quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Férias 2


Quando eu era pequena, digo de idade, porque de tamanho sempre fui, passávamos as férias na praia.
Eu cresci assim, indo pra praia na minha infância e adolescência.
Talvez por isso até hoje tenho essa necessidade de estar no sol, na areia, perto do mar e do cheiro do mar.
São muitas as minhas lembranças. 
Meu pai chegava na praia montava o guarda sol e as cadeiras e perguntava "quem quer ir na água?" "quem quer ir no fundão comigo?"
Eu e meus irmãos, pequenos também, nos agarrávamos no meu pai e íamos pra água.
Passávamos juntos as ondas e ficávamos no fundão.
Claro que o "fundão" era até onde dava pé pro meu pai. Ou seja, um metro e sessenta e poucos centímetros, nada muito fundo na verdade.
Eu tinha medo. Muito medo. Mas, CONFIAVA no meu pai.
Até hoje vou no fundão. Das coisas, das minhas escolhas, de tudo. Vou até onde da pé pra mim.
Ainda que eu passe a maior parte do tempo questionando o passado preocupada com o futuro, e com as minhas vontades e necessidades voltadas para o presente, eu só vou até onde dá pé pra mim, até onde eu me sinto segura.
Destesto quando falta o chão. Quando não consigo prever o que vai acontecer. 
Lógico que isso acontece sempre, porque não nasci com nenhuma paranormalidade visual capaz de exergar o futuro em 3D (pena porque poderia estar ganhando rios de dinheiro com isso).
Apesar de tomarmos todas as precauções, de fazer tudo relativamente certo, a vida é dinâmica. Imprevistos acontecem.
No caminho certo com GPS e tudo mais, pode furar um pneu, alguém pode se atrasar, a gente muitas vezes muda de rota. Demora mais, ou chega mais rápido onde quer.
E isso é bom. Isso é verdadeiramente perfeito.
É chato saber tudo com antecedência, é chato ser conivente 100% do tempo com o nosso caminho.
A certeza traz a segurança, mas, a incerteza traz o inesperado. E o inesperado pode ser uma gostosa surpresa.
Ainda que coisas pesadas aconteçam, uma doença, uma perda, um momento difícil, esse é o seu caminho e só você pode seguir nele.
Honestamente, essa incerteza sobre as coisas lá na frente me tiram o chão. Isso dá medo.
Mas, eu CONFIO. Eu sei que se eu me manter tranquila, calma, se seu não me desesperar com o amanhã, sei que vou tocar o chão e voltar para superfície. Sei que não vou me afogar.
Ao contrário. Se eu confiar, contar comigo, e seguir o caminho, posso mergulhar bem fundo.
E essa experiência de mergulhar fundo de cabeça na vida... essa experiência eu não abro mão de viver por medo algum.

2 comentários:

Tiago Moralles at: 18 de janeiro de 2012 às 08:08 disse...

Até onde dá pé.
Serve pra tudo.

Marcela Moretto at: 19 de janeiro de 2012 às 05:34 disse...

Titi,

Sim. Mas, é bom quando perco o controle de algumas coisas em determinados momentos.rs
Beijos

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Uma mulher, uma menina, uma criança...tentando aprender.