terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Era uma vez um panetone


Há alguns anos atrás minha irmã me contou um conto muito bom. Aconteceu com um amigo dela, o Rafa. Chegada a vésperas do Natal o Rafa ganhou de presente da empresa que trabalhava um panetone da Kopenhagen. Panetone luxo! Panetone caro!   
Levou para casa e esperava abrir o panetone na noite de Natal. Mas, ocorre que dias antes do Natal passou na porta da sua casa um senhor da carrocinha e pediu qualquer coisa que pudessem dar. Sua vózinha portuguesa pegou o panetone e deu para o senhor.
Quando chegou o dia do Natal, o amigo da minha irmã procurou pelo panetone, perguntou para sua mãe, para a empregada onde estava o panetone? Ninguém sabia, tinha sumido. Foi quando ele resolveu perguntar para sua vó, que prontamente respondeu que havia passado o homem da carrocinha e ela tinha dado para ele.
O Rafa ficou louco e bravo! Falou: "Como assim vó, você deu o panetone da Kopenhagen?!" Ela na sua mais alta sabedoria portuguesa respondeu dei, nem era Bauducco. (risos, risos, risos). 
Eu adoro essa história! Porque para vózinha do Rafa Bauducco é o melhor panetone, pra mim também é. Mas, a moral dessa histórinha de família, é a seguinte só a gente sabe o valor que as coisas tem pra gente.
Valorizar algo é muito pessoal, assim como gostar.Talvez a vó do Rafa não conhecesse o panetone da Kopenhagen, talvez o senhor da carrocinha também não. Mas, fica claro que nem tudo que é caro é o melhor, nem tudo que nos custa muito é bom.
Ela deu de boa ação, e o senhor recebeu de bom grado. Nem um nem o outro ficou reparando se o panetone era caro, ou coisa parecida.
A ação de dar e receber no Natal se potencializa, quase todos querem presentear, e também ser presenteados.
Tirando alguns presentes mico de amigo secreto, como um sabonete pintado a mão Lux Luxo cheio de glitter e lantejoulas que eu ganhei na 4ª série, fiquei tão traumatizada que passei a pedir sempre de amigo secreto uma camiseta Hering branca! Era isso, bem básica e com zero possibilidade de dar errado.Tirando isso e alguns outros "presentes" ganhar presente é muito bom.
Nos sentimos prestigiados, especiais, queridos. Até quando alguém te dá um presente com a seguinte legenda "achei a sua cara" que da sua cara não tem nada, a gente devia se sentir feliz porque é desse jeito que a pessoa te vê. Será que alguém me vê como um sabonete pintado a mão, com glitter e lantejoulas?! Retiro o que eu disse, você não precisa ficar feliz não.
Mas, é incontestável a alegria de ganhar alguma coisa que gostamos.Um presente é um presente. E presente não é dinheiro, não é vale presente, não é pedir para outra pessoa comprar. Presente é se preocupar em fazer um afago, dar um mimo simples mas significativo. Eu já dei um lápis, para um amigo que coleciona lápis, sei que no meio de todos os lápis que ele tem, o que eu dei é importante.
E por que seria importante se é apenas mais um lápis? Porque tem valor agregado. Tem o sentimento do carinho envolvido, que diz: "Olha eu gosto de você" ,"olha eu me importo com o que você gosta". 
Presentear também é muito bom, dá uma alegria na alma, um brilho no olhar cintilante. Você nunca reparou? Então comece a notar.
Esse ano quase não comprei presentes, grana curta e contas e mais contas para pagar.
Mas, fiz uma sacolinha para uma senhorinha do Abrigo Frederico Ozonam, onde minha amiga Aline presta serviço voluntário. Escolhi dentro duma lista a senhora Maria de Nazaré, foi aleatoriamente mas, queria ter com ela alguma conexão, então escolhi alguém do meu signo. Ela faz aniversário dia 24/02 é pisciana. 
Fiquei pensando que podia ser eu daqui uns anos, pensei na noite de natal dela, de como tudo seria. Fui pro shopping escolher as coisinhas da sacolinha. Comprei uma roupa, uma sapatilha, um chinelo de quarto, um conjunto de lingerie, um conjunto com sabonetes de lavanda e dei o melhor de mim, as minhas palavras, escrevi um cartão.
Se é difícil presentear alguém que a gente conhece imagina alguém que você nunca viu. Eu ficava perguntando pra mim mesma, será que ela vai gostar disso? Será que ela gosta de lavanda como eu? Quando vi o chinelo de quarto pensei bom depois dela tomar um banho gostoso a noite, vai colocar sua camisola e um chinelo gostoso. Vocês não imaginam! Mas, eu criei um personagem adorável na minha cabeça, queria dar forma para essa pessoa.
E eu como boa pisciana, dei forma, personalidade, sentimentos, frustrações e tudo mais. Eu queria valorizar ao máximo mesmo sem conhecer essa senhora.
Esse foi sem dúvida o presente que mais gostei de dar, foi o que mais me deu prazer de fazer nesse Natal. Sem ser hipócrita, foi a D. Maria de Nazaré que salvou da forca o espírito de Natal na minha vida esse ano.
Essa data do natal tem seu peso em mim, não sou apaixonada pela data, e faz anos que busco uma razão maior.
Claro que não precisamos do Natal para fazer uma sacolinha, uma visita, dar um abraço sincero, mas, precisamos acreditar no bem que isso faz.
Eu de verdade espero que a D. Maria de Nazaré goste do cartão, do resto ela pode até nem gostar, mas, espero que tudo que eu escrevi tirem um bom sorriso dela, e mais que isso faça ela se sentir especial.
Porque esse é o melhor presente ser especial para alguém. Não cair no esquecimento.Não ser lembrada por obrigação, mas, por gratidão.
Não tenho qualquer vínculo afetivo com a D.Maria de Nazaré, ou melhor não tinha. Porque nesse Natal meu sentimento de "Noite Feliz" com direito a rosa dada pelo Roberto Carlos no especial de Natal vai todo pra ela.
A gente pode gostar de Kopenhagen, ou de Bauducco, ou nem gostar de panetone, e isso se estende ao Natal também, mas, o que a gente não pode nunca deixar de gostar é de fazer o bem, isso nada tem a ver com religião, com comércio, com especial de natal, com o carrão que vai ser sorteado no shopping. Isso tem a ver comigo, com a Vózinha portuguesa, com o senhor da carrocinha, com a D. Maria de Nazaré. 
Gente da melhor espécie que merece o presente de dar e receber amor. Feliz Natal pessoal!
sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Florais da gentileza


Você já ouviu falar em Florais de Bach? Então, Florais de Bach foi desenvolvido pelo Dr.Edward Bach, um médico britânico. São essências florais, um “preparado natural, geralmente elaborado a partir de flores maduras, plantas ou ainda arbustos ao qual se agrega brandy ou álcool natural como conservante”. Há muitos anos e por muitas pessoas é usado como terapia complementar, medicina alternativa na ajuda contra depressão, ansiedade, agressividade, insônia, apetite, circulação, digestão, e mil e outras situações. Tem pra tudo, ou quase tudo, e até cachorro toma floral hoje em dia.
Eu tenho uma alma meio esotérica e holística porque sou pisciana, mas, por incrível que pareça nunca tomei floral. E por mais incrível que pareça ainda eu acredito que faça bem. Não que para tomar floral você precise ser pisciano, ou alternativo, mas, você precisa ao menos simpatizar com o assunto.
Caso você seja cético, pragmático, e acredite somente na medicina alopata creio  que o caminho da homeopatia não vai te agradar muito. E por um único motivo, você precisa acreditar que as tais gotinhas vão te ajudar, vão te curar ou pelo menos minimizar sintomas. Claro que tem a parada toda científica no meio e os estudos, mas, eu penso que é muito mais uma melhora emocional que interfere no físico que qualquer outra coisa.
Falo tudo isso não porque estou vendendo floral e quero te convencer de algo, mas, porque no nosso dia a dia temos essas gotinhas muitas vezes de outras maneiras.
No meu caso eu costumo "usar" 3 gotinhas por dia que me ajudam e muito a ter um dia melhor e a dar um “up”. Essas 3 gotinhas de uma forma muito simples me conectam com coisas boas e positivas.
São elas: o borracheiro, o bilhetinho do  senhorzinho da rua e o fiscal do ônibus da linha 2100.
Calma! Não é o que você está pensando.  
Explico. 
Todos os dias pelo meu caminho a pé passo por uma borracharia e todos os dias o borracheiro educadamente faça chuva, ou faça sol me diz bom dia.
Outro dia andando a pé pela rua de casa, encontrei um senhor bem vestido, alegre com uns papeizinhos na mão. 
Ele me parou e disse: Moça boa tarde posso te dar 3 palavras? E me entregou um papel com as palavras: Paz, harmonia e tranquilidade. E complementou pense nessas 3 palavras sempre; deseje que elas estejam em você e na sua vida. E continuou andando pela rua e entregando para os escolhidos seus bilhetinhos com as palavras.
E quando venho trabalhar, ao voltar pra casa, na fila do ônibus, tem um moço o fiscal da linha 2100, que toda vez que subimos no ônibus diz: Pessoal, boa tarde e boa viagem.
Essas são minhas 3 gotinhas que uso como se fossem florais e me fazem bem. Essas 3 situações ridiculamente simples me causam um conforto e bem estar imenso. 
Por que? Porque eu acredito que vou ter um bom dia quando o borracheiro me deseja isso, porque eu leio todos os dias o bilhetinho com as 3 palavras que o senhorzinho me deu e acredito nelas, por que acredito que voltar para casa mesmo num ônibus apertado, que as vezes quebra é uma boa viagem, porque vou voltar para meu porto seguro, para meus filhos, para o meu canto depois de um dia produtivo e cansativo de trabalho.
Assim como os florais, a homeopatia, todos os dias é sagrado, precisamos ter pequenas doses de gentileza, carinho, alegria, atenção e educação. 
É quase vital para todo ser vivo ser tratado e se tratar com gentileza. São nas pequenas coisas, nos minúsculos pensamentos que grandes coisas acontecem.
Essas miudezas se alastram de tal forma que se a gente permitir tomam conta da vida e a fazem mais leve e gostosa. Meio vida FIT, linda, leve, saudável e feliz.     
Se não resolvem tudo, melhoram sintomas desagradáveis. 
Não deveria ser algo sobrenatural, mas, natural. Contudo nós, brasileiros não estamos tão acostumados a essas coisas, e diga-se de passagem soa até esnobe ter um pouco a mais de educação e bons modos.
Pra uns pior que isso é ver essas pequenas coisas como florais que você toma todos os dias como “remédio” para ficar bem, parece sem dúvida desequilíbrio, insanidade mental.
Paciência. Não vejo assim. De médico e louco todo mundo tem um pouco como diz o dito popular e cada um se medica como lhe convém.
E se mal não faz, que possamos buscar diariamente aquilo que nos faça melhor. Seja numa leitura, numa conversa de amigas, na troca de gentilezas, no cuidar da nossa casa, do nosso arredor e de quem está com a gente.
Tenho certeza que esses “remédios” naturais curam boa parte da nossa artificialidade cotidiana. 
Andamos doentes. Nossa maior doença epidêmica é se comportar como a grande maioria sem perceber ou até de propósito. Vamos no embalão, e ai é ladeira a baixo.
Não sou doutora de nada para prescrever nada para ninguém, mas, sabe aquele unguento caseiro que passa de vó, pra mãe, pra tia que passa pra todo mundo,  que cura ferida, corta febre e faz andar? Pois é, é disso que eu estou falando. Esses florais da gentileza são mais ou menos isso.    
Se você é da minha turma, daqueles que acreditam que basta crer pra ver acontecer, dobre a dose diária, preste atenção a sua volta e faça a sua parte em dobro também. Espalhe gentileza. Engula gentileza. Respire gentileza. Veja gentileza.
Se você não é dessa turma, dê uma chance para os florais da gentileza, eles são milagrosos, mudam humor, estado de espírito, e fazem pessoas mais felizes. Aposto que mais feliz todo mundo quer ser e não tem contra indicação nem efeitos colaterais né. 

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Que beleza de projeto, que beleza de menina



Há umas duas semanas estive no cabeleireiro para fazer meu cabelo. Justo naquele dia havia acordado pra baixo. Não sou de tristeza e tão pouco me deixo abater, mas, naquele dia estava “down”.

Melhor opção ir pro cabeleireiro, ou melhor Hair Stylist, nada como um bom corte e uma boa escova pra dar uma animada. Chegando lá após me sentar e explicar para o Júnior (Hair Stylist) como queria cortar e fazer as mechas, ele começou a trabalhar.

Imediatamente para ajuda-lo chegou sua assistente Jamile. Para minha surpresa ela era Down. Não down para baixo, mas, portadora da Síndrome de Down.

Desse instante até o término das quatro horas e trinta minutos que passei sentada fazendo o cabelo observei a Jamile.

Jamile é uma moça de fato especial. Ela é rápida, assimila tudo, é organizada, é  proativa, educada, segura, calma.

Faz suas tarefas totalmente comprometida e absorvida com aquilo. Fiquei impressionada. Não estava no celular, não fica de papo furado, ela é focada.

Nunca havia estado diretamente em contato com alguém portador da Síndrome de Down e vi como os meus olhos, eles são absolutamente normais.

Notei uma alegria espontânea na Jamile, que apesar da postura atenta e séria, trabalhou o tempo todo satisfeita e feliz com o que estava fazendo. Raro isso. Quantos de nós ultimamente anda satisfeito com seu trabalho, seu ofício? Ou quantos de nós está comprometido, absorvido e feliz com o que está fazendo para ganhar dinheiro?

Não consegui me conter e nem deixar minha curiosidade de lado, e perguntei pro Júnior como a Jamile havia ido parar no salão.

Ai ele me contou. Disse que uma cliente havia ligado para ele e perguntado se o quadro de funcionários do salão estava completo, porque ela tinha uma amiga, que tinha uma filha que queria muito ser cabeleireira e precisava de uma oportunidade. Ele respondeu que no momento estava com todo quadro de funcionários preenchido, infelizmente. Mas, ela insistiu. E ele quis saber qual era a questão. Sua cliente então falou que a moça era portadora de Down, que ele não precisava pagar o salário dela, pois, ela era custeada pela Empresa Italiana de cosméticos Alfaparf, que mantinha um projeto com curso e treinamento para ajudar jovens com Síndrome de Down. O Júnior não viu nenhuma objeção, apenas salientou que não sabia lidar com uma pessoa que tinha Down, porque nunca tinha tido contado direto com uma, mas, marcou a entrevista.

No dia seguinte no horário combinado compareceu á entrevista, a Jamile, sua mãe e uma Assistente Social.  

Quando o Júnior perguntou para Assistente Social  como a Jamile deveria ser tratada ela respondeu, normal, como você trataria qualquer outra pessoa.

Nesse momento o Júnior disse que ela poderia começar a trabalhar lá. A Jamile prontamente o agradeceu e disse para ele, você vai se surpreender comigo.

Ele me confessou que ficou se perguntando como isso poderia acontecer.

Bom fazem 3 meses que ele é surpreendido positivamente e diariamente pela Jamile.

Que bastou ele explicar uma única vez como as coisas funcionavam no salão para que ela fizesse tudo com muito empenho, perfeição e de forma organizada.

Nem preciso dizer que estava loira, de escova no cabelo, e chorando. Mas foi um choro de felicidade e gratidão por saber dessa história e de ter a oportunidade de conhecer a Jamile.

Pedi a permissão do Júnior para contar essa história aqui no blog. Queria que todos que conhecem os meus textos tivessem a oportunidade de conhecer o projeto da Alfaparf, o Júnior e a Jamile.

Com relação ao projeto tenho a dizer que é maravilhoso ver uma empresa mesmo que não brasileira, acreditando, cuidando desses jovens tão talentosos que precisam de uma oportunidade para mostrar do que são capazes. E olha eles são muito capazes. Do Júnior só posso dizer que ele é uma cara muito do bem, e tem meu profundo respeito, por ter aberto as portas da sua empresa e o fez de braços abertos e sem ressalvas pela causa e pela Jamile. Ele é um super profissional que em momento algum pensou ou teve a indecente ideia que isso pudesse prejudica-lo ou diminuir o prestigio do seu  salão.

Agora a estrela mesmo do texto é ela, a Jamile. Essa moça encantadora que me deu um tapa de luva de pelica dizendo pra mim com todas as suas atitudes que ela acredita na vida e nela. Que não é porque ela tem Síndrome de Down que ela precisa ficar sentada em frente a TV esperando a vida passar e acabar. Que ela não precisa der bajulada ou adulada ela só quer ser tratada com respeito como qualquer pessoa normal ou especial.

Ela quer com todas as suas forças e algumas limitações deixar sua marca na vida.

Geneticamente falando o número de cromossomos presente nas células de uma pessoa é 46 (23 do pai e 23 da mãe), dispondo em pares, somando 23 pares. No caso da Síndrome de Down há um erro de distribuição e, ao invés de 46, as células recebem 47 cromossomos e este cromossomo a mais se liga ao par 21.

Eu sou leiga no assunto, e lamento profundamente por isso, porque nos tornamos arrogantes e ignorantes a medida que o problema não é nosso. Tenho certeza que se eu tivesse um filho, irmão, amigo Down eu saberia que eles são normais, que eles podem ter uma vida normal. Óbvio que os cuidados existem, claro que existe uma liberdade vigiada, mas isso não deve e nem pode ser um entrave pra se ter uma vida com sonhos, objetivos, amigos, amores.

De uma forma lúdica alguns pais de filhos Down e algumas pessoas dizem que esse cromossomo a mais é o do amor.

Não sou geneticista mas arrisco a dizer que sim é o cromossomo do AMOR.

Esse amor que lateja neles por cada tarefa simples executada, pelas pessoas a sua volta, pela alegria de compartilhar suas conquistas, esse amor que os torna inocentes, despretensiosos, felizes por qualquer razão. Esse amor fiel as suas vontades imediatas sem medo das consequências. Esse amor tão confiante e inesgotável que existe dentro deles.

Claro que quem tem esse cromossomo a mais, o cromossomo do amor, precisa ser diferente. Precisa ter o rosto, o corpo, os olhos, as mãos, os cabelos, o sorriso diferente, e talvez seja por isso que eles tenham suas próprias características e se tornem reconhecíveis a qualquer um. São especiais. E normais.   
Pra você que acredita no amor,  assim como eu, eu digo acredite nessas pessoas elas são incríveis e vão te surpreender.
sexta-feira, 31 de julho de 2015

E aí tá faltando alguma coisa?


De novo e aí tá faltando alguma coisa? A pergunta é logo no começo do texto que é pra você pensar no que está faltando lá no final.
Sempre me pergunto se os bichos, cão, gato, papagaio, passarinho, tartaruga...estão satisfeitos com a vida.
Porque se tem nessa terra bicho insatisfeito, é o bicho homem.
Ao contrário dos bichos que aparentemente se contentam com suas vidas, nós somos seres vivos, seres humanos com vontade própria para sermos insatisfeitos.
Pode perguntar, faça o teste,  pergunte para si mesmo, ou para outra pessoa, tem sempre algo, alguma coisa ou alguém faltando  para a felicidade plena e total.
Dificilmente não falta nada.
E até se poeticamente, por gratidão, por conveniência, por resignação, ou por roteiro, ela, ou você disser que não falta nada, eu vou achar que nesse caso está faltando a verdade.
Ok. Tudo bem, pode ser mesmo que nada esteja faltando, pode ser que essa pessoa, ou você, esteja satisfeito com a vida, com seu trabalho, corpo, relação afetiva, com tudo que tem e onde chegou, acho bom! Acho ótimo!
Mas, no fundo sempre falta. Falta tempo, falta espaço, falta ler um livro, falta fazer uma viagem, falta ser promovido, falta ter um filho, falta fazer a pós, falta falar inglês, falta casar, falta esquecer o ex, falta jogar tudo pro alto e viver como se sonha. Falta muito essa que é a verdade.
Penso que falta querer menos, e assim mesmo ser mais.
“Não é preciso ter tudo para ter muito” li isso dia desses e concordo profundamente.
Quando queremos menos, esperamos menos, somos mais completos de alguma forma.  E isso não é papo de Buda. É fato.
Mas, falta coragem para dizer não pro consumismo mundial, pro exibicionismo pessoal, pro buraco que a gente quer sempre tampar pra não cair.
É assim, a gente vem pra essa terra pra encontrar o que está faltando.  Na gente, nos outros, na vida, no nosso caminho.
A vida se resume a uma busca pelo “x” que determina onde o tesouro está enterrado. E muitas vezes o tesouro está enterrado de baixo dos nossos pés. Bem assim, bem clichêzão mesmo.
O “x” está do nosso lado, à volta de todos que amamos, das coisas incompletas que cultivamos, está junto de nós.
Perceba que quando nossa vida está redonda, tudo no lugar certo, no tempo perfeito até nos segundos, tudo, exatamente tudo como a gente quer, a gente pega um trânsito e muitas vezes ao invés de curtir a música do rádio, a gente começa a pensar no que está faltando.
Pronto! Está feita a desgraça! A cabeça pira, vem uma avalanche de sentimento  e um vazio, porque falta alguma coisa. Loucamente normal.
Ò meu Deus o que precisamos para aceitar que talvez hipoteticamente não falte nada? Que está tudo beleza?!
Do que falta, tempo pode ser a resposta de muita gente e amor também.
Mas, não vamos focar em todas as faltas, vamos priorizar e aceitar que dá para viver com alguma falta. Que isso é perfeitamente aceitável.
Claro que tudo não dá pra ter e tudo também não pode faltar, porque aí fica difícil seguir.
E nesse momento vem a fé, e não falo aqui de religião para não agradar uns e desagradar outros, mas, dessa coisa muito forte e motivadora que nos move e nos ajuda a não desistir do que já temos.
E tem coisa mais importante do que aquilo que já temos? Seja um carro velho, os amigos desajustados, a família maluca, o emprego chato,  o conhecimento medíocre e pessoal, o amor correspondido do jeito mais imbecil, a casa que precisa de pintura, qualquer coisa que temos é nosso. E é muito, muito valioso.
Mas, como disse anteriormente somos seres humanos com vontade própria para sermos insatisfeitos, e talvez de proposito somos assim, para não parar, para olhar adiante e continuar.
Normalmente em algum tempo da vida, ou mais no final dela, já não estamos assim tão exigentes, e quase não falta mais nada.  Justamente nesse tempo e por não faltar mais quase nada, adoecemos.
Vamos definhando nossos sonhos, nossas vontades em algum canto dentro de nós e morremos.
Então, essa falta que nos persegue a vida toda , não é assim tão ruim.
Ela nos ajuda a viver. Ela faz aquele pontilhado na vida que se você seguir e completar, lá no final vai formar um desenho, uma história bonita pra contar. A minha, a sua história de vida.
Eu não sei o que está faltando na sua vida, na minha faltam algumas coisas. E eu sou feliz com isso. Eu torço para sempre faltar o suficiente para eu continuar e o insuficiente para determinar que eu pare.
Que a falta seja justa e equilibrada, na dose certa e exata conforme merecimento.
Simples e bem complicado, como é e tem que ser. Afinal, isso é viver.
quinta-feira, 7 de maio de 2015

Estou amando uma menina


Ufa! O ano começou. Notícia atrasada essa, afinal, o ano já começou há 4 meses.Vida de mãe é assim, tanta correria, tanta rotina, tanto por fazer que a gente não vê o tempo passar. Ou melhor, a gente só vê o tempo passar, voando, correndo, acelerado e parece que estamos sempre atrasadas, com uma lista imensa de coisas pra fazer.
Esse é o primeiro texto do ano, e não que eu não tivesse tido vontade e assunto para escrever antes, mas, fiquei totalmente imersa na chegada da Luana, minha filha.
No começo do ano os dias foram dedicados aos últimos preparativos para seu nascimento. Depois tive que diminuir o ritmo pois, estava exausta e ansiosa. Enfim, ela chegou! Com data, local e hora marcada. Segunda-feira, dia 09/02/2015 ás 18:16hs. na maternidade Pró Matre de cesariana nasceu minha Luana.
Foi uma festa! Uma linda, emocionante e feliz festa. Foram muitas visitas, presentes, carinho. Ela foi muito esperada por todos.
O Ufa! aqui de cima, também é de alívio por tudo ter sido tranquilo e ter acabado bem como esperávamos.
Cabeça de mulher não pára de pensar um segundo, imagina de mulher grávida! São 7.312 pensamentos compulsivos agitados por dia (número fictício apenas para ilustrar o fato, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência ou não). Se você já achou meio paranoico esse número imagina todas as minhocas, grilos e pulgas associados a ele. Sim, a gente pira!
Damos graças à Deus quando o bebê nasce bem, saudável e todos podemos ir para casa depois de 3 dias.
Bom, o ano começou, logo em seguida ela nasceu e a vida mudou. A vida mudou e ponto final é só modo de dizer, isso não significa que as coisas acabaram. Ao contrário ai que tudo começou. 
Mãe e bebê precisam de rotina. Precisa ter horários, organização.Um bebê se desenvolve melhor quando logo nos primeiros dias se estabelece uma rotina. Isso o deixa seguro e calmo. No começo qualquer mudança é um pequeno stress, o ideal é que tudo seja igual para que ele se acostume a nova vida e entenda limites.
É cansativo. Muito eu diria. Dorme-se pouco e no geral somos solicitadas 24hs. sem intervalo de segurança.
O bebê até pode ser cuidado por outras pessoas que querem ajudar, mas, o bebê quer a mãe. É a mãe que alimenta, acalma, que exala um cheiro que da segurança, que decifra o choro. É a voz conhecida, e o calor que protege.
Então, por um bom tempo somos mais mãe do que mulher. E isso é diferente.
Não é raro ver mães mais preocupadas em arrumar, alimentar, fazer dormir seus filhos do que si mesmas.
É uma fase que temos super poderes. É tanta força, é tanta disposição mesmo com sono horas atrasado e muito cansadas pela demanda exigida.
Comigo não é diferente. Não foi há 16 anos atrás com o Arthur e não está sendo agora com a Luana.
Mas, não posso reclamar, ela é um bebê calmo. Come bem, dorme bem, consigo descansar e repor as energias. Mas, não me faltam espelhos pra mostrar o quanto estou cansada. Bebê é igual sol, tem efeito cumulativo. Um cansa o outro envelhece.
Demora um tempo considerável para o filho ser menos dependente e deixar de nos solicitar tanto. Talvez uns 30 anos ou a vida inteira em alguns casos. 
Brincadeira à parte é cada vez mais precoce a iniciativa de estimular nossos filhos a serem grandes por eles mesmos.
Tudo a seu tempo, mas, isso é bom e saudável. A longo prazo, na fase adulta, isso tem consequências positivas.
Eu não quero filhos adultos dependentes de mim para resolver seus problemas. Sou apoio, sou ajuda, mas, eles é que tem que achar a solução.
Esse vai ser o primeiro dia das mães como mãe da Luana, e posso dizer tem sido grandiosa essa experiência de ser a mãe dela.
Ela nem faz ideia, mas, já faço planos, já tenho mil preocupações, já sonho com os primeiros passos e palavras, já quero trocar segredos, já não quero que ela tenha cólica, já fico ansiosa por vê-la mulher feita. E bem feita.
Eu estou feliz e isso tem a ver com a Luana. Tem a ver com essa função mãe, tem a ver com esse universo todo especial, todo inteiro de amor, todo rodeado de entrega.
Esse ano algumas amigas também serão mães. Umas esperavam muito por isso, outras foi no susto.De qualquer forma vai ser maravilhoso para todas e todas serão outras mulheres depois disso.
Foi como eu disse dia desses...nenhuma mudança de vida é tão legítima quanto ter um filho. Tudo muda. O olhar, o dormir, o cuidar, o dar, o ser, o fazer, o sentir. E tudo isso muda por causa do amar.
E se a vida muda por causa do amar, mudamos também.
Onde tem muito amor, mudamos para melhor, onde tem pouco amor mudamos para pior.É incrível a capacidade de transformação desse sentimento.
Todas as noites quando coloco a Luana para dormir, penso como Deus foi generoso em permitir essa troca, essa relação de afeto.
E virou um hábito pedir à Deus que dê um bebê a toda mulher que quer ser mãe. É uma obrigação dele atender esse desejo. É muito cruel nesse caso querer e não poder.
Esse é meu pedido de dia das mães, que o mundo tenha mais mães.
Que o mundo tenha mais mulheres geradoras de carinho, de cuidados, de coragem e proteção.
Que muitas mulheres e porque não todas que desejam sejam mães. Mães biológicas, mães adotivas, que todas tenham seus filhos amados. Seja de parto normal, natural, cesariana ou por escolha e opção. Seja para dar o peito, ou a mamadeira.
Seja para ter um pai, ou ser mãe solteira. Seja com hora marcada ou a qualquer momento depois que a bolsa estourar.
Seja para sentir dor e depois amor.
Mães! O mundo precisa mais desse ser com caraterísticas tão particulares.
O dia a dia precisa dessa mão de mãe que dá jeito em tudo, mas, do jeito certo e não do jeito Gerson.
Nós somos diferentes. Nem melhores e nem piores, somos mães.Um tipo de gente que dispensa carta de referência. 
Por que? Porque somos excelência em gerar vida por amor, e isso é quase ser Deus.




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