quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O Tal Casal


Fim de semana passado viajei com meu namorado para Ilha Bela. Ficamos hospedados num hotel incrível e tipicamente de casal. Tinham algumas famílias, uma e outra turma, mas, o público na sua maioria era de casal. Casal de namorados, noivos, marido e mulher, “ficantes”  e talvez até de amantes, não sabemos.
Sou muito de observar o comportamento e as pessoas.
Observei o Casal 1.
Num momento lá esticada numa das espreguiçadeiras na praia, foi compulsivo comecei a reparar no casal 1 ao nosso lado.
Observei que ambos estavam incomodados. Debatiam suas preferências. A causa do incomodo era que um queria fazer uma coisa e o outro queria fazer outra coisa. Atitude normal entre casal. Ele queria correr, fazer caminhada e ela queria ficar assim como eu, jogada na espreguiçadeira.
Depois de alguns bons minutos ela acabou cedendo e disse para ele ir correr, caminhar. Ele foi. Ela ficou lá jogada na espreguiçadeira.
Sozinha pediu o cardápio e começou a beber. Beber muito eu digo. Três cervejas, um drink estrambólico com guarda chuvinha, outro tipo de cerveja e uma caipirinha ou batida não consegui distinguir.
E comeu também. Pouco.
Eu lendo, tomando meu vinho branco, também jogada no sol, pensei: “Tadinha sozinha, enchendo a cara com a solidão”.  Ao menos ela tinha um Iphone que generosamente lhe fez companhia.

Passou o tempo, muito tempo, nada do moço corredor voltar. Passaram-se horas e se não fosse pela cara de poucos amigos dela eu teria puxado papo e teria dito: “Acho que ele não volta mais, ou foi atropelado”.
Enfim, ele voltou!!!! Eu e o Fernando (meu namorado) estávamos angustiados pela demora e quase abraçamos ele dizendo que bom que voltou sentimos a sua falta!!!!
Confesso que em alguns momentos me senti constrangida por estar ali, no maior “love” com o meu namorado e a pobrezinha bebendo sua fúria e engolindo seu desprezo.
O fato é, até aí tudo bem (mais ou menos) ele tinha voltado e isso era bom.
Mas, quando ele voltou foi pior. Porque notei que não havia nenhum sentimento entre eles. Ele não se importou de ter deixado ela sozinha, ela não ligou pra ele. Conversaram como duas pessoas sem afeto. Não se tocaram em nenhum momento. Nem um beijo, nem um olhar, nem um abraço, nem um apelido ridículo de casal foi dito. Não havia intimidade, cheguei a suspeitar que a relação era falsa, de mentira. E era mesmo. Estavam juntos por qualquer outro motivo menos amor.
Porque nenhuma relação de verdade é assim, estranha, desapegada, imune ao outro.
Concluí que ali não tinha amor nem bem escondidinho atrás da orelha!   
Assim, caiu a tarde e fomos para piscina. Eles também foram.
Na piscina ela pediu um vinho Rosé, que somente ela tomou. Essa era a questão, cada um fazia somente o que queria fazer, sem compartilhar com o outro. Era um barco com dois remadores, remando para lugares opostos.
Parei de observá-los porque me senti triste de ver duas pessoas nessa situação tão errada.
Observei o Casal 2.
No outro dia no café da manhã, olhei outro casal. O casal 2 era dos seus 45 ou 50 anos mais ou menos. Esses me frustraram mesmo. Nem sequer uma palavra. Cada um tomou seu café da manhã, ambos mudos, e depois de tomarem uma taça de champagne cada um, continuaram sozinhos mas, juntos.
Me fiz perguntas que não poderia fazer á eles. Porque estavam ali, num lugar lindo, com tudo do bom e do melhor totalmente apáticos?? Será que foi o tempo que os tornou assim? Será que o amor acabou e a única coisa que restou foi a presença muda um do outro? Será que cada um tinha um outro alguém? Será que já tinham vivido o calor da paixão? Ou seria apenas o mal humor das primeiras horas do dia?
Eles se levantaram da mesa e se foram calados. Fiquei sem respostas.
Observei o Casal 3.
No meio da tarde, na piscina, tinha uma Gordinha e um Magrinho (por favor me refiro assim carinhosamente e não pejorativamente. Afinal, todos temos nosso charme magrinhos e gordinhas e vice versa).
O casal 3 conversaram, nadaram, se beijaram e comeram. Comeram muito. Ela pedia ele dava. Bolinho, casquinha de siri, e mais uma cerveja, e uma coca cola e mais algumas outras gostosuras.
Ele não se importava em atendê-la, ela parecia feliz, e ele também em satisfazê-la. Esteticamente falando não combinavam muito, mas, se entendiam. Tinha uma coisa boa nesse casal. Eles compartilhavam. Principalmente comida. E daí que era muita comida. Cada casal na sua intimidade compartilha suas coisas. Seja comida, vinho, livro, música, esporte, trabalho, sexo e até maldades! Cada casal se alimenta da sua afinidade.
Mais tarde após fazer check out no hotel, encontramos novamente esse casal na sorveteria. Tomando bolas e mais bolas de sorvetes. Porém, felizes. Ele já nem tanto, ela sim, feliz.
Observei "O Tal Casal"
Eles se encontraram depois de 20 anos. Sempre foram amigos, mas, já tinham ficado juntos, lá, bem lá nos seus 19 anos e depois nos seus 30 e poucos anos, quando estavam solteiros.
Eles tem afinidade, gostam das mesmas coisas, tem a mesma alegria, e simpatia pela vida. São felizes por natureza e estão felizes juntos por amor.
Brincam, brigam e se entendem. 
Um casal que não segue nenhum modelo e nem sabe qual a fórmula da felicidade. Mas, são reciprocidade. Um casal com uma única pretensão, fazer bem um ao outro.
O tal casal, o par  e ao mesmo tempo ímpar porque querem coisas diferentes.
Eles não são perfeitos. Mas, da maneira mais clichê são casal. Como Romeu e Julieta, como Johnny e Junne (amo esse casal), como a Dama e o Vagabundo e tantos outros. Como o amor é clichê, cafona e exibicionista. Nas diferenças e nas igualdades.
Porque sei lá se você é um casal normal, anormal, singular ou plural, se você é um casal heterossexual ou homossexual, de verdade ou de mentira, no fundo todo mundo ama parecido e sofre parecido por  amor. Mas, quando é amor.
Somente hoje depois de alguns relacionamentos, e observando os relacionamentos a minha volta compreendo melhor essa palavra “casal”.
Somente hoje sou com ele e o que sempre quis ser com alguém. Nem o casal 1, nem o casal 2 e nem o casal 3.
Somente hoje entendo porque as vezes temos que esperar para ser O Tal  Casal.


3 comentários:

Anônimo at: 24 de outubro de 2013 às 08:16 disse...

AMEI!!!!! Muito bom!!!!!!
Minha casal!!!!!rs

Anônimo at: 24 de outubro de 2013 às 08:16 disse...

AMEI......

Marcela Moretto at: 24 de outubro de 2013 às 12:56 disse...

Fe,
sabemos o quanto isso tudo é verdade né..ser casal, estar juntos e se divertir com tudo.
Amo!!!
beijo


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Marcela Moretto

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Uma mulher, uma menina, uma criança...tentando aprender.