Da conversa que a gente não teve,
eu teria dito:
Ei olha pra mim, eu sei que você
tá chateado, magoado, eu sei que a ferida tá grande. Você tá certo. O erro foi
meu, a culpa foi minha.
Nunca pensei que eu pudesse ir
tão longe. Nunca pensei que fosse tão cega. Nunca pensei que suas palavras, seu
jeito, seu gosto pudessem ser amor.
A coisa foi andando, crescendo e
eu gostando. Mas eu não queria, não deixava em alguns momentos. Porque eu não
achava justo amar de novo, e de novo perder e de novo ter que esquecer.
Ironia. Cresceu, perdi e ainda
não resolvi esquecer.
Viu é só pra você saber que das
coisas que ficam isso tudo tá ficando na alma, na lembrança, no corpo e no
coração.
Das inúmeras conversas duras que
a gente teve, ainda escuto sua sabedoria de menino.
Só pra dizer que aprendi muito
sim. De Cinema, de música, de vida, de propaganda, de literatura, de
brigadeiro, de cama, mas aprendi ainda mais, que meus pequenos medos me destroem
quando permito. E eu permito sempre.
Eu sei a gente é muito diferente
mesmo. Mas fazer o quê? se eu gosto da sua altura, do seu óculos, do seu cheiro
de gente limpa, de ver você demorando 15 minutos pra escovar os dentes. Fazer o
quê? se eu sou toda social e você socialmente na sua. Fazer o quê? se a gente
junto se entendia e se divertia e que a sua presença acalmava meu nervoso sem
sentido.
Eu sei a gente é bem diferente.
Mas a minha praia, sol, loucura, foi perdendo espaço pra sua sombra, pra sua
pele branquinha, pro seu espírito sóbrio.
Eu sei que bebo mais que você,
que falo mais que você, que durmo mais que você. Mas eu gostava quando você me
ouvia, e eu podia chorar.
Claro que 11 anos é muita
diferença também. Mas nunca foi. Porque eu sempre fui a menina e você o senhor
da relação.
Eu sei sou bem distraída e você
super atento.
Eu sei que toda modernidade e tecnologia
que te cercam, me fazem bem fora do contexto, mas tô usando bastante o HD que
você me deu de aniversário, e hoje tenho até um blog que você ajudou a criar.
Eu sei que muitas vezes eu testei
sua paciência, que te provoquei com o
meu descaso, mas todas ás vezes me arrependia imediatamente quando você me
beijava e eu sentia aquele frio na
espinha.
Eu sei que a sua disciplina, seu
jeito organizado me incomodavam um pouco, porque me mostravam como sou relaxada
com algumas coisas.
É verdade que quando a gente assistiu “minhas
tardes com Margueritte” eu chorei quando eles dividiram o sanduíche e você
achou patético. Essa sou eu, e esse é você.
Dos filmes todos, sempre gostei
dos que tinham o final feliz, e você não. Adorava nosso jeito de discordar porque
tinha sua beleza.
Eu sou mais colorida e você bem
preto e branco. Mas as minhas cores primárias se misturavam bem contigo e
muitas vezes a gente foi uma aquarela.
Falei desnecessariamente e
compulsivamente sobre o passado, mas se te consola saber hoje falo de ti.
No meu Ipod tá cheio de músicas
que você me mostrou, mas ir pra beira da cama escutando Mumford & Sons, só
com você.
Quando a gente se conheceu você
esbarrou em mim de propósito e de propósito eu me apaixonei pelo seu cartão de
apresentação. Esse mesmo que agora você deve tá distribuindo por ai.
Das 2625 mensagens guardadas no
meu celular, pelo menos 2543 são suas me dizendo “não esquece seu remédio. Te
adoro Pequena. Saudades, vontades e afins.”
Eu entendo o ciúme é bom e
natural. O nosso também era carinho, cuidado e ciúme mesmo.
Você sabe que tem umas coisas
suas lá em casa, mas honestamente não gostaria de devolver.
Eu sei que essa conversa era pra
ser um diálogo civilizado, mas virou um monólogo desesperado na intenção de
chamar a sua atenção.
Eu li todos os seus microcontos.
E todos são muito você, tudo bem sucinto e que diz tudo. Mas de tudo que
escreveu a coisa mais linda foi “das pessoas que passam na minha vida eu só
quero que você fique” porque foi pra mim.
Eu nunca escrevi assim, aqui e
descaradamente sobre você. Mas desculpa hoje a minha vontade de SENTIR foi
crônica.
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