Confesso que nunca grilei com
essa idade, 40 anos. Não pensava aos 10, aos 20, aos 15, aos 18. Pensei pela
primeira vez aos 32 anos. Pensava o que vai ser? Como vai ser? O que eu vou
ser? E hoje chegou. Estou aqui, acordei hoje com 40 anos. E dentro da minha
expectativa hollywoodiana digo, que bom que chegou assim.
Que bom que chegou assim sem
conflito, sem dor, sem tristeza. Que bom que chegou calmo, pedindo licença e
fazendo cortesia. Que bom que chegou saudável. Que bom que chegou me seduzindo,
me deixando ser bonita por dentro e por fora. Que bom que trouxe presentes.
Não posso reclamar de nada! Quer
dizer talvez de uns 3 quilos a mais. E Só.
Me sinto ótima! Viva, alegre,
feliz por essa fase cheia de boas surpresas, muitos encontros e reencontros e
alguns sonhos realizados.
Nesses 40 anos eu tenho a
sensação que fui 40 mulheres diferentes. Não 40 personalidades diferentes, a Marcela
sempre foi a mesma. Mas, cada idade me arrebatou de um jeito. É natural que
seja assim. Com 5 a gente é menina e se comporta como menina, aos 24 me achava
irresistível e vivi como tal. Cada idade uma vida, uma mulher e um jeito
diferente de ver o mundo. Teve idade que foi parceria comigo, e teve idade que
foi conflito.
Aos 40 anos ainda me sinto um
pouco de cada Marcela que carrego comigo nesses anos. Tem dias que estou
sapeca. Brinco, faço graça. Tem dias que estou chata e existencial como uma
adolescente aos 16 anos. Tem dias que olho no espelho e me gosto como se eu
tivesse 30 anos. São as mulheres que existem em mim. São as mulheres que
existem em nós.
Mas, ainda que existam tantas
dentro de mim, tem sempre uma que se sobressai. E essa é a mulher comum. A
mulher bem simples mesmo. Igual a tantas que conhecemos.
A mulher comum que quer ser
feliz, amada, que quer ser magra ou gordinha mas, atraente, que quer ganhar o
mundo aí fora e ser reconhecida, que se preocupa com a família, a amiga, o
cachorro, o gato, o papagaio, o mundo. A mulher comum com suas crises, seus
desejos. Uma mulher bem comum, que se olha e se orgulha que se enxerga e se
culpa, que se aceita como é.
Não existe milagre maior que se
amar, gostar do que somos e do que nos tornamos. Claro, que tem dias que bate
uma tristezinha miúda que fica cutucando a gente. Enchendo o saco pra ver se a
gente pira e encana, fica ali incomodando pra ver se a gente sede e se abala.
Mas, se nem a Cinderela foi feliz o tempo todo na estória, então não espere
isso.
Ser feliz em todas as idades, com
os sabores e dissabores que existem é um segredo precioso! É assim, com 15 anos
a gente queria ter carro e poder dirigir. Aos 40 anos a gente tem carro, pode
dirigir, mas, a gente quer ter a barriga sequinha dos 15 anos. Não tem jeito,
cada coisa tem seu tempo e envelhecer é inevitável. Mas, adoecer da alma nunca!
Até o momento fazer 40 anos não
está doendo nadinha. Ao contrário. Que delícia ser paparicada, receber carinho,
presente. Se sentir amada, lembrada por todos que estão a minha volta.
Conheço gente que sofreu com essa
idade. Cada um tem seus medos. Eu estou bem. Me sinto segura, tranquila,
ansiosa, distraída, louca, normal, quieta, agitada. Ah! Nada diferente de como
me sentia aos 39 anos. Porém, com 40 anos.
Quando se vive uma experiência de
quase morte, diz quem já viveu pra contar, que passa um filme da própria vida.
E nesse filme vem imagens, pessoas, situações importantes, coisas que nos
marcaram, eu não sei se isso é verdade, quero acreditar que sim. E se for tenho
certeza que meu filme vai ser tipo Duro de Matar e suas 33 versões, vai ter muita
coisa boa pra passar.
Fazer 40 anos não é um problema.
O problema é não fazer. É não chegar até aqui pra contar como foi. E não ter
vivido coisas que renderam boas risadas, orgulho, mico e alguma dor de cabeça.
É não ser 40 mulheres diferentes
e apaixonadas pela vida!
Eu chego aos 40 anos muito feliz,
vou casar novamente, vou mudar de casa, tenho um filho de 15 anos, uma família
que me acolhe, muitos amigos, um amor que me completa, tenho esse blog, meus
gatos, meu trabalho, uma vida boa e bem normal.
Chego aos 40 anos hoje desejando
mais 40 anos. Desejando de todo coração ser mais 40 mulheres diferentes, mas, a
mesma Marcela de sempre. Desejando ser essa tal mulher loba! Porque não?!
Desejando dividir meu bolo muitas vezes. E hoje divido o bolo não porque comer sozinha engorda, mas, porque dividir o bolo me faz muito mais feliz por ter com quem dividir.
Hey pega seu pedaço e pode repetir tá, porque pedaço de amor só engorda o coração.
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