quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Bendito seja o nosso fruto, nossas crianças


Essa semana comemoramos o Dia das Crianças. Enfim, mais uma data comercial. Nada contra.
Mas, estava pensando nelas, nas nossas crianças. Como nossas crianças estão? 
Cheguei a conclusão que nossas crianças estão como nossas frutas de hoje.
Sim, porque antigamente a gente ia no mercado, feira, sacolão, comprava uma fruta e ela tinha gosto, tinha sabor.
Ela tinha o tempo certo de nascer, desenvolver e amadurecer.
Hoje nossas frutas estão passando por um processo de amadurecimento precoce. Ficam em estufas, recebem fertilizantes em excesso e todo desenvolvimento torna-se anti natural e logo artíficial e consequentemente tudo é rápido e sem gosto.
Pois digo de novo, nossas crianças estão parecidas com as nossas frutas.
Já pensou que elas estão sabidas demais? Estão até atrevidas demais?
Eu acho maravilhoso o mundo evoluir, a informação chegar, todo ser vivo aprender, e usufruir de tantas coisas boas.
Mas, toda essa tecnologia, toda essa informação acelerada, todo esse modismo, não atrapalha?! Será que tudo isso na verdade não está atropelando nossos filhos?
As meninas estão pintando suas unhas cedo, usando salto alto cedo, tornando-se mulheres mais cedo. E cedo sofrendo, e cedo se cobrando o corpo que tem que ser magro, a roupa que precisa mostrar o que são.
Os meninos estão se deparando com a violência cedo também. Nas ruas, nos jogos de computador. Tudo bem, pesquisas indicam que esses jogos não tornam ninguém mais agressivo, que são apenas jogos de estratégias. Mas, será mesmo?
Elas e eles estão expostos. Despudoradamente expostos.
E a sexualidade? Uma outra questão séria. 
Meninas e meninos com vontades aceleradas, decisões preciptadas para uma cabeça ainda despreparada para todas as consequencias possíveis.
Nossos frutos estão sendo colhidos antes do tempo. Estão caindo do pé ainda sem saber cair de pé sem se machucar.
Como mãe me preocupa ter esse mundo para devorá-los.
Porque de verdade o mundo nos mastiga. E as vezes nos engole, e outras vezes nos vomita.
Criar crianças com auto estima, com personalidade, está cada vez mais complicado.
Porque se ora bajulamos, cedemos, damos, somos permissivos, apoiamos, depois temos que ser duros, firmes, ponderados.
É sempre um combate duro e um medo gigante de errar.
Tudo na medida certa é o certo.
Mas, qual é essa medida? Que medida é essa que anda tão desmedida?
Adubo demais apodrece o fruto. Adubo de menos encrua.
Não tem sido fácil ser pais e tão pouco filhos.
Acho que se considerarmos o meio algo que influencia, precisamos começar a notar o meio. Principalmente o meio dessa relação.
Hoje cada vez mais e mais crianças deitam no divã. E ainda pequenas estão tentando curar suas angústias, seus medos e se encontrar.
Crianças estão comendo mal e sendo obesas porque em algumas o buraco é grande e de alguma maneira o vazio precisa ser preenchido.
Criança nasceu para um dia ser adulto. Mas, um dia, não precisa ser já, agora, nesse instante.
Esses dias disse para o meu filho fazer uma conta. Disse: Você tem 14 anos, 14 anos está mais perto de 7 anos ou de 18 anos? 
Ele respondeu: Está mais perto de 18 anos.
Aí eu concluí: Pois é, você não é mais uma criança, você é quase um homem. E me doeu dizer isso. Porque sei que muita coisa vai mudar quando ele for um homem. 
Vai mudar, algumas para melhor e outras pra pior. Faz parte da brincadeira. 
Mas, não vamos acelerar o tempo, o crescimento.
Quero muito que daqui um tempo a infância tenha sido mesmo o que fez a diferença no homem que meu filho vai ser.
Sem complexos, sem cobranças demais, sem responsabilidades de menos. 
Apenas na medida. E na medida que a vida exigir.  
Bendita seja a criança sapeca levada da breca! Amém!

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Marcela Moretto

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Uma mulher, uma menina, uma criança...tentando aprender.