Num desses dias ele
parou do meu lado, e foi notável, ele tá maior que eu.
Nós estamos mais
próximos á cada dia. Ele me conta coisas, novidades da internet, me mostra vídeos,
músicas, me mostra o mundão dele. Nós vamos no parque, andamos de mãos dadas,
vamos no teatro, vamos no cinema e depois comentamos o filme, ele me ensina a
tirar foto e a usar o Iphone.
Ele tá lindo, por dentro
e por fora. Me dá conselhos:“Mãe, relacionamento é assim, eles começam eles
terminam, logo passa e você estará namorando de novo”.
Ele é maduro, centrado
mais que eu. Todas ás vezes que saio,
ele pergunta onde vou, com quem, me cuida. Quer conhecer meus amigos e saber
com quem eu ando. Depois pergunta que horas que eu voltei, se bebi, e se foi
bom. Um dia desses menti pra ele, disse que voltei á meia noite, e ele retrucou:"Impossível porque eu fui dormir meia noite e trinta e a Senhorita não estava
aqui!”. Os papéis se invertem. Ele tá me cuidando como faço com ele. É mãe e
filho, é filho e mãe.
Ele é saudável, toma
yogurte com aveia e deixa o potinho em qualquer lugar. Eu disse que ele era
saudável, organizado nunca!, e quando cisma não toma refrigerante só água e me
cobra cuidados. Fala:“Mãe não come isso!”, “Mãe vai malhar!”, Mãe essa blusa tá
muito decotada!”
Ele me viu lendo a
biografia de Van Gogh, e falou:“Eu também já li sobre ele”, achei que era
brincadeira e nesse dia ele me deu uma aula de Van Gogh, com detalhes incríveis
sobre pintura, o comportamento dele me
deixou de queixo caído.
Ele detesta me ver
chorar. E quando eu disfarço dizendo qualquer bobagem pra justificar o choro, ele
sempre finge que acredita pra me consolar.
Ultimamente ele anda
confuso com o que ele vai ser quando crescer. Cada hora fala uma coisa. A única
certeza que ele tem é que quer ganhar dinheiro com o que escolher. Já tá no caminho certo. Eu digo:“Fica tranquilo, ainda
tem um tempinho pra você se achar na sua escolha”. Eu sei que ele ainda tem
muita vida pra gastar, bônus para ganhar, portais pra entrar e batalhas pra
vencer, como num jogo de computador que ele tanto ama. Mas, ele tá indo muito
bem.
Eu sei que cada dia ele
tá maior, e logo o tempo, a vida, o mundo lá fora leva ele pra outras pessoas,
outros lugares. É a vida. É o caminho á seguir.
O que posso fazer? Ter com
ele uma relação de afeto, respeito, cuidado e amizade pra ele sempre querer me
ensinar, me mostrar tudo á sua volta e voltar. Voltar pra gente tomar um lanche
juntos, bater um papo, rir das piadas dele, voltar pra eu dizer pra ele que
comprei um CD romântico e não paro de escutar.
Semana passada ele
perguntou: “Você tá feliz?” assim sem mais nem menos. Achei profundo, não consegui
responder nada. Fiquei calada. Porque de fato não sabia se mentia e enganava a
pessoa que mais amo e a que é mais honesta comigo ou se dizia a verdade. Talvez
isso tenha deixado ele preocupado. Porque nesse dia ele não desgrudou de mim me
cobrindo de carinho e beijo. Sempre foi assim, quando eu preciso ele tá comigo,
nas minhas dores e alegrias, isso é parceria.
A gente vai pra cama,
eu, ele, e os nossos gatos, ficamos batendo papo, rindo e descobrindo coisas um
do outro.
Ele deixa bilhetes na
minha cama... “Mãe quando você chegar vai no meu quarto”.
Ele parece com o pai,
fisicamente, e o coração dele é muito parecido com o meu. Cheio de bondade e simpatia.
Ele faz graça das coisas e com o mundo assim como eu.
Ele gosta dessa coisa
família, ama a irmã pequena, a família do pai, a minha família, ele gosta das
pessoas como elas são, igual á mim.
Ás vezes ele é mal
criado, aí baixa a mãe brava, olho feio, brigo, depois converso e ele entende
que pisou na bola.
Estou aprendo muito
mais com ele do que estou ensinando eu acho. Lá na frente sei que eu vou
devolver pra ele todo ensinamento aprendido.
E aí vamos conversar
sobre o trabalho, a namorada, a viagem que ele quer fazer e todas as coisas da
vida comum.
Tenho certeza que ele
vai ficar encabulado com as coisas que eu tô dizendo aqui. Ele tem suas
vergonhas.
Mas, é só pra dizer que
ele já tá maior que eu, em TODOS os sentidos ele tá gigante.
E isso me deixa mais
coruja ainda.
Se eu tô feliz?!
Sim, tô feliz meu
filho.
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