terça-feira, 8 de outubro de 2013

Já fui celebridade


Semana passada mexendo na minha caixa de recordação, como de  costume abri uma das minhas agendas, espécie de diário da época onde registrávamos a vida, segredos e tudo que você pode imaginar.
Abri num dia aleatório e li o que estava escrito.
Exatamente como a gente faz com aqueles livrinhos de sorte e azar.
Sorte minha ter essas agendas para me matar de rir do passado, e até chorar de tudo que existencialmente vivi enquanto era adolescente.
Minha surpresa foi que no dia que abri a agenda, contava sobre um show do Information Society, que eu tinha ido no Ibirapuera com uma amiga do colégio, a Letícia Pina.
A história é boa, mas, o melhor é sermos amigas até hoje. 
Ir no show com uma amiga pra se divertir ok, tudo bem, nada de mais. Se não fosse um grupo de meninas e meninos do interior acharem que eu era uma paquita.
Nessa época a Xuxa estava em alta, e apesar de não ser mais criança, havia uma babação de ovo geral por ela.
Quase todas as meninas tinham esse desejo inconsciente ou descarado de ser uma paquita.
A gente tinha fetiche pela roupa, pela bota branca, e aquele cabelo cortado.
Cabelo cortado era: Uma franja e um repicado dos lados.
Essa foi a questão. Eu tinha o cabelo castanho aloirado, e cortado exatamente igual ao cabelo das paquitas. Acho que o biotipo também era parecido, baixinha, magra e cara de menina. Afinal, eu era uma menina de 14 anos. 
Estava no show aguardado o começo quando fui surpreendida por uma menina que me olhava e cochichava com outras meninas. Ela veio até onde eu estava e me disse: Você é paquita né?! Me dá um autógrafo?
Eu imediatamente disse: Claro com o maior prazer.
E assim super incorporei a Pituxa paquita da Xuxa e dei alguns autógrafos.
Minha amiga não acreditou na minha capacidade de ser paquita. 
Fui simpática, querida, gentil... lógico! eu não era paquita todo dia, então, foi moleza.
Abusei da fama de minuto e me joguei! Dei tchau, fiz charme, me fiz de famosa na cara de pau. 
Não era absolutamente nada de mais ser paquita, mas, para uma menina de 14 anos perto de outras da mesma idade era quase ser uma Pop Star.
Até o segurança do show apostou tudo que eu era paquita.
Vou contar é impressionante o que essa fama minuto causa na vaidade e auto estima de uma menina.
Imagina eu adolescente, com o ego nas estrelas chegando no colégio na segunda feira. Pois é, apesar de ninguém saber do fato, apenas a minha amiga, eu cheguei me achando mais que musa do verão, Miss Brasil ou garota capa da Capricho (Revista super popular na época)
Minha fama durou pouco. Foi quase um cometa de tão rápida, mas, valeu pela graça.
Nunca quis ser famosa, ou melhor nunca quis esse palco. Sempre fez mais minha cabeça ficar atrás do palco. 
Sempre gostei mais de criar o personagem, do que ser o personagem.
Mas, muitas vezes isso de ser o personagem ou de criar o personagem se confundem e se fundem em mim.
Acho que em todos na verdade.
Hoje mais madura, bem mais eu diria, e penso eu que não mais parecida com uma paquita, se eu fosse num show e alguém me pedisse um autógrafo por achar que eu era alguém famosa, possivelmente eu daria.
Mas, assinaria: Um beijo Marcela Moretto. 
E por uma única razão, na minha vida a artista sou eu.
Eu que brinco, que me faço rir, chorar, que conto piada, eu que ganho Oscar por fazer o papel que eu mais gosto de fazer, eu mesma.
Sou eu que vou perder o rebolado e o papel principal se eu deixar de ser eu mesma.
Se passar por outra pessoa sem ser ela de fato, é falsidade ideológica criminalmente falando.
Mas, deixar de ser si mesma é crime inafiançável, nem todo dinheiro do mundo pagam os danos morais e emocionais. É das piores coisas que alguém pode fazer. E o pior, fazer com ela mesma.
Brincar de ser famosa por uma noite sem lesar ninguém e nem a si mesmo, não é crime é pura molecagem.
Eu adorei ser paquita por uma noite. Mas, hoje vivo no anonimato feliz de ser a Marcela.
Ah! gente ninguém é de ferro vai.

2 comentários:

Christian Holzmeister at: 8 de outubro de 2013 às 13:22 disse...

Nós meninos lembrávamos das paquitas também...

Por isto acho ótimo, você ainda hoje ser a nossa Pituxa da SELJ...

Memso hoje, quem conhecia as Paquitas, tem algo a ver sim...

Marcela Moretto at: 9 de outubro de 2013 às 09:38 disse...

Obrigada por ler e comentar Christian
Acho que posso considerar um elogio ser até hoje parecida com uma paquita?! rs

Beijo

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Uma mulher, uma menina, uma criança...tentando aprender.