Ando pensando nessa
questão familiar. Fico intrigada com essa coisa de pessoas tão diferentes
fazerem parte da mesma família, do mesmo balaio de gatos.
Comemos o mesmo arroz
com feijão, temos o mesmo tratamento, os mesmos mimos, na maioria das vezes
dormimos de baixo do mesmo teto, pegamos catapora juntos, mas, somos
completamente diferentes.
Não deveria achar isso
estranho, afinal, somos uno, únicos, um. Personalidades singulares e
exclusivas.
Mas, uno também
significa unir. E quando falamos de família, unir apesar de todas as diferenças
faz todo sentido.
Porque com as
diferenças, cada um tem seu papel, sua posição dentro da família.
Não sei se fossemos
inteiros iguais se a convivência, os conflitos, seriam menores, ou pelo menos
evitados.
Disse a jornalista e
escritora portuguesa Dulce Maria Cardoso na mesa “Em família” na FLIP desse ano
que toda família é um poço de problemas. Ela é vidente também?! Porque acertou
em cheio.
Desconsiderando a
brincadeira, ela realmente está certa. A família é sem dúvida um poço muito
fundo de problemas, questões pessoais, questões financeiras e claro questões
emocionais dentro de uma panela de pressão à todo vapor.
Mas, que sentam-se
juntos no domingo para comer a macarronada da Mama. Vai entender tanta
insanidade.
Os problemas não são
compatíveis com o número de pessoas pertencentes à família. Tem ora que três
problemáticos crônicos, pesam mais que dez semi normais.
Mas, por que a família
mesmo com tudo isso ainda hoje é o porto seguro? O amparo na ora de aflição? A boia
de salvação? A alegria no Natal?
Justamente porque como
disse o jornalista e escritor Zuenir Ventura: “A família é como samba: agoniza
mas não morre”. E porque não morre? Por causa do amor que corre nas veias, é o
sangue!
E quase ninguém
consegue ser imune a esse sangue de família. Basta alguém mexer com nosso
irmão, pai, mãe, que a gente vira bicho. Esquecemos todas as diferenças e
vestimos a camisa “Família futebol club” e vamos para o ataque. Nessa questão
somos todos da família Corleone uma máfia só!
Quando permanecemos juntos,
apesar de toda gritaria, de todos os ânimos exaltados, parece melhor e mais
fácil.
Temos a nossa família e
a família do parceiro, aquele que escolhemos para juntos formar outra família.
Jesus! realmente é muita
família pra administrar, e muita água pra botar no feijão.
Depois que escolhemos
alguém pode não dar certo, ai rompe-se uma família e quase sempre outras se
constroem.
É o meu caso. O caso do
meu filho. Ele tem a minha família, a família do pai, e da esposa do pai, para
aceitar, conviver e gostar.
Por incrível que pareça
e confesso nos consideramos todos abençoados por um milagre divino nos damos todos
muito bem.
Somos civilizados,
sinceros, e amigos. O meu filho ganha muito com isso. É um garoto tranquilo, equilibrado,
se sente profundamente amado e num ambiente seguro.
Essa é outra questão,
ás vezes a vida te coloca pra jogar em outro time, mas, quando você tem filho o
jogo não acaba nunca. Ao contrário os filhos são a nossa melhor e mais
importante partida.
É por esse jogo que a
gente continua mesmo machucados e com algumas cicatrizes. E por eles a gente
sempre joga como se fosse um clássico, um São Paulo X Corinthians no Morumbi lotado com toda garra, disposição e sem
amarelar.
Quantas vezes nos
perguntamos jura que esse fardo é meu? Sugiro também se perguntar se somos um
fardo para eles. Que não nos ouçam mas, somos intratáveis alguns dias da
semana. Normal quem não é.
Quantas vezes ao longo
da vida e dessa desgastante convivência não queremos sumir, abdicar dessa
família e morar numa ilha sozinhos?
Mas, basta sua mãe não
te ligar, basta sua irmã esquecer de te chamar pra ir naquela festa, basta te
darem um gelo, que pronto! a gente se sente abandonado, órfão e infeliz.
Eu concordo família é
um grande, imenso e insolúvel problema. Um problema que no fundo amamos ter.
Eu compactuo da filosofia
espírita que diz que escolhemos pai, mãe, irmãos. Essa gente chata, mala, e
maluca que tanto amamos foi escolhida por nós para nessa vida caminharmos
juntos.
Então, se não foi atoa,
se existe uma razão maior, que assim seja! Que sejamos família, sangue do mesmo
sangue, e unidos. Mesmo que isso seja um exercício de paciência, tolerância,
respeito e amor.
Como se diz em qualquer
estádio por ai em time que está ganhando não se mexe, e vou te dizer na minha
opinião a família é um time que ganha mais que perde.
Sendo assim, coloca a caneleira,
levanta o meião, vai pro aquecimento, entra nesse jogo com toda disposição do
mundo e dá o sangue, porque essa é a melhor equipe que você vai ter na
vida pra jogar junto contigo.
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