempo.

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Marcela Moretto

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Uma mulher, uma menina, uma criança...tentando aprender.