sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Profissão: Insatisfeitos




Toda vez que observo meus gatos penso que a natureza é muito generosa com os animais.  Porque na maioria das vezes eles simplesmente só fazem o que querem, ou o que combina com sua natureza.
E tem coisa melhor? Fazer só aquilo que se quer?
Faço meu protesto e digo deveria ser assim com a gente também.
Tenho 2 gatos. O Mucho e a Cléo. Ambos levam uma vida felina de dar inveja à qualquer Garfield. Dormem, comem, brincam, as vezes tomam uma bronca, mas, bastam fazer aquela carinha de dengo que resolvem tudo em segundos. Tá tudo certo.
Tenho escutado com bastante frequência a palavra insatisfação atrelada ao trabalho. Melhor dizendo à opção profissional.
Estamos todos muito cansados das nossas profissões.
Conversando com uma amiga disse da minha antiga vontade de ser advogada. Ela me disse: “Ainda bem que você não escolheu essa carreira”.
Outra ora, outro amigo disse: “Não sei se quero fazer o que faço o resto da minha vida”. Amigas bancárias já exaustas de pressão e cobranças, estão abrindo salão de beleza.
Pois é, também ando me questionando sobre o assunto.
No balanço, na contabilidade do mês, ganhamos dinheiro, pagamos as contas, estamos empregados, porém, estamos ou somos um bando de frustrados, insatisfeitos profissionalmente.
A razão?! Muitas. Cada um tem as suas próprias razões escondidas, e bem escondidas em algum lugar.
Associo à isso a precoce escolha que temos que fazer do caminho à seguir pela vida inteira ou boa parte dela.
Aos 18 anos escolher uma profissão é muito injusto. Porque ainda estamos muito “crus” para fazer qualquer escolha.
Seria mais honesto se pudéssemos viver um pouco a liberdade, experimentar erros e acertos para então definir ser isso ou aquilo.
Graças à Deus, ao menos hoje não somos reféns dos sonhos enterrados dos nossos pais.
Já foi o tempo que tínhamos médicos, advogados, engenheiros, porque os pais queriam. Herança pesada essa.
Ainda bem não nascemos chineses.  Porque na China há pouco tempo atrás existia a obrigação por lei e não só costume de seguir a profissão do pai. Ou seja, nascia em família de sapateiro, sapateiro seria e fim de papo.
Parece que quanto mais trabalhamos com o que não queremos,  não gostamos, mais nos sentimos presos nessa areia movediça.
Temos obrigações. Fato. Não podemos chutar o pau da barraca e do dia pra noite viver de artesanato, ou outra coisa, sei lá.
Ou podemos? Quantas pessoas você conhece que decidiram largar a carreira já sólida e foi viver outra estória?
Eu só conheço uma. A Alessandra Azanha. Uma amiga que era enfermeira competente, e deixou a carreira para ser produtora de shows, eventos. Resultado da troca: é bem sucedida e mais feliz. Fazer o que amamos dá lucro! Pelo menos emocional penso eu.
É muito triste você olhar pra si, e à sua volta e notar todo mundo engolido pelo dia à dia totalmente ou parcialmente apático. E que se permite de vez enquanto abrir a gaveta do sonho, do projeto, e sorrir por 5 minutos imaginando a outra vida que poderia ter.
Eu gosto do que faço.  Sou comprometida com o meu trabalho. Mas, como digo gostar é uma coisa, amar pra casar é outra totalmente diferente.
Sendo assim, acho que casaria com outra profissão. Algo voltado para as pessoas, que tivesse que falar, escrever, talvez jornalismo(sem cuspir no prato que está me alimentando).
Admiro quem não se acha velho nunca pra dar o basta e começar tudo de novo.
Ainda ontem falando com outra pessoa sobre estar cansada, ele aderiu ao cansaço e citou: “Mais valia” e perguntei o que era isso? Ele disse: “o termo famosamente empregado por Karl Marx, à diferença entre o valor da mercadoria produzida e a soma do valor dos meios de produção e do valor do trabalho, que seria a base do lucro no sistema capitalista”. Entendeu?!
No popular hoje estamos pagando muito caro para sermos e termos um lugar ao sol.
Essa questão me aflige quando penso no meu filho. Torço para que ele tenha sorte ao escolher um caminho. E hoje com todas as mudanças, ele tem muito mais à ponderar.
Quem não ouviu o avô dizer profissão "tal" será a profissão do futuro. Quem imaginou que lixo daria dinheiro? Que artesanato de folha de bananeira poderia ser sucesso? Que cozinhar bem seria uma profissão de “status”?
Bom o futuro chegou, e também está por vir.
À nós cabe-nos continuar. Abandonar o barco e seguir nadando pode ser uma alternativa. Mas, precisa de folego, preparo físico, emocional, e muitas vezes do tão desejado patrocínio.
Eu quero daqui um tempo conhecer médicos que viraram economistas. Economistas que viraram advogados. Advogados que viraram publicitários. Publicitários que viraram enfermeiros. Enfermeiros que viraram músicos. Músicos que viraram atletas. Atletas que viraram Administradores de empresa.
E quem sabe uma Administradora de empresa que virou funcionária pública, que virou  uma escritora muita famosa, e que todos por fim viraram pessoas felizes para sempre nas suas profissões.
Ontem após escrever o texto, entrei no facebook  e por causa de um comentário que fiz acabei conhecendo o Giuliano Fava. Um moço muito bacana, que me disse que estuda Gastronomia! Especificamente confeitaria.  Eu que me auto descrevo uma moça de coração açucarado e de desejos melados adorei! Fiquei feliz pra caramba de saber que um garoto de 19 anos está feliz, empolgado e apaixonado pela sua escolha profissional.  Ironia eu ter escrito esse texto minutos antes. Talvez não. Talvez seja a vida mais uma vez me surpreendendo, mostrando que sempre existe o outro lado. Giuliano, à você só desejo um doce caminho. E que de hoje até o fim dos seus dias você seja plenamente realizado profissionalmente. Foi uma doce e feliz surpresa te conhecer.

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Marcela Moretto

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Uma mulher, uma menina, uma criança...tentando aprender.