quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Família futebol club



Ando pensando nessa questão familiar. Fico intrigada com essa coisa de pessoas tão diferentes fazerem parte da mesma família, do mesmo balaio de gatos.
Comemos o mesmo arroz com feijão, temos o mesmo tratamento, os mesmos mimos, na maioria das vezes dormimos de baixo do mesmo teto, pegamos catapora juntos, mas, somos completamente diferentes.
Não deveria achar isso estranho, afinal, somos uno, únicos, um. Personalidades singulares e exclusivas.
Mas, uno também significa unir. E quando falamos de família, unir apesar de todas as diferenças faz todo sentido.
Porque com as diferenças, cada um tem seu papel, sua posição dentro da família.
Não sei se fossemos inteiros iguais se a convivência, os conflitos, seriam menores, ou pelo menos evitados.
Disse a jornalista e escritora portuguesa Dulce Maria Cardoso na mesa “Em família” na FLIP desse ano que toda família é um poço de problemas. Ela é vidente também?! Porque acertou em cheio.
Desconsiderando a brincadeira, ela realmente está certa. A família é sem dúvida um poço muito fundo de problemas, questões pessoais, questões financeiras e claro questões emocionais dentro de uma panela de pressão à todo vapor.
Mas, que sentam-se juntos no domingo para comer a macarronada da Mama. Vai entender tanta insanidade.
Os problemas não são compatíveis com o número de pessoas pertencentes à família. Tem ora que três problemáticos crônicos, pesam mais que dez semi normais.
Mas, por que a família mesmo com tudo isso ainda hoje é o porto seguro? O amparo na ora de aflição? A boia de salvação? A alegria no Natal?
Justamente porque como disse o jornalista e escritor Zuenir Ventura: “A família é como samba: agoniza mas não morre”. E porque não morre? Por causa do amor que corre nas veias, é o sangue!
E quase ninguém consegue ser imune a esse sangue de família. Basta alguém mexer com nosso irmão, pai, mãe, que a gente vira bicho. Esquecemos todas as diferenças e vestimos a camisa “Família futebol club” e vamos para o ataque. Nessa questão somos todos da família Corleone uma máfia só!
Quando permanecemos juntos, apesar de toda gritaria, de todos os ânimos exaltados, parece melhor e mais fácil.
Temos a nossa família e a família do parceiro, aquele que escolhemos para juntos formar outra família.
Jesus! realmente é muita família pra administrar, e muita água pra botar no feijão.
Depois que escolhemos alguém pode não dar certo, ai rompe-se uma família e quase sempre outras se constroem.
É o meu caso. O caso do meu filho. Ele tem a minha família, a família do pai, e da esposa do pai, para aceitar, conviver e gostar.
Por incrível que pareça e confesso nos consideramos todos abençoados por um milagre divino nos damos todos muito bem.
Somos civilizados, sinceros, e amigos. O meu filho ganha muito com isso. É um garoto tranquilo, equilibrado, se sente profundamente amado e num ambiente seguro.
Essa é outra questão, ás vezes a vida te coloca pra jogar em outro time, mas, quando você tem filho o jogo não acaba nunca. Ao contrário os filhos são a nossa melhor e mais importante partida.
É por esse jogo que a gente continua mesmo machucados e com algumas cicatrizes. E por eles a gente sempre joga como se fosse um clássico, um São Paulo X Corinthians no Morumbi  lotado com toda garra, disposição e sem amarelar.
Quantas vezes nos perguntamos jura que esse fardo é meu? Sugiro também se perguntar se somos um fardo para eles. Que não nos ouçam mas, somos intratáveis alguns dias da semana. Normal quem não é.
Quantas vezes ao longo da vida e dessa desgastante convivência não queremos sumir, abdicar dessa família e morar numa ilha sozinhos?
Mas, basta sua mãe não te ligar, basta sua irmã esquecer de te chamar pra ir naquela festa, basta te darem um gelo, que pronto! a gente se sente abandonado, órfão e infeliz.
Eu concordo família é um grande, imenso e insolúvel problema. Um problema que no fundo amamos ter.
Eu compactuo da filosofia espírita que diz que escolhemos pai, mãe, irmãos. Essa gente chata, mala, e maluca que tanto amamos foi escolhida por nós para nessa vida caminharmos juntos.
Então, se não foi atoa, se existe uma razão maior, que assim seja! Que sejamos família, sangue do mesmo sangue, e unidos. Mesmo que isso seja um exercício de paciência, tolerância, respeito e amor.
Como se diz em qualquer estádio por ai em time que está ganhando não se mexe, e vou te dizer na minha opinião a família é um time que ganha mais que perde.
Sendo assim, coloca a caneleira, levanta o meião, vai pro aquecimento, entra nesse jogo com toda disposição do mundo e dá o sangue, porque essa é a melhor equipe que você vai ter na vida pra jogar junto contigo.

0 comentários:

Seguidores

Tecnologia do Blogger.

Marcela Moretto

Marcela Moretto
Uma mulher, uma menina, uma criança...tentando aprender.