quinta-feira, 5 de abril de 2012

Três conselhos


Eu vou e volto do trabalho de ônibus. São 5 anos que faço esse trajeto, e confesso que já vi  e ouvi cada coisa que dariam uma boa novela das oito. Eu adoro esse ambiente. As pessoas, os assuntos, eu sou viciada em gente.
O cenário é variado. Tristeza, alegria, amor, traição, problemas de família e casal, conversas malucas de celular, um pouco de gente normal, como muito da realidade anormal de hoje em dia.
Está semana conheci, sem ser apresentada de fato, a Bruna e o Marcelo. Um casal de noivos.
Fiquei reparando discretamente, se é que isso é possível, na conversa e nos dois.
Eles não combinavam em nada. Mas o amor é assim mesmo, ele algumas vezes faz isso, coloca gente que não tem absolutamente nada um com o outro pra se apaixonar, amadurecer e crescer. É uma brincadeira que o destino ama! nem sempre dá certo, e ás vezes dá muito certo.
A Bruna era grande, meio espalhada, ruiva pintada, bem exagerada, tinha as unhas pintadas de preto, bijuteria espalhada pelo corpo todo, e as roupas denunciavam um jeito despachado, um pouquinho vulgar.
O Marcelo era moreno claro, pequeno, bem franzino perto dela, tinha cabelo moicano meio sem corte, usava brinco na orelha, era mais simples, se vestia com roupas mais discretas.
Os dois tinham os dentes perfeitos. Adoro dentes! Sou fascinada por dentes alinhados, brancos...
Voltando...a conversa girava em torno de um compromisso familiar da Bruna, e o Marcelo, coitado, inocente, bobo, acabou fazendo um comentário maldoso sobre a irmã dela.
Conselho número 1: Se você gosta muito de uma pessoa e deseja continuar com ela, tudo, mais tudo mesmo que você pensar e concluir sobre a família dela, por favor, pro seu bem e da relação guarde pra você!
Bom nem preciso falar que a confusão estava armada. O coitado foi execrado! Linchado verbalmente e fuzilado com os olhos dela. Morto!
Ela disse:“Você tá louco de falar da minha irmã? Você só pode tá de brincadeira. Olha aqui vai falar mal da sua família! Da sua mãe louca, da sua irmã infeliz, do seu irmão imprestável e do seu pai aquele tonto. Não vem falar da minha família não”.
Tá vendo mexe com quem tá quieto.
Ele disse: “ Eu só to dando a minha opinião, não to falando mal da sua irmã”.
Ela soltou a mão dele e começou a defender a irmã como uma excelente Advogada. Ela não dava tempo dele argumentar. Falava, jogava os fatos e as provas na mesa de uma maneira muito profissional. Eu mesma dei razão pra ela, e absolvi a Renata (irmã da Bruna) mas não me meti (apesar de querer muito). Afinal, em briga de casal ninguém deve meter a colher. Nem uma desconhecida. Nem eu lógico.
Eu pensei mulher é assim mesmo ganha na discussão porque não dá brecha, tem argumento!
Quando dei o assunto por resolvido, e condenei o Marcelo, já imaginando o que ele teria que fazer para ajeitar a situação, ele faz uma cara de coitado, fala três ou quatro coisas e inverte totalmente a situação.
Eu pensei homem é assim mesmo ganha na discussão porque apela!
Você já pensou, tenho certeza que sim, que quando você se envolve com uma pessoa vem de brinde uma nova família?
Como se não bastasse ter que lidar com a nossa família, que no caso sempre será melhor que a do outro, por razões óbvias sangue, entra uma outra família na brincadeira.
E ai meu amigo como se diz atualmente a gente pira!
É sério! Isso é uma loucura, porque ás vezes a coisa fica feia. Vem a sogra problemática, a cunhada ciumenta, o cunhado encostado, a vôzinha doente, o sogro mal humorado, o tio alucinado, fora todos os animais de estimação que também tem seus vícios de comportamentos.
Eu dei muita sorte com os agregados dos meus relacionamentos. Conheci pessoas maravilhosas que até hoje estão na minha vida por opção, consideração, respeito e amor.
Mas já vi tantas relações desequilibradas que nem todo Prozac, Gardenal e terapia de família do mundo resolveriam.
Você já esteve nessa saia justa? Gosta de alguém que aparentemente parece adotado de tão diferente e maravilhoso que é, mas que tem uma família que é um verdadeiro Reality Show do horror?
Pois é, isso acontece muito. E quantas relações não se acabam por causa disso? Inúmeras.
É um crime hediondo falar mal, se meter sem ser chamado (e se for chamado também) em assunto de família.
A boa educação e a experiência diz em alto e bom som: “ FIQUE NA SUA”.
Eu sei, eu sei que o sangue sobe, e você gostaria de dizer poucas e boas, mas...
Conselho número 2: Quando for solicitada a sua opinião, adote o seguinte discurso..."gente prefiro não opinar, esse é um assunto de família, vocês é que sabem o que é  melhor”
A Bruna e o Marcelo desceram no ponto final, como eu. Eles não fizeram as pazes. Ela ficou de bico e ele indiferente.
Eu sei que essa foi só uma das muitas brigas que eles terão sobre suas diferenças familiares.
Faz parte. Depois tudo se resolve, fica bem ou termina de vez.
Se ficar bem, tudo bem. Mas quando termina o pior é ver aquela pessoa que tanto falou mal, brigou, e sofreu com a situação, com saudades da família problemática do outro. Ah! Isso é o fim!  Vai entender o ser humano.
Ah! e esse é o Conselho número 3: Não tente entender nada, apenas dance conforme a música. Sempre.  

2 comentários:

Tiago Moralles at: 5 de abril de 2012 às 14:41 disse...

Já encontrei Brunas e Marcelos por aí.

Marcela Moretto at: 12 de abril de 2012 às 15:38 disse...

Eles vivem espalhados sobre nós..

beijos

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Uma mulher, uma menina, uma criança...tentando aprender.