terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Era uma vez um panetone


Há alguns anos atrás minha irmã me contou um conto muito bom. Aconteceu com um amigo dela, o Rafa. Chegada a vésperas do Natal o Rafa ganhou de presente da empresa que trabalhava um panetone da Kopenhagen. Panetone luxo! Panetone caro!   
Levou para casa e esperava abrir o panetone na noite de Natal. Mas, ocorre que dias antes do Natal passou na porta da sua casa um senhor da carrocinha e pediu qualquer coisa que pudessem dar. Sua vózinha portuguesa pegou o panetone e deu para o senhor.
Quando chegou o dia do Natal, o amigo da minha irmã procurou pelo panetone, perguntou para sua mãe, para a empregada onde estava o panetone? Ninguém sabia, tinha sumido. Foi quando ele resolveu perguntar para sua vó, que prontamente respondeu que havia passado o homem da carrocinha e ela tinha dado para ele.
O Rafa ficou louco e bravo! Falou: "Como assim vó, você deu o panetone da Kopenhagen?!" Ela na sua mais alta sabedoria portuguesa respondeu dei, nem era Bauducco. (risos, risos, risos). 
Eu adoro essa história! Porque para vózinha do Rafa Bauducco é o melhor panetone, pra mim também é. Mas, a moral dessa histórinha de família, é a seguinte só a gente sabe o valor que as coisas tem pra gente.
Valorizar algo é muito pessoal, assim como gostar.Talvez a vó do Rafa não conhecesse o panetone da Kopenhagen, talvez o senhor da carrocinha também não. Mas, fica claro que nem tudo que é caro é o melhor, nem tudo que nos custa muito é bom.
Ela deu de boa ação, e o senhor recebeu de bom grado. Nem um nem o outro ficou reparando se o panetone era caro, ou coisa parecida.
A ação de dar e receber no Natal se potencializa, quase todos querem presentear, e também ser presenteados.
Tirando alguns presentes mico de amigo secreto, como um sabonete pintado a mão Lux Luxo cheio de glitter e lantejoulas que eu ganhei na 4ª série, fiquei tão traumatizada que passei a pedir sempre de amigo secreto uma camiseta Hering branca! Era isso, bem básica e com zero possibilidade de dar errado.Tirando isso e alguns outros "presentes" ganhar presente é muito bom.
Nos sentimos prestigiados, especiais, queridos. Até quando alguém te dá um presente com a seguinte legenda "achei a sua cara" que da sua cara não tem nada, a gente devia se sentir feliz porque é desse jeito que a pessoa te vê. Será que alguém me vê como um sabonete pintado a mão, com glitter e lantejoulas?! Retiro o que eu disse, você não precisa ficar feliz não.
Mas, é incontestável a alegria de ganhar alguma coisa que gostamos.Um presente é um presente. E presente não é dinheiro, não é vale presente, não é pedir para outra pessoa comprar. Presente é se preocupar em fazer um afago, dar um mimo simples mas significativo. Eu já dei um lápis, para um amigo que coleciona lápis, sei que no meio de todos os lápis que ele tem, o que eu dei é importante.
E por que seria importante se é apenas mais um lápis? Porque tem valor agregado. Tem o sentimento do carinho envolvido, que diz: "Olha eu gosto de você" ,"olha eu me importo com o que você gosta". 
Presentear também é muito bom, dá uma alegria na alma, um brilho no olhar cintilante. Você nunca reparou? Então comece a notar.
Esse ano quase não comprei presentes, grana curta e contas e mais contas para pagar.
Mas, fiz uma sacolinha para uma senhorinha do Abrigo Frederico Ozonam, onde minha amiga Aline presta serviço voluntário. Escolhi dentro duma lista a senhora Maria de Nazaré, foi aleatoriamente mas, queria ter com ela alguma conexão, então escolhi alguém do meu signo. Ela faz aniversário dia 24/02 é pisciana. 
Fiquei pensando que podia ser eu daqui uns anos, pensei na noite de natal dela, de como tudo seria. Fui pro shopping escolher as coisinhas da sacolinha. Comprei uma roupa, uma sapatilha, um chinelo de quarto, um conjunto de lingerie, um conjunto com sabonetes de lavanda e dei o melhor de mim, as minhas palavras, escrevi um cartão.
Se é difícil presentear alguém que a gente conhece imagina alguém que você nunca viu. Eu ficava perguntando pra mim mesma, será que ela vai gostar disso? Será que ela gosta de lavanda como eu? Quando vi o chinelo de quarto pensei bom depois dela tomar um banho gostoso a noite, vai colocar sua camisola e um chinelo gostoso. Vocês não imaginam! Mas, eu criei um personagem adorável na minha cabeça, queria dar forma para essa pessoa.
E eu como boa pisciana, dei forma, personalidade, sentimentos, frustrações e tudo mais. Eu queria valorizar ao máximo mesmo sem conhecer essa senhora.
Esse foi sem dúvida o presente que mais gostei de dar, foi o que mais me deu prazer de fazer nesse Natal. Sem ser hipócrita, foi a D. Maria de Nazaré que salvou da forca o espírito de Natal na minha vida esse ano.
Essa data do natal tem seu peso em mim, não sou apaixonada pela data, e faz anos que busco uma razão maior.
Claro que não precisamos do Natal para fazer uma sacolinha, uma visita, dar um abraço sincero, mas, precisamos acreditar no bem que isso faz.
Eu de verdade espero que a D. Maria de Nazaré goste do cartão, do resto ela pode até nem gostar, mas, espero que tudo que eu escrevi tirem um bom sorriso dela, e mais que isso faça ela se sentir especial.
Porque esse é o melhor presente ser especial para alguém. Não cair no esquecimento.Não ser lembrada por obrigação, mas, por gratidão.
Não tenho qualquer vínculo afetivo com a D.Maria de Nazaré, ou melhor não tinha. Porque nesse Natal meu sentimento de "Noite Feliz" com direito a rosa dada pelo Roberto Carlos no especial de Natal vai todo pra ela.
A gente pode gostar de Kopenhagen, ou de Bauducco, ou nem gostar de panetone, e isso se estende ao Natal também, mas, o que a gente não pode nunca deixar de gostar é de fazer o bem, isso nada tem a ver com religião, com comércio, com especial de natal, com o carrão que vai ser sorteado no shopping. Isso tem a ver comigo, com a Vózinha portuguesa, com o senhor da carrocinha, com a D. Maria de Nazaré. 
Gente da melhor espécie que merece o presente de dar e receber amor. Feliz Natal pessoal!

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Marcela Moretto

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Uma mulher, uma menina, uma criança...tentando aprender.